Quem sabe...

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Silvia divinorum? – Doutora Heloísa assente.

– Eu perguntei se estava fazendo uso recente de algum medicamento para tratar ansiedade, porque é uma das substâncias contidas em ansiolíticos. – A médica faz uma pausa para então continuar. – Você esteve em alguma situação em que se lembra de algo que não aconteceu?

– Sim.

– Teve alguma visão surreal como se estivesse em um mundo onírico? – Dou de ombros.

– Eu estava na balada com minhas amigas depois de termos ido a um bar e me lembro de ter bebido com um amigo que fiz.

– Acha ser possível ele ter colocado a droga na sua bebida?

– Não faço ideia. Eu já estava muito bêbada para me lembrar. – A médica assente e faz algumas anotações no prontuário em seu computador.

– Vou te entregar o laudo do seu resultado. Não precisa se preocupar, você ingeriu uma quantidade pequena, insuficiente para causar qualquer tipo de dano. Logo ela sairá do seu organismo.

– Ok. – A médica imprime o laudo, o entrega a mim, eu agradeço e saio da sua sala, indo de encontro a Nicole, que me aguarda no mesmo lugar de antes.

– O que aconteceu? – Pergunta no mesmo instante em que se levanta e chama outro motorista de uber.

– Você estava certa. – Solta um suspiro e dou sequência à fala. – Fiz exame de sangue e o resultado foi a constância de uma droga chamada Silvia divinorum. – Nicole arregala os olhos.

– E como você está? Essa droga trará alguma consequência para sua saúde? – Nego com a cabeça.

– Ela disse que a quantidade foi muito pequena e que não demorará para que meu organismo esteja limpo. E ela me deu o laudo. – Ela concorda e vejo o motorista parar em frente ao posto de saúde. – Você acha que a Babi consegue falar com o dono da Tunnel para que possamos ter acesso às câmeras de segurança?

– Talvez sim. – Eu e Nicole entramos no carro e enquanto ela disca o número da nossa colega de república, eu peço para que o motorista espere por alguns minutos. – Babi? Está ocupada? – Nick aguarda a resposta. – Você consegue entrar em contato com o dono da Tunnel para que possamos ter acesso às filmagens da câmera de segurança? Sim, prometo que te explicarei tudo assim que chegarmos. – Nicole sorri. – Obrigada amiga.

– E então? – Nicole me lança um sorriso ainda maior que o anterior e faz um gesto com a mão para que eu espere.

– Senhor, você pode seguir para a balada Tunnel? – O senhor assente e Nicole dá o endereço do local. Assim que o motorista dá partida, se vira na minha direção. – Ela disse para irmos para lá que ela irá falar com ele.

– Tudo bem.

Conversamos durante todo o trajeto sobre o namoro de Nicole e outros assuntos banais, portanto não demora até chegarmos ao destino final.

A luz do dia, enfim posso enxergar a fachada do local. Dois seguranças vigiam a porta e nos encaram como se fossemos de outro mundo. Antes que eu possa fazer qualquer coisa, Nicole toma frente e procura conversar com os armários que continuam a nos olhar.

– Somos Nicole e Emily. Nossa amiga, Bárbara, falou com o dono e comunicou sobre nossa vinda. – Um olha para o outro e o mais moreno aperta um botão próximo a sua orelha.

– Senhor Ribeiro, aqui na entrada da boate, chegaram duas garotas e disseram se chamar Emily e Nicole. As duas mencionaram uma tal de Bárbara e disseram que ela havia comunicado a vinda das duas ao senhor. – Poucos segundos depois, ele murmura um "ok" e libera nossa entrada.

Do lado de dentro da boate, um homem loiro de estatura mediana, que se apresenta como o gerente, nos acompanha até a sala de vídeo.

– Espero que encontrem o que procuram. – Ele chama as duas mulheres que estão sentadas em frente às televisões, em que algumas filmagens do local se passam, e nos apresenta. – Kemily e Rafaela, essas são Emily e Nicole. Alex permitiu que as duas tivessem acesso as filmagens, por isso as ajudem como puderem. – As duas concordam e o homem se retira.

– Vocês precisam ter acesso às filmagens de qual dia? – Rafaela, a qual identifico pelas mechas ruivas, pergunta e Nicole responde.

– De ontem à noite, a partir das dez da noite.

– Ok. – A loira, Kemily, diz e entra em um arquivo, nos dando, enfim, acesso as imagens da noite anterior. – Ela vai passando as imagens até que Nicole grita para que ela pare. E ela o faz.

Nós quatro observamos as cenas que se seguem em silêncio. Primeiro, a minha briga com Giiacomo e o tumulto causado para depois chegarmos à comprovação da culpa do Jason.

Pelo canto dos olhos, percebo a intenção de Nicole e repito o gesto que ela fez no carro. Ao entender, ela se contém onde está.

As cenas continuam transcorrendo... Eu vejo o beijo em Giiacomo, como minha amiga me relatara, e para minha surpresa, Jason me arrastando, revoltado, para longe dali.

Como as imagens não têm som, apenas deduzo que Jason grita comigo pela expressão em seu rosto.

Mais uma vez sou pega de surpresa, quando vejo Giiacomo ir até nós dois, entrar na minha frente, dizer algo a Jason e sair da balada me arrastando. É nesse momento que esse bloco de filmagens termina.

– Obrigada. – Rafaela e Kemily assentem, nós quatro nos despedimos e eu saio da sala de filmagem, sendo acompanhada pela minha amiga.

– Emily? – Nicole chama antes de chegarmos à entrada e eu paro, desviando o meu olhar do caminho que percorro para ela. – Você se lembrava de alguma coisa depois de ter tomado as bebidas? – Nego. – E você também achou estranha a reação dos dois? – Concordo dessa vez. – Você abrirá um boletim de ocorrência contra o Jason?

– Não sei Nicole. Acho que preciso tentar falar com Jason primeiro e tentar entender a razão disso. – Solto um suspiro. – Não consigo acreditar que ele, realmente, tenha tentado me drogar. Preciso falar com Giiacomo também, porque quero saber o que ele falou para o Jason e agradecer pela ajuda.

Eu continuo andando e Nick me segue. Nós passamos pelos seguranças, minha amiga pede um motorista pelo aplicativo, enquanto eu pego o meu celular, a fim de entrar em contato com Jason.

Teclo o número de celular que ele me passou antes de bebermos, mas o número apenas chama até cair. Desistindo, e pronta para ligar para Giiacomo, sinto meu celular vibrar e vejo que há uma nova mensagem.

"Você se safou dessa vez, mas não será tão fácil da próxima... Eu não cometo o mesmo erro mais de uma vez! – M"

O que isso quer dizer?

Um doce reencontro ( Em revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora