Museu

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Naquela manhã, quando Thor chegou até sua mesa dizendo:

- Celine, eu quero você na sessão do museu.

- O museu arqueológico de Nápoles?

- E que outro seria? É só para o caso de surgir algum imprevisto burocrático. - Ele tentou explicar, visivelmente constrangido. - Não quero perder tempo com esse tipo de coisa.

Ela imediatamente desconfiou que o pseudo trabalho tivesse algo a ver com Antonio e seus ciúmes ególatras. Na noite anterior, os dois haviam brigado, com ela deixando a cabine principal bufando de raiva. Mas depois de uma série de mensagens trocadas pelo celular, ela acabou perdoando-o. Na primeira delas, Antonio dizia:

"Perla, me perdoe, não sei o que deu em mim para tratá-la de modo tão execrável. Não tenho o direito de julgá-la, tampouco interferir em suas escolhas. Você tem todo o direito de levar sua vida como bem entender. Mesmo assim, não posso deixar de explicar minhas razões por ter agido como agi. Fiquei louco porque no fundo senti raiva de mim mesmo por ter sido o responsável por corrompê-la a esse ponto. Sabe o que penso sobre a inocência. Seu rosto corado foi a coisa mais linda que vi na vida. Tive medo, desde o início, de ser o responsável por uma transformação irremediável. Em dar a você uma ideia errada do que é o amor. Porque é isso que você merece, perla, viver o amor e não uma vida vazia movida apenas pelo prazer. Acredite, eu não sou um exemplo para você. Mesmo porque, não sou o mesmo desde que a conheci".

Tocante... desdenhou. E, para não ficar atrás, replicou a mensagem:

"Tudo bem Antonio, eu o perdoo, sua opinião não me afetou tanto assim. Quanto às suas responsabilidades, fique tranquilo. Você só acendeu uma fagulha de algo que eu certamente conheceria em outro momento. Nunca estive disponível para um relacionamento amoroso. Tenho essa convicção muito antes de conhecê-lo. Os motivos pessoais que me levaram a ela são sérios, pode acreditar. Sobre o rosto corado, essa é a parte de mim que mais detesto, ficaria imensamente feliz em me livrar dela de uma vez. "

Antonio novamente:

"Celine, eu sinto muito que se sinta assim. Espero de todo o coração que supere o que quer que tenha acontecido e possa levar uma vida plena de felicidade. Quanto ao remorso, fico com ele, apesar de sua redenção. Esse sentimento representa um marco em minha vida, o início de algo muito precioso que veio em seguida. Espero que um dia desses eu possa contar-lhe o quanto seu rostinho corado me transformou. A respeito das grosseiras que eu disse a você agora a pouco, quero que saiba que estou profundamente aliviado com o seu perdão. Não sei de que outro modo partiria para Fermo. É isso mesmo, fiquei sabendo no fim dessa tarde, por isso não tive tempo de contar-lhe. Esperava poder convencê-la a ir comigo dessa vez. Passarei dois dias fora e quando voltar, espero que possamos continuar nossos encontros. Celine, seria uma tortura para mim se isso não acontecesse. "

Celine não ia responder a essa mensagem, preferindo martirizá-lo com o suspense. Mas Antonio não esperou muito tempo, veio com a mensagem mais longa de todas. Nela listava todos os perigos de Nápoles, dizendo que ficaria terrivelmente preocupado caso ela descesse até a cidade. Por fim, sugeriu, ou melhor, impôs que Juan a acompanhasse. "De jeito nenhum!!!" Foi a resposta que ela enviou antes de desligar o celular. Tudo, no fim, se tratava do exclusivismo chauvinista dele, do orgulho de macho, ferido no momento em que ela fez a maldita pergunta. Fora ingênua em pensar que pudesse haver algum tipo de "camaradagem" entre eles. Mas, no fundo, o que ela quis, na noite anterior, e o que fez valer à pena, foi esclarecer a história deles de uma vez. Estava feito, pois fim ao romance e nos planos para o futuro. O único plano que restava agora era o seu, e nele não haveria Antonio Navarro. Talvez sexo casual com estranhos, se assim desejasse. Afinal de contas, era adulta e emancipada. Sentia-se no direito.

O segredo de Celine - Livro 1 da série DionísioOnde histórias criam vida. Descubra agora