I - As Visitas de Muito Longe

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Ano de 1500 segundo o calendário de Valhenda - Cidade de Austerial - Reino de Austerial

Me lembro como se fosse hoje. O sol sendo obscurecido por um sombra no céu, grandes chamas caindo sobre a cidade, pessoas correndo e gritando para todo o lado. Lembro, como se fosse hoje.

Meu nome é Auri. Na época eu tinha 10 anos, segundo a maneira de contar os anos dos Elfos de Valhenda. Vivia em um casa enorme na Cidade de Austerial, capital do Reino de Austerial, um reino que se estendia desde as montanhas do Vale Destruído até as praias do Mar do Ocidente. Bem, casa enorme seria apenas um apelido divertido de se falar; vivia na realidade em um castelo, pois meu pai era o rei do Reino de Austerial, Rei Aurian. Não era o maior castelo do reino, mas para mim era o mais aconchegante. Meu pai era a melhor pessoa que já conheci. Vi ele sair diversas vezes para batalha, em diversas guerras, e mesmo com a mão no coração, com medo de que nunca voltasse, ele sempre voltava. Lembro que ele sempre me dizia : "Sempre tenha esperança filho. Enquanto você tiver esperança, eu voltarei".
O povo o amava. Durante as batalhas e as campanhas de guerra, ele sempre gostava de estar se divertindo junto com os soldados. Diziam que ele nunca perdia em jogos de apostas. Além disso, estabeleceu excelentes relações com os Elfos de Valhenda, criou o livre comércio com os anões do outro lado do Mar Central. Acabou com as guerras entre os 3 Reinos, estabelecendo a paz entre eles. Os sábios das Cidadelas de Dorulen diziam que ele foi o melhor rei de Austerial desde Farorir, O Poderoso, que viveu há 300 anos. Para mim, que fui seu filho, posso garantir que você nunca vai encontrar homem melhor, ou guerreiro mais formidável, que ele.

Apesar de suas obrigações como rei, ele sempre reservou um tempo para sua própria família. Lembro de uma proclamação que ele fez ao exército, quando saíram para uma guerra : "Quando saírem para a batalha, lembrem para aonde é o dever de vocês voltarem. Lembrem do seio de vossa família". Me recordo que desde os 4 anos ele me levava para caçar no começo do dia, em uma pequena floresta ao norte da Cidade de Austerial. Foi meu pai que me ensinou a manejar uma espada e que me mostrou como o arco e flecha (apesar de eu não saber usar direito). Minha mãe, a Rainha Iliana, era a pessoa mais amorosa que já conheci. Tratava a todos os plebeus como iguais, isso em virtude dela também ter nascido plebéia, meu pai a conheceu durante uma caçada enquanto jovem, e apesar de todos da realeza se mostrarem contra, meu pai ainda assim casou-se com ela. Foi ela que me ensinou os valores da amizade e do amor, me ensinou a tratar todos como iguais. Com meus pais no comando do Reino, o reino prosperou como nenhum outro prosperou nos últimos 100 anos.

Prosperou até o dia em que eles chegaram.

Como eu disse eu ainda me lembro do dia como se fosse hoje.

Aconteceu no dia da Festa da Colheita, uma festa para agradecer aos deuses pelo alimento que conseguimos ter antes do inverno. Não sou religioso, nunca acreditei em deuses ou algo do tipo. Minha mãe tentou me ensinar, era uma crente fervorosa dá Fé de Todos, a religião de Austerial sobre o 10 deuses. A festa para os deuses sempre acontecia no mês de Juryn, o sexto mês do ano, em homenagem a Juryn, o Deus da agricutura. Nessa época a cidade ficava cheia de visitantes, comerciantes, e aqueles que vinham apenas acompanhar as festividades. No raiar daquele dia, eu ainda estava dormindo. Não podia imaginar como ele iria terminar.

Acordei com os primeiros raios de sol do dia passando pela janela do meu quarto e invadindo-o. A Senhora Rain batia freneticamente na porta tentando me acordar.

-Esta na hora de levantar pequeno príncipe!

-Só mais cinco minutos! - disse com a voz sonolenta.

-Nem um pouco a mais jovem! - pela voz dela, já estava dentro do meu quarto - O senhor seu pai já está esperando você para receber a Caravana vinda de Dorulen!

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