Nos dois dias que estava em Los Angeles fui até a calçada da fama, até o observatório de Griffith e hoje seria a vez do Píer de Santa Monica.
Coloquei uma calça flair estampada com flores e um top de mesma estampa. Amarrei o meu cabelo em um rabo de cavalo alto e saí do meu quarto, indo em direção a sala.
- Vai sair? - Indagou meu irmão mais velho.
- Quero visitar o píer de Santa Mônica e depois caminhar um pouco à beira-mar.
- Vou com você.
- Tomem cuidado. - Pediu meu pai, erguendo os olhos do jornal que estava lendo. - Não andem por lugares desertos e não voltem tarde. Los Angeles é uma cidade perigosa. - Eu e meu irmão assentimos.
- Quer ir com a gente, João? - Foi a vez de Jack se direcionar ao nosso irmão mais novo.
- Não, obrigado. Vou ficar jogando com o pessoal de Nova Orleans e com o pessoal de Londres. - Ergueu o celular e balançou.
Eu e Jack nos despedimos do nosso pai e eu sai seguida por ele.
(...)
- Como você está se sentindo, Emily? - Pergunta Jack, enquanto toma o sorvete de morango, que pegamos em uma das barraquinhas na chegada ao píer.
- Sobre o que? - Indago, absorta no mar azul a minha frente.
- Sobre ter deixado o Jhonny, sobre a solidão. Quer dizer, eu sei como ficou difícil para você quando a Lily começou a inventar mentiras sobre você, por falta de confiança em si mesma e no próprio relacionamento.
- Eu estou me sentindo bem agora... um pouco triste, mas bem. Todas as vezes que eu saio de casa e me distraio, eu sinto como se tudo isso fosse apenas um pesadelo, pesadelo do qual eu logo irei acordar. Eu sei que vai passar, então isso me deixa mais tranquila. E se está com medo de que tente me suicidar mais uma vez... pode ficar tranquilo, porque vou procurar um psiquiatra e começar a fazer terapia.
- Eu quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar, mesmo que seja apenas para ficar ao seu lado, te fazendo companhia, em silêncio.
- Obrigada. - Me agarro ao pescoço do meu irmão e sinto os seus braços envolverem minha cintura, correspondendo meu abraço.
Depois de mais um tempo curtindo, abraçados, o movimento das ondas e a agitação das pessoas, pegamos nossos sapatos em mãos e seguimos até a orla.
- Vou pegar um milkshake, você quer? - Fala, de repente, quebrando o silêncio.
- Não, obrigada.
Meu irmão sai e me deixa ali, observando as bravas ondas que quebram perto da areia da praia. As ondas refletem o meu estado de espírito e por um momento fico tentada a me jogar ali sem me preocupar com mais nada. Hipnotizada pelas ondas, deixo meus sapatos caírem na areia, ergo meu corpo e sigo em direção ao mar.
Quando já estou quase no meio do mar é como se o tempo virasse de uma hora para a outra: nuvens se formam, os ventos começam a ficar mais fortes e as ondas desgovernadas. Começo a engolir água e meu único pensamento é tentar me salvar a qualquer custo. É com esse pensamento que eu apago.
(...)
Sinto muito ar encher o meu pulmão e uma quantidade considerável de água sobe raspando pela garganta, fazendo-me quase engasgar.
Tusso e cuspo toda a água para o lado. E no momento em que abro os olhos de vez, noto muitas pessoas em volta do meu corpo... uma das pessoa é meu irmão estarrecido e a outra é um cara lindo de cabelo preto e olhos mais azuis que todos os mares da Califórnia juntos.
- Você está bem? - Parece que não é apenas o físico dele que é de se admirar, a voz também é de uma rouquidão gostosa. - Está? - Volto a mim e me forço a responder.
- Sim. Obrigada. - As palavras saem pausadamente e com certa dificuldade. Minha garganta arde muito.
O rapaz aproxima o seu rosto do meu e olha tão profundamente nos meus olhos que eu me pergunto se ele não pode decifrar exatamente quem sou.
- Seu irmão acabou chamando o seu nome, Emily. Agora fico te devendo o meu.
- Qual é o seu? - As palavras saem com certa dificuldade.
- Eu te digo se sair comigo amanhã à noite.
Levanto meu dedo polegar, concordando, e ele ri.
- Mais tarde te ligo. - Sussurra no meu ouvido, se afasta, pede licença a todos e me deixa ali curiosa para saber mais sobre o garoto misterioso que acabara de salvar a minha vida.

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Um doce reencontro ( Em revisão )
RomantizmEmily Fray é uma garota que acredita ter perdido a mãe em um acidente de carro aos 5 anos de idade. Ela cresce com a presença apenas de seu pai e de seus outros 3 irmãos. Emily namora, tem amizades, se envolve em algumas intrigas... realidade norma...