Meu Porto Seguro

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O enterro acabou, cantei uma música que trás uma paz no meu coração.

Eu olhei a tristeza e sorrir...

Há lágrimas nos meus olhos? Sim, mas se você olhar direito o meu rosto vai ver que eu estou sorrindo.

Vovó, descanse em paz.

— Vamos, Bethany!— Me chama o Eduardo.

— Já estou indo, só mais um minutinho.— Insisto.

— A gente vai para casa do tio Victor, dá uma pressinha, por favor!— Responde Eduardo.

Olho mais uma vez para a lápide. Meu coração não quer dizer adeus.

[...]

Meu pai está lá em cima, conversando com tio Victor. Está muito tenso o clima aqui em baixo, estão todos calados, mas as cabeças deles estão cheias de pensamentos.

— Isabela, quem encontrou vovó? Você sabe quando ela estava tendo o ataque cardíaco. — Pergunto. Eu não sei de absolutamente nada do que aconteceu no dia.

— Eu estava indo para o meu quarto que passa pela porta do quarto dela. Ouvir o barulho de algo de caindo no chão e abrir a porta do quarto pra ver o que foi. Daí ela estava lá no chão com a mão no peito e a outra na escrivaninha tentado se levantar.— Ela para, respirar e continua com lágrimas nos olhos.— Eu não sabia o que fazer, eu liguei pra emergência e em quanto eles não chegaram eu tentei fazer uma massagem cardíaca nela. Se eu tivesse feito com mais força.

Ela se culpa, por algo que ela não tem culpa. A culpa assim como a raiva atrapalha a sua vida, ela te faz chorar se sentir culpado é muito terrível. Quantos jovens que se sentem culpados de mais, pecadores de mais para levantar às mãos para adorar a Deus. Jesus morreu na Cruz e levou toda a culpa. Todos os pecados foram perdoados, você não precisa se culpar.

— Isabela, você não tem culpa!— Diz minha mãe que a puxa para um abraço e depois enxuga as lágrimas dela.

Todos estamos em silêncio novamente.

— Vocês já arrumaram as coisas da vovó? — Perguntou Eduardo quebrando o silêncio.

— Não entro no quarto dela desde que ela faleceu.— Responde Isabela

— Mas você não vai arrumar as coisas dela?— Pergunta minha mãe.

— Vou ter que fazer isso alguma hora, mas está tudo muito recente. Não tenho forças pra isso agora.

— Eu posso fazer isso, se você quiser.— Digo.

— Eu posso ajudar a Bethany.— Diz Eduardo.

— Se vocês quiserem, tudo bem por mim.— Responde Isabela.— Na cozinha tem aqueles sacos de lixo preto grande, vocês colocam as roupas dela lá que depois eu mando para doação.

— Tá, eu busco o saco. Pode indo na frente Bethany.— Diz Eduardo.

Apenas concordo.

Quando entro no quarto sinto o cheiro da minha avó. É uma sensação boa, me lembra a infância. Olho para o lado e vejo a escrivaninha, tem um vaso quebrado no chão, tem terra no chão e algumas flores mortas, provavelmente estas flores eram margaridas. Chego mais perto e vejo em cima da escrivaninha um caderninho pequeno um pouco desgastado. Ele está aberto. Me aproximo e pego para ler ele.

            "14/03/2015

Querido diário,

Estou cada vez mais lenta. Minhas mãos tremem. Minha visão já não é a mesma. Minha neta Isabela é quem me lembra de tomar meus remédios. Mas eu estou muitíssimo feliz. Eu zerei a vida, vivi intensamente com Cristo. Tive um marido abençoado, uma família abençoado, uma vida abençoada. Passei por lutas, guerras, tragédias e perdas, mas continuou feliz. Eu posso dizer que o motivo de minha alegria é Deus. Não me arrependo de ter servido à Ele toda a minha vida.

Num mundo de iguais eu fui dife"

Estou chorando, quando o meu irmão chega.

— Bethany? O que foi?— Pergunta Eduardo.

Não consigo falar, apenas entrego o caderninho aberto na página. Meu irmão acaba de ler e vejo uma pequena lágrima descer pelo seu rosto. Ele me entrega o caderno e começa a procurar algo na escrivaninha. Ele parece te achando o que procurava. Eduardo me entrega uma caneta.

— Vamos completar o que a nossa avó não conseguiu.— Diz Eduardo. Concordo mexendo a minha cabeça.

Com as mãos tiro as lágrimas que atrapalhavam a minha visão.

Num mundo de iguais eu fui diferente.

Completo. Respiro fundo e sinto como se fosse a minha primeira respiração do dia.

— Ela é uma das minha inspirações.— Falo quase como um sussurro.

— A minha também.— Diz Eduardo.— Bethany, para com isso! Você só faz chorar, bora parar. — Eduardo se levanta e diz:— Porque a sua bunda ainda está aí sentada, levanta temos que arrumar esse quarto.

Dou um risadinha breve, o que deixa o meu irmão feliz. Sabe que isso já foi muito.

[...]

Minha vida é feita de dias longos. Pesadelos que parecem nunca passar. Mas qual é a pessoa que não tem problemas? Quem nunca pecou? Quem nunca chorou? Quem nunca sofreu? O que realmente torna um cristão diferente? O que te torna diferente não é por que você tem uma vida perfeita e sim como você lida com uma vida imperfeita. As pessoas do mundo todas vão lidar com a vida de um só jeito o jeito fácil, usam a mentira, a trapaça, podem até chegar a recorrer ao suicídio. Mas o cristão diferente lida com a vida do jeito certo, que o mundo chama de jeito complicado e difícil, mas não é. Lidar com a vida é simples muito simples basta obedecer aos mandamentos do Senhor.

Eu resolvo todos os meus problemas principalmente os sentimentais orando. E é isso que eu vou fazer agora. Já estou em casa, tomei um demorado banho, jantei e liguei o meu som portátil.

— Teu amor é meu Porto Seguro

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Teu amor é meu Porto Seguro...

Fecho os meus olhos e me concentro. Agora é o meu momento com Deus. A melhor parte do meu dia é chegar no final dele dobra o meu joelho e agradecer por mais um dia de vida.

— Obrigada Senhor, por ser o meu Porto Seguro!!— Agradeço sorrindo.


"Tiago: 1. 2. Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, 3. sabendo que a provação da vossa fé produz a perseverança; 4. e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma."

Eu sou diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora