Em Livorno, os planos absurdos de Bianca foram somando-se aos barulhos do novo porto, dessa vez, foram acordados com trechos do Rigoleto di Pavarotti misturado à uma gritaria infernal em italiano, o núncio de que o dia seria uma completa loucura. E foi mesmo, pelos corredores do iate,dava para ver o trabalho impecável da tripulação, era cedo ainda e Dionísio reluzia, tanto que nem dava coragem de tocar o corrimão. Logo após o desjejum, Celine fora com os outros até cidade dos Médicini. Tiveram pouco tempo, por isso, o passeio fora confuso e exaustivo. Estavam todos de ressaca e sem dormir. Até o guia, que conduziu o barco, parecia se sentir como eles. O inglês tropeçado ao italiano, impossível de ser entendido. Assim mesmo, a cidade pentagonal, cercada por fossos e fortaleza, manteve muito de sua beleza.
Agora ela estava de voltava ao escritório, o único do lugar do planeta que não desejava estar. Logo que entrou, deu de cara com Eric, o tripulante que servia Antonio. Quando se encontram, ele rapidamente abaixou a cabeça, envergonhado. Era assim desde que ela passara a usar a maldita porta. Celine dos Santos tinha sido marcada. Era isso o que Antonio estivera fazendo o tempo todo. Quando a obrigou a usar a porta ao lado da cozinha, quando impôs a vigilância de Juan e também quando passou a compartilhar o vídeo. Tinha sido marcada como a garota do chefe. E essa situação se prolongaria pelo tempo que ele quisesse; até que aquele italiano filho da mãe se fartasse dela. A coisa toda foi absurdamente degradante desde o início, e o mais triste é que ela se sujeitou a tudo alegremente. Então, o jeito era engolir toda raiva e frustração que sentia, entrar lá e fazer seu trabalho.
O escritório havia sido reorganizado, Celine se viu perdida entre os equipamentos dos jornalistas. Dionísio estava sendo fotografado pela imprensa e era muito provável que Antonio passasse o dia ocupado dando entrevistas. O que seria um alívio. Pensou mais satisfeita.
Celine encontra sua mesa, liga o computador e começa a imprimir o material que esteve trabalhando. No fim do dia, ela tinha atualizado o balanço financeiro do projeto, adiantado algumas folhas de pagamentos e até mesmo organizado o trabalho de Antonio, resumindo e compilando dados naquelas planilhas que ele tanto gostava. Encaminhou tudo para a cabine principal do iate. Era lá que ele ia trabalhar nos dias em que o iate ficaria atracado em Livorno. Como havia previsto, Antonio fora engolido pela imprensa. Ela o viu em dois momentos e apenas de relance.
À noite, assim que a feira se encerra, estava pronta para deixar Dionísio novamente.
O festival ficava em um distrito de Livorno, Venezzia, uma antiga cidade renascentista, esplendorosa mesmo durante a noite. O bairro, onde a festa acontecia, podia ser visto de longe, enfeitado por cordões de lâmpadas fluorescentes. Fogos de artifícios ribombavam no céu negro.
Celine, que havia aceitado fazer o passeio apenas para fugir do iate, logo se convence de toda aquela alegria. Os italianos realmente sabiam dar uma festa. O festival, que marcava o início do verão, era uma amostra do apresso que aquele povo alegre tinha pela arte e pela culinária. Várias esquinas tinham sido tomadas, em cada uma delas acontecia algo diferente. Bandas, teatros a céu aberto, havia até mesmo uma serenata melosa na voz de um barítono. Isso sem falar nas inúmeras barracas de comidas, bebidas e artesanato. Mas eles escolhem um dos bares ao longo da rua. Uma casa de vinho, na verdade, que servia, de acordo com o cartaz, os tesouros mais ricos da Toscana.
O lugar tinha o charme típico da Itália. Decoração rústica do tipo taberna, paredes cobertas de vinho e até um palco com uma banda típica da região. Eles pediram várias rodadas de degustação. Carlos, depois de algum tempo, já estava tão embriagado que fazia coro para banda abraçado a uma fileira de outros bêbados. A cançoneta italiana estava para lá de desafinada, mas divertida o suficiente para fazer com que quase todos no bar batessem palmas no ritmo.
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O segredo de Celine - Livro 1 da série Dionísio
Romance- Gosto de fazer parte de seus segredos, perla... Ele disse, provocativamente. Será que aquele maldito italiano seria capaz de por tudo a perder apenas para acariciar seu ego sórdido de conquistador? Uma carreira meticulosamente planejada indo água...