Antonio deu um leve toque na porta, antes de inserir seu cartão na fechadura eletrônica. A mulher que estaria à sua espera, naquele quarto, era a personificação de um sonho. E seus dias, desde que a conhecera, transcorriam sempre da mesma forma, permeados por uma ansiedade quase dolorosa em revê-la. Ele entrou, permanecendo alguns segundos parado na soleira, saboreando a realização de seu desejo. Há bastante tempo que vinha gostando de imaginá-la exatamente como a via agora.
Celine esperava por ele na sala, a aproximação dos dois foi como na boate de Ibiza, quando se fitaram em silêncio. Dessa vez, ele usava um smoking e também havia recebido os cuidados de um barbeiro excepcionalmente complete. Mas quanto a ela, bene, não conseguia pensar num único adjetivo capaz de defini-la. Linda, magnífica, esplendorosa.... Não, ele já havia usados todos esses em ocasiões diferentes, agora nada parecia o bastante para justificá-la. Celine estava tão surpreendente linda naquele vestido vermelho que mais parecia uma obra de arte; imaterial demais para esse mundo. A maquiagem, ao contrário do outro dia, realçava a beleza dos traços naturalmente sensuais, ao invés de brutalizá-los. Os cabelos estavam de um jeito que ele adorava, precariamente presos no alto da cabeça. O tipo de penteado que fazia um homem estremecer de vontade de correr os dedos pela curva do pescoço, indo bem de devagar pelo vale suave até chegar à nuca, ao mesmo tempo comovido com o formato delicado quanto louco de desejo de provar a maciez da pele. Ele passaria a noite se sentindo assim...
- Você está linda, mais do que eu imaginava que fosse possível. - Antonio diz e sua voz sai rouca. Celine que até então estava tão compenetrada quanto ele, pestanejou de forma indolente e saiu de lado. - O que foi?
- Não sei...- Ela balançou de leve a cabeça. - Acho que tive esperança de que não gostasse.
- E por que é que eu não gostaria? Celine, você, hoje, está tão linda quanto uma deusa. - Mas Celine não parecia nada satisfeita, então, ele a levou para frente do espelho que havia na parede. - Você tem que aceitar, amore, que é uma mulher linda! Quis vê-la vestindo algo assim desde o primeiro dia.
Celine, a grande descoberta...
Ela tentou se desvencilhar, mas Antonio a manteve firme, os olhos faiscando através do espelho. O reflexo deles tinha um quê de hipnótico e isso a distraía. Um homem impecavelmente barbeado, trajando um smoking negro, estava postado atrás de uma mulher de aparência tão requintada quanto ele. Enquadrados, os dois, naquela moldura dourada e cheia de rococós.
Escapou de seus lábios:
- Não parece real...
- Sì, é vero, pensei o mesmo no momento em que a vi. Mas é a pura verdade. Nós dois. Juntos. Perfeitos.
- Nada é perfeito. Eu não quero ser perfeita.
- Eu sinto muito, Celine, sei que isto não está sendo nada confortável para você, mas não tem outro jeito.
- Esse vestido, Antonio. - Ela continua desconsiderando a compassividade dele. - Se ainda não percebeu, é vulgar.
Para provar seu ponto de vista, Celine gira o corpo levemente provocando o atrevimento do decote. Ela não o magoou como pretendia, Antonio suspirou, deliciado. Deslizando a ponta dos dedos no contorno da pele desnuda. A seda foi imediatamente maculada por bicos intumescidos.
- Lindo, lindo demais... - Antonio volta a elogiá-la. Percebeu os olhinhos vidrados.
Celine gostava do que via, gostava do reflexo deles no espelho. Ele volta a acariciá-la, saciando a vontade de beijá-la no vale sedoso do pescoço. Desejou se atrever para dentro do decote, sentir os bicos na palma da mão. Mas não podia dar muito à Celine. Conhecia sua ragazza affamata o suficiente para saber que, se continuasse a provocá-la, a coisa não ficaria apenas nisso.
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O segredo de Celine - Livro 1 da série Dionísio
Romance- Gosto de fazer parte de seus segredos, perla... Ele disse, provocativamente. Será que aquele maldito italiano seria capaz de por tudo a perder apenas para acariciar seu ego sórdido de conquistador? Uma carreira meticulosamente planejada indo água...