O avião pousa e eu finalmente tenho acesso a visão do aeroporto de Congonhas da grande São Paulo.
Acontece tudo muito rápido. Eu desço do avião depois de pegar minha bagagem de mão, caminho até as esteiras, a fim de ter obter de volta a maior mala que trouxe, pego a mesma e saio do aeroporto.
Acho um banco e me sento. Abro o aplicativo do uber e chamo um motorista. Para a minha sorte, o motorista se encontra a dois minutos de onde estou.
Placa XFG 4006, modelo do carro Chevrolet Onix na cor preta. Olho para os carros que passam na área destinada do aeroporto e avisto o meu uber. Caminho até o carro, logo que o mesmo para.
- Para onde você vai?
- Para a faculdade Israelita Albert Einstein.
O gentil motorista coloca minha mala e bolsa no porta-malas, enquanto me acomodo no carro. Assim que o motorista entra no automóvel e dá partida, puxa conversa.
- De que país você é? - O encaro surpresa.
- Nasci em Londres, mas atualmente estava morando nos Estados Unidos. Como o senhor sabe que não sou do Brasil?
- Você tem sotaque estrangeiro. - Sorrio para o motorista.
- Veio fazer o que aqui mocinha?
- Vou estudar medicina na Israelita
- Por quê veio de tão longe para estudar aqui? Meu filho mais velho queria muito sair do Brasil para se especializar na Europa. Ele diz haver muitas faculdades excelentes lá. Então porquê vir para cá sendo que tem educação de tão boa qualidade perto de onde morava e ainda nacionalidade europeia?
- Então... meus pais se conheceram em uma missão da igreja que meu pai frequentava na França, igreja que trouxe os missionários para o Sul do país. Minha avó materna era contra o relacionamento dos meus pais. Foi aí que minha mãe decidiu se mudar para a Europa e casar com o meu pai. Eles se mudaram para Londres e desde que eu e meus três irmãos nascemos, nunca tivemos a oportunidade de conhecer a minha avó. Parte do motivo de estar aqui é porque ainda pretendo encontrar a mãe da minha mãe.
- Foi seu pai que a impediu de conhecer a sua avó?
- Quase isso. Sei que essa não foi a intenção do meu pai. Ele estava com medo de que minha avó tomasse a nossa guarda e nos impedisse de vê-lo ou que ela fizesse nossa cabeça e passássemos a odiá-lo. Assim como minha avó queria proibir minha mãe de ficar com meu pai. Segundo meu pai, depois que ele e a minha mãe começaram a morar juntos, minha mãe ainda tentou manter contato com a minha avó. Mas, era como se minha mãe tivesse morrido para ela. Acho que ela preferiu acreditar nisso.
- E você acha que ela irá te receber bem se souber de quem você é filha?
- Não sei. Descobrirei quando a encontrar. - Suspiro e mudo de assunto. - Mas, como começou a ser motorista de Uber?
- Eu trabalhava em uma fábrica. Mas, com a crise de 2008, eu e alguns colegas fomos mandados embora. Depois disso, a situação econômica do país só fez piorar. Até tentei mandar currículo para outras empresas. Mas, outros lugares também estavam mandando seus funcionários embora. A única alternativa que encontrei foi o Uber e, por enquanto, tenho me virado bem. Chegamos. - Avisa e eu tiro meus olhos dele para analisar a faculdade.
A universidade não parece ser muito grande. Pelo o que meu pai me disse, só há medicina e enfermagem no local. Existem várias janelas de vidro no topo do que acredito ser o segundo andar, duas portas de vidro e poucos degraus que dão acesso às portas de entrada.
- Obrigada. Quanto ficou? - Pergunto ainda sem tirar os olhos do lugar.
- 35 reais. - Entrego o dinheiro, que meu pai converteu em reais na casa de câmbio de Los Angeles e saio do carro, sendo imitada pelo motorista, que não demora para me entregar minha bagagem.
![](https://img.wattpad.com/cover/10901731-288-k954891.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um doce reencontro ( Em revisão )
RomanceEmily Fray é uma garota que acredita ter perdido a mãe em um acidente de carro aos 5 anos de idade. Ela cresce com a presença apenas de seu pai e de seus outros 3 irmãos. Emily namora, tem amizades, se envolve em algumas intrigas... realidade norma...