O segredo de Celine - Livro 1 da série Dionísio

Consequências de um crime quase perfeito

                 A ducha de água fria jorrava intrepidamente sobre a sua nuca, mas, no estado em que estava, não era o suficiente. Antonio ainda podia sentir seu membro latejar produzindo espasmos de dor. Ele então o fricciona, apesar de saber que aquele gozo nem de longe aliviaria o desejo que sentia.

               Dio, como pude me comportar como um brutamonte e agarrá-la daquele jeito?

                Enquanto se enxugava, Antonio pensava na má sorte de estar na piscina justo naquele momento, se tivesse pegado o elevador e ido até a boate como havia planejado nada daquilo teria acontecido. Ficar longe da garota já não estava sendo nada fácil, com aquilo ele só havia dificultado as coisas para si mesmo.

                Depois de se enxugar, ele sai nu pelo quarto em busca de uma bebida no frigobar. Havia uma velha garrafa de whisky escocês por lá e a bebida acastanhada é despejada no copo até quase transbordar. Ele sorve um longo gole, o teor de álcool era tão forte quanto ele precisava, já começava a se sentir menos agitado.

              Se ao menos Celine não fosse tão constrangedoramente inocente...

             - Dio Santo, me dói só de pensar em como ela deve ser inexperiente.

              Ele ainda podia sentir o gosto dos lábios lânguidos e totalmente passivos. Non. Dio, per favore, não permita que seja a esse ponto... Ele precisava ver a coisa toda com calma, se recusava a acreditar que havia sido canalha a ponto de roubar o primeiro beijo de uma jovem de forma tão bruta. Não, isso não fazia o menor sentido. Hoje em dia nenhuma garota chegava àquela idade sem nunca ter sido beijada. Lembrava-se de como ela havia resistido no início, negando-lhe o interior da boca. Ele deveria tê-la respeitado e parado por aí, isso se a necessidade de tomar posse dela não tivesse sido mais forte do que a pouca hombridade que possuía. Por mais que ele tivesse interpretado mal a linguagem corporal de Celine, estava certo de que ela queria aquele beijo tanto quanto ele, mesmo que não fosse de forma consciente. A atração que sentia era mútua e muito forte, disso ele tinha certeza. Sabia pelo jeito dela quando estavam próximos um do outro: o rubor, os olhares sorrateiros, até aquele leve tremor quando tinham os olhos parados um no outro; isso tudo o deliciava até quase morrer. Se não fosse por isso, talvez não tivesse agido daquela forma.

              Celine já o pertencia, mesmo antes dele pôr as mãos nela.

               Assim mesmo não era certo! Ele não tinha esse direito. Corromper a inocência de garotinhas era inaceitável até mesmo para ele. Se tivesse sido um pouco mais razoável, teria se afastado daquela piscina enquanto tivera chance. Sabia o quanto era fraco, que não era do tipo que conseguia se privar de suas vontades por muito tempo e mesmo assim fora estúpido a ponto se juntar a ela. Sua atitude impulsiva o havia condenado ao um verdadeiro inferno. Agora, depois de ter sentido o gosto dela, ia ser muito mais difícil manter distância, ele ia ter que conviver com essa frustração diariamente. Até que Dionísio atracasse e sabe-se Deus por quanto tempo mais.

               Nem todo o álcool dessa cabine faria com que ele se livrasse da imagem erótica da ninfa submersa em águas etéreas, do corpo lânguido, submisso e completamente entregue em seus braços. Celine seria uma amante fogosa e só de pensar nas delícias que ele tinha para ensinar...

                - Dio, isso vai ser impossível! - Antonio lamenta mais uma vez.

                Ele passa a sorver a bebida com goles mais longos. Decididamente, não era a hora e nem o lugar para ele e Celine. Se tivesse esperado como tinha planejado, eles teriam podido se relacionar sem que ele tivesse que passar por toda essa perturbação. Fora daquele iate, e quando Celine adquirisse alguma experiência no amor. Antonio Navarro podia ser tudo, menos um sedutor de garotinhas virgens. Não sabia direito como faria, mas ia encontrar um jeito de domar essa parte animal de sua consciência, a parte que se negava a admitir o quanto essa atitude era imoral e inconsequente.