Hora da verdade

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Estou cansada de fingir ser uma pessoa que não sou, vou dizer tudo o que estou sentindo e o que estou evitando dizer.

O sinal para o almoço, finalmente, fez-se ouvir em meio à multidão de alunos, que já saiam de suas salas e eu suspirei tomando coragem para enfrentar a verdade.

Assim que alcancei a cantina, avistei a todos, o que facilitaria a conversa, pelo menos para eles, porque para mim não seria nada fácil.

– Podemos conversar agora, Mike?

– Eu estava mesmo esperando por isso. – Mike desviou os olhos dos meus e os direcionou ao restante da turma. – Com licença galera, nós já voltamos.

Ele colocou o braço na minha cintura e seguimos para o corredor em um canto qualquer.

– Mike, isso não está dando certo, porque eu não te amo, e não posso continuar fingindo que amo. Não quero me tornar alguém desprezível como a Lily.

– Eu acho que você está querendo isso tarde demais.

– Eu entendo que esteja chateado. Mas, é melhor dizer agora no início do namoro do que dias, meses depois ou até melhor que você descubra por mim que por outra pessoa após ser traído. Você realmente merece alguém melhor que eu.

– Se é o que você quer, peço que me faça um favor: não fique por perto. Não quero continuar alimentando as lembranças que me prendem a você. – Lamentou-se, enquanto suspirava e me olhava de uma forma triste. – Achei que você era diferente Emily. – Finalizou e saiu sem nem ao menos olhar para trás.

– Desculpe, espero que um dia você entenda minha atitude, mesmo estando bravo, e espero que algum dia realmente possamos ser amigos, porque você foi alguém especial para mim. – Sussurrei.

– Sinto que isso não vai acontecer tão cedo, afinal de contas, foi uma traição. – Afirmou, mostrando-me também que havia ouvido. – Outra. – Sussurrou a última parte.

– Tudo bem. Sinto muito... – Suspirei

Voltei para a mesa e pedi para conversar em particular com o Jhonny.

– Jhonny, eu posso conversar com você?

– Pode, claro.

Fomos novamente para aquele corredor.

– Jhonny, eu sinto que preciso te contar a verdade... Mesmo que prefira não acreditar!

– E... – Fez uma pausa, para continuar logo em seguida, vendo o meu olhar perdido. – Qual seria esta verdade?

– Que a Lily mentiu e que nós não somos e nós nunca iremos ser amigas eu odeio quem ela é. Eu a odeio por estar transando com um veterano da faculdade, odeio por ela estar te enganando e odeio a pessoa na qual me tornei.

– Nossa! – Soltou o ar numa lufada só. Até pareceu que era ele quem tinha acabado de soltar a bomba sobre a minha cabeça. – Como assim ela está transando com um cara que está na faculdade? Como você sabe disso e por que resolveu me contar agora? Por que me contou?

– Eu não sei. Tá legal? – Depois de um segundo em silêncio, percebendo que ele não falaria nada, resolvi me virar e me retirar dali. Entretanto, senti uma mão segurando o meu braço e me detendo onde eu estava.

– Olha, desculpa por te pressionar, ok? – Pediu, virando-me para ele. – Eu sei que essa é a coisa menos importante no momento.

– Você tem todo o direito de me perguntar sobre qualquer coisa que quiser saber.

– Eu agradeço que tenha sido compreensiva, mas espero que saiba que você não tem o direito de vir aqui e jogar esse tipo de coisa na minha cara só para estragar o meu namoro.

– Então essa é a única intenção que você acha que eu tenho, Jhonnatan? Mesmo me conhecendo como me conhece? Mesmo dizendo que precisa de mim? Vai se ferrar, seu babaca! – Finalizei, praticamente gritando. Dei as costas para o mesmo e caminhei em direção a qualquer outro lugar, desde que fosse bem longe dali.

– Bela forma de mostrar que realmente está tentando mudar. – Gritou tentando me atingir, mas eu apenas o ignorei.

Fui desolada e perdida em meus pensamentos para a mesa. Evitei todos até o fim da aula. Até Julie que não tinha nada a ver com isso.

Quando eu achava que o dia enfim tinha terminado, ao ouvir o sinal, descobri que estava longe do fim por sentir uma mão me puxando e me parando no meio do corredor. A mão de Jhonny.

– O que você quer?

– Por que você está agindo assim? Por que está evitando todo mundo, e por que saiu daquela forma?

– Eu sou obrigada a agir normalmente perto do cara por quem me apaixonei e que foi o responsável de me acusar? Você é maluco, não é possível.

– Eu não sou maluco.

– Eu disse que estou apaixonada por você e a única coisa que ouviu da frase inteira foi o maluco? – Desvencilho-me do seu aperto e passo a andar de um lado para o outro.

Olhei no fundo de seus olhos e vi muita confusão.

Dei as costas para ele e saí do colégio. Eu só queria chegar sã e salva á minha cama.

Eu disse mesmo que estou apaixonada por ele em voz alta? Que merda eu fiz?

***

Sai do colégio e caminhei até minha casa. Felizmente, ela estava fazia, logo, pude subir até o meu quarto e me jogar na minha cama, sem precisa explicar sobre o motivo de o meu rosto estar inchado assim.

Nem percebi quando foi que cheguei a adormecer.

***

Ouvi um estrondo na minha janela e acordei exasperada. Eu fui ver o que era...

– Jhonny? O que está fazendo na minha casa?

– Vim falar com você... Pensei um pouco e é verdade o que me disse? Sobre estar apaixonada por mim?

– Sim, infelizmente.

– Então me diz, por que você se apaixonou, Emily?

– Amo quando faz aquelas brincadeirinhas infantis ou quando está me olhando no fundo dos meus olhos, amo a sua risada e também quando eu sou o motivo dela, quando estou ao seu lado me esqueço de todos os meus problemas e ao mesmo tempo me sinto confusa. Só tenho certeza de uma coisa e essa coisa é que me apaixonei, em tão pouco tempo, mas me apaixonei e agora estou me sentindo a Julieta do Romeu, se declarando para ele... - Ri nervosa e aguardei uma resposta, mas ela não vinha, alguns minutos de espera e então ele disse em tom baixo, olhando intensamente para mim como que se estivesse com um peso de culpa nas costas e um pesar enorme de arrependimento:

– Não posso fazer isso com a Lily...

– Então por que veio até aqui? Você queria me ver para zombar da minha cara? Que tipo de cara covarde vem á casa de uma garota quando ainda não sabe se a ama? – Suspirei e fechei as minhas mãos em punhos, tentando controlar a minha raiva. – Sabe de uma coisa? Eu não esperava mesmo que você tivesse coragem de fazer alguma coisa, você não consegue, vai lá, só faça um favor a nós dois, me esqueça.

– Não, espera...

– Olha aqui você, espero que um dia sejam muito felizes, contanto que isso seja bem longe de mim. – Conclui firme, batendo a minha janela na sua cara.

Um doce reencontro ( Em revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora