Por um instante eu realmente acredito na ameaça feita através da mensagem. Mas, então volto a mim.
Deve ser só um trote. Ignoro a mensagem e continuo caminhando em direção à mesa dos garotos.
- Como foi o seu primeiro dia? - Pergunta o mesmo garoto que havia feito a brincadeira com Mattweo.
- Achei tudo muito tranquilo. - Matt pisca para mim.
- Você quer dar uma volta?
Talvez eu devesse o conhecer antes de acreditar no que outra pessoa tem a dizer sobre ele, talvez ele não seja este pega todas, como a garota outrora mencionara.
Ultimamente a minha cabeça vem estado cheia de "talvez", de "e se"... deve ser a falta que o Jhonny faz na minha vida...
- Claro.
Matt se ergue e eu o sigo.
Pera lá... para onde meu pensamento está me levando? Eu não acredito que pensei nisso. Falar sobre, é compreensível, já que pode não ser você que tenha tomado a iniciativa sobre determinado assunto. Mas, pensar sobre? Eu preciso tirá-lo da minha cabeça.
- O que você está achando da cidade? - Matt interrompe meu fluxo de pensamentos.
- Eu ainda não fui a muitos lugares.
- Sério? - Assinto com a cabeça, reforçando minha resposta.
- O que acha de mudar isso?
Estanco onde estou e ele vira o pescoço para me olhar.
Eu ainda não tinha tido a chance de vir ao espaço exterior do colégio Strantford. Não sabia que o lugar era tão bonito. Duas grandes quadras com uma grama intensamente verde, duas piscinas, algumas mesas redondas de mármore e um jardim lindo.
- Emily?
- Quando? - Volto a caminhar em direção ao jardim, sem esperar qualquer resposta.
- Posso te acompanhar até sua casa e no caminho a gente decide. O que acha disso?
- Eu já tenho carona para voltar para casa. - Suas sobrancelhas se unem e sua expressão muda. Quando ele percebe que o observo, esconde o que sente em sua melhor expressão de paisagem, pelo que me parece.
- E a noite? Você está livre?
- Estou.
- Então, você me envia o seu endereço e eu passo para te buscar as sete. - Ele aponta para o meu celular na minha mão e eu o entrego a ele. Matt digita algo e me entrega meu celular. - Este é meu número.
Posiciono o meu celular até que o rosto dele fique enquadrado e tiro uma foto, enviando uma mensagem para o celular do mesmo que não demora nem um segundo para vibrar.
- Estarei pronta. - Assim que digo isso, ouvimos o soar do sinal.
- Eu tenho aula agora. Você vem?
- Vou ficar mais um pouco aqui. - Ele concorda e se afasta, assim como eu que caminho rumo à uma das mesas de mármore.
Não acredito que eu aceitei sair com o maior galinha da escola. Repreendi a mim mesma. Tenho que parar de pensar desse modo e preciso dar uma chance a ele.
Meu celular apitou mais uma vez.
"São duas horas, a gata borralheira vai ir embora do colégio ou não?"
Levantei do banco e caminhei até a entrada do colégio, avistando o seu carro a meio metro da entrada.
Aceno e corro até o carro.
- Como foram as aulas e o seu dia?
- Foi bom. - Sorri. - Algumas matérias estavam no mesmo tópico de Feryless (conurbada a Nova Orleans) e outras estavam atrasadas. Vai ser fácil acompanhar. E você, conseguiu falar com seu professor?
- Consegui. Foi bem rápido, na verdade, eu conversei com ele sobre uma prova de anatomia que perdi e aproveitei para ficar na faculdade estudando fisiologia. - Rafael liga à rádio e arranca com o carro.
- Nós tínhamos combinado de sair... o que acha de hoje à noite?
Justo hoje à noite? Não posso falar que vou sair com outro cara ou ele pode ter a mesma reação de Mattweo e as coisas irão se complicar para o meu lado.
- Hoje eu vou ter que jantar com meu pai e a nova namorada dele. - O que não era de fato uma mentira, entretanto, o jantar ocorreria amanhã e não hoje.
- E o que você acha de marcarmos para sexta?
Sexta é um bom dia.
- Por mim tudo bem.
- Eu te mando uma mensagem. - Concordo com a cabeça e ele para em frente à minha casa.
Planto um beijo no rosto dele e vou em direção à porta de casa sem olhar para trás. Apenas sei que foi embora, porque escuto o barulho do motor diminuindo de intensidade.
Logo que entro em casa, cumprimento meu pai, irmãos e subo. Estou tão cansada que poderia dormir por 14 horas seguidas.
No momento em que avisto minha cama, me deito e apago. Acordando quatro horas depois.
Olho o relógio e me levanto mais que depressa.
- São 18h30min, desse jeito vou me atrasar.
Tomo uma ducha rápida, coloco um vestido simples de renda, uma sandália baixa nos pés, prendo meu cabelo em um meio rabo que por ter alguns cachos ficou simples e elegante e coloco uma maquiagem leve como gloss e um lápis apenas.
Pouco tempo depois, escuto alguém tocar a campainha, desço e abro a porta revelando Matt, cuja camisa branca é fechada na frente, uma bermuda jeans, um tênis, a barba por e o cabelo levemente desarrumado e desalinhado.
- Oi Matt.
- Oi. Você está linda.
- Você também não está nada mal. - Sorrio e pego a sua mão estendida.
Não consigo evitar sorrir, quando meus olhos param sobre um triciclo.
- Espero que goste de andar. - Aponta para a minha carona da noite. - Concordo com a cabeça e então imito o movimento dele, que sobe no triciclo.
Já pedalando, resolvo perguntar para onde está me levando.
- É uma surpresa... você verá quando chegarmos lá.
Chegamos à praia de Santa Mônica e eu relembro de Rafael e do que essa praia me trouxe. Eu poderia ficar chateada por estar aqui mais uma vez, porém, no instante em que meus olhos foram atraídos pela grande lua cheia, a qual iluminava as ondas e trazia um novo brilho aquele lugar, fiquei absorta e esqueci previamente do que acontecera nesse recinto.
- Por quê viemos para a baía de Santa Mônica. Vamos comer por aquí?
- A surpresa ainda nem começou. - Sinto um sorriso na sua voz. - Mas em uma coisa você acertou. Eu vou comprar um sorvete e nós vamos ficar por um momento admirando as ondas. - Concordo com a cabeça, ele se afasta, eu tiro minha sandália e vou em direção a areia da praia, escolhendo um lugar qualquer e me sentando ali de frente para a alta maré.
Depois que ele volta e me entrega o meu picolé, resolvo perguntar o que tanto martela em minha cabeça:
- Matt, ouvi dizer que você fica com muitas garotas... como posso saber que você não quer simplesmente ficar comigo e me descartar como tem feito com todas as outras? - Mattweo suspira e olha no fundo dos meus olhos.
- Eu deveria estar bravo com essa pergunta. - Sua confissão sai como um sussurro. - Vou te pedir uma coisa, Emily. - Ele faz uma pausa, enquanto aguardo ansiosamente pelo pedido. - Peço que me dê um voto de confiança até o fim dessa noite. Se você perceber que eu realmente não sou alguém de confiança, então pode não olhar nunca mais na minha cara, eu vou entender e não forçarei nada. - Ele me estende um dedinho para selar uma promessa e eu escondo um sorriso.
Será que eu devo aceitar? Devo confiar nele?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um doce reencontro ( Em revisão )
RomanceEmily Fray é uma garota que acredita ter perdido a mãe em um acidente de carro aos 5 anos de idade. Ela cresce com a presença apenas de seu pai e de seus outros 3 irmãos. Emily namora, tem amizades, se envolve em algumas intrigas... realidade norma...