Bônus- Thomas (Parte:1)

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O sinal tocou. Uma bagunça total, todo mundo querendo sair ao mesmo tempo. Intervalo é um momento bem sagrado para os alunos, quanto mais rápido sair da sala mais tempo para aproveitar o intervalo. Não ligo muito. Saio por último. Fico meio tonto com o choque térmico que sinto ao sair da sala que estava com o ar condicionado ligado. 

Que abafado.

Comecei a andar pela escola. Não tem muito o que fazer no intervalo. Eu não estava com fome, por isso decidi ficar andando. Vou para um local mais afastado da multidão e sento no chão mesmo. Começo a relaxar, estava tão quente, porém tinha um pouco de vento onde eu estava. Era perto do ginásio. Fecho os olhos e me perco em um mundo de imaginação, onde a música não era tocada, era sentida. Pego meu celular e meu fone. Um momento perfeito para uma conversa com Deus. 

Apesar da música, ouço o barulho da grade que separa o patio da área de educação física se abrir. Abro os olhos e olho pra minha direita. O João, meu ex melhor amigo, estava saindo da área de educação física com a cara de fúria. Ele bate com tudo a grade. Pauso a música. 

Bem estranho.

Me levanto, tiro a poeira da minha calça e vou para o ginásio. Ando um pouco e começo a ouvir um choro, fui atrás para achar quem chorava. Era a Emily, ela estava com o rímel todo borrado e estava sentada no chão encostada na parede. Quando me ver coloca a cara entre os joelhos, escondendo seu rosto. Sento do lado dela, coloco a minha mão na cabeça dela e faço um carinho. Espero que isso acalme ela.

Emily levanta um pouco a cabeça e me olha. Ela para um pouco de chorar e dá um sorrisinho tímido. Retribuo com um sorriso igual. Logo depois ela fecha a cara. Começa a chorar, de novo, e coloca a cabeça ente os joelhos.

— O que você quer, Thomas?— Diz ela furiosa.

— Te ajudar.

— Mas você não pode me ajudar.

— Deixe eu pelo menos tentar.

Ela não responde nada.

 — Emily, olha para mim.— Ela obedece.— Me conta o que aconteceu.— Sua expressão muda e ela ameaça chorar de novo.

— Não sei se consigo contar.— Ela diz.

— E vai continuar sem saber, se não tentar.— Digo. Ela dá um sorrisinho tímido e tira minha mão de seu cabelo.

— Eu...Eu...— Ela para, fecha os olhos e respira fundo. Emily está tentando achar forças, então seguro a mão dela e ela continuar:— Eu estou grávida.

Chocado. Fiquei chocado. Em choque, paralisado, sei lá. Tento falar qualquer coisa que seja, mas nada sai. 

— Sim, sim. Eu sei, eu sou burra. Como isso foi acontecer.— Ela começa a chorar e a se desesperar.— Minha mãe vai ficar louca quando descobrir. Meu futuro já era. Meus sonhos, planos tudo vai por água a baixo. Não posso deixar isso acontecer.— Ela começa a enxugar as lágrimas.— Não, não, não posso deixar isso acontecer. Eu vou abortar.

— Ei!— Estremeço. Ela se assusta.— Abortar não é uma opção. 

Ela olha para minha cara e dá uma gargalhada irônica.

— Se abortar não é uma opção, o que eu vou fazer? Deixar meu futuro ir por água a baixo por causa dessa... desse, sei lá, dessa criança?— Ela disse revoltada.— Thomas, eu não tenho opção, se não essa.

Balanço a cabeça, inquieto.

—  Claro que não. Vamos achar uma solução. Quem é o pai?

Os olhos dela se enchem de água.

Eu sou diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora