Tunnel

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Depois do breve momento de espanto, Giiacomo se recupera e não evita dar uma gargalhada sarcástica.

- Olhar vocês dois? – Ele ri mais um pouco e isso me causa uma extrema irritação. Minha vontade é de pular no pescoço dele, mas é por causa da minha boa educação que não o faço. – Você está ficando louca. – Giiacomo aumenta o tom de voz a algumas pessoas começam a observar de longe a discussão.

- Eu estou ficando louca? Esse lugar deve ter alguma câmera, eu vou pedir a filmagem para te mostrar o quanto sou louca. – Falo ainda mais alto do que ele. Se ele estiver travando uma batalha sobre quem tem o mais intenso tom de voz, não serei eu a perder.

Noto pelo canto dos olhos que pessoas começam a se aglomerar em torno de nós dois e Jason se aproxima.

Giiacomo ri ainda mais e isso faz com que meu sangue ferva dentro das minhas veias. Esse garoto não sabe fazer outra coisa além de rir? Minha cara é tão engraçada assim para ele? Se é, por que ainda não estou empregada em algum circo como palhaça?

- Você está mesmo querendo arrumar confusão por causa de uma coisa que você acha que viu? Você é muito infantil garota!

- Eu acho que vi? Está querendo dizer que eu imagino coisas? Quem é você para me chamar de infantil? Um cara que me trata bem em um momento para no momento seguinte fingir que eu nem mesmo existo.

- Você tem alguma prova de que fiz isso? – Diz cínico e quando estou prestes a partir para cima dele, Jason percebe e me contém.

- Não fique estressada por causa de um cara assim. Ele não merece e tenho certeza de que todos que são importantes para você estão vendo que ele está errado. Não faça nada para perder a razão. – Jason sussurra ao pé do meu ouvido e me puxa para longe dali sem encontrar nenhuma resistência minha. Embora irritada, no fundo eu sei que ele não deixa de estar certo. Entrando nessa discussão eu não vou conseguir nada além de uma dor de cabeça e de estresse.

Jason me leva para o outro lado da balada, ao bar, e pede uma bebida para mim. Ele diz que isso vai me ajudar a relaxar um pouco. Jason fica comigo pacientemente ouvindo minhas reclamações, enquanto bebo e quando já não me importo mais com a presença de ninguém, ele dança comigo, me diverte, me ampara no momento em que acho que eu estou bêbada demais e me leva para a república ao fim da noite.

***

Antes de abrir os olhos, sinto uma dor insuportável na cabeça e minha garganta seca.

Abro os olhos devagar e, por sorte, a cortina está fechada. Rapidamente olho para a cama da minha colega de quarto com medo de que ela possa não ter chegado bem à república. Mas, para minha felicidade, ela está jogada sobre a sua cama com a mesma roupa de ontem.

Me ergo da cama e caminho, nas pontas dos pés, até a cozinha. Afinal, todas as meninas ainda devem estar dormindo. Assim que passo pela porta da cozinha, eu vou até a gaveta do armário, na qual existem alguns analgésicos, entre outros remédios, e pego o primeiro que encontro.

Engulo o mais depressa que posso junto de um gole de água. No momento em que estou passando pela sala mais uma vez, o abajur no canto da sala se acende e já tenho ideia de quem é.

- Quem era aquele que te trouxe para casa ontem?

- Era só um amigo. – Minto. Agora não é uma boa hora para ouvir puxões de orelha sobre como é perigoso dizer a minha localização para um total desconhecido.

- Tudo bem. Certifique-se de avisar da próxima vez em que não estiver tão bem. É melhor que eu ou as meninas fiquemos responsáveis por você. Ele te trouxe carregada. – Apenas assinto para possíveis fins de discussão e volto para o quarto que divido com Nicole, encontrando-a já desperta dessa vez.

- Emy, o que aconteceu ontem? Que discussão foi aquela com Giiacomo? – Me sento ao lado da minha amiga e relato a ela desde o acontecido de antes da partida de basquete até o momento em que cheguei ao bar. Relato que ela ouve em completo silêncio até que eu o finalize por completo. – Emy, você se lembra de alguma coisa da noite de ontem desde o momento em que começou a beber com aquele carinha do The Blue até chegar aqui? – Assinto com a cabeça e Nicole me incentiva a falar.

- Eu me lembro que depois da discussão, ele me levou até o bar, dizendo que iria pedir uma bebida para me relaxar, eu bebi, lembro de termos dançado mais um pouco, ele me arrancou algumas risadas e me trouxe para a república. – Paro um pouco o que estava falando e me lembro de um detalhe não atentado por mim até o momento. – Mas, pensando bem, tem uma coisa que não se encaixa em todas as lembranças que eu tenho: Meiry Anne acabou de me dizer que cheguei sendo carregada aqui em casa e eu não me lembro disso. Eu nunca esqueci nenhuma das minhas experiências, enquanto estava bêbada antes. – Minha amiga me olha e levanta de onde estava sentada, como se tivesse tido um estalo.

- Emily... Depois da sua discussão com o Giiacomo, você beijou ele e levou um belo tapa da Sophie.

- Como é? – Suspiro atônita, me ergo da cama, assim como Nicole fez alguns minutos atrás, e começo a andar de um lado para o outro. – Isso não é possível. – Rio de nervoso.

- E eu nem acabei ainda. – Volto a me sentar e escondo minha cabeça entre as mãos com medo do que Nicole tem para me dizer. – Giiacomo te beijou de volta. – Sinto o frio no pé da barriga. Mas não é aquele frio ruim. O que é que está acontecendo comigo? Por que eu pareço contente por ouvir isso? – Foi por causa do tapa de Sophie que você veio carregada para a república. – Minha amiga respira fundo e parece ter receio do que está prestes a me dizer. – Eu e as meninas conversamos ontem e chegamos a conclusão de que você foi drogada. – Tiro minha cabeça de onde está e olho para minha amiga. Balançando a cabeça de um lado para o outro negativamente.

- Não é possível. – Meu riso fica ainda mais nervoso. – A única pessoa que se aproximou a ponto de conseguir me drogar foi Jason e eu vi tudo o que ele fez.

- Tem certeza? – Minha amiga pergunta como se realmente acreditasse que eu estou errada. – O quanto você conhece essa cara?

Nicole está certa. O quanto eu conheço dele para o defender e colocar as minhas mãos no fogo por ele?

Um doce reencontro ( Em revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora