Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Valhenda, a terra dos Elfos - final do mês de Notrain, o décimo primeiro mês
-O que você faz aqui? - Nertorin perguntou, sua expressão um misto de raiva e surpresa.
Zeldruir estava parado na porta, sorrindo maliciosamente para o pai, quase o provocando. Meerla tinha uma expressão de tristeza, como se ela sentisse o peso de ter se voltado contra o pai pela primeira vez. Cyrus olhava para todos no salão, mas ele já não parecia o mesmo rapaz assustado de antes, ele havia mudado. Foi ele que veio em nossa direção, e Meerla o seguiu, apontando a flecha para o pai, fazendo com que ele se afastasse.
-Se afaste dele pai! - disse Meerla com firmeza.
Nertorin agiu de modo inconsciente, se afastando de mim, e seguindo em direção a Zeldruir. Ele olhava fixamente para o filho, como se planejasse ataca-lo a qualquer momento. Zeldruir caminhava tranquilamente, como se estivesse indo apenas dar um abraço no pai, mas seus olhos carregavam o ódio de anos. Os dois se encaravam, e eu sabia que a qualquer momento eles iriam lutar até a morte. A tensão ali era quase palpável.
-Auri, vá com Cyrus, ele já sabe o que fazer! Defendam a cidade! Eu cuido do meu pai!
-Você vai morrer tentando! - no mesmo momento, Nertorin desferiu um golpe em Zeldruir. Não imaginava que ele pudesse ser tão rápido, mesmo com aqueles ferimentos.
Peguei minha espada pronta para ajudar o pirata, mas Cyrus me impediu. Olhei para Zeldruir, e a expressão dele era clara : saia daqui! Mesmo relutante, segui Cyrus junto com Meerla. Olhei para trás no momento em que o som metálico das espadas se batendo ecoou pelo salão.
-Brum, fique...
-Ele será melhor para nós do lado de fora - disse Cyrus sem olhar para mim, enquanto corria para fora do salão.
Olhei para Brum, fazendo sinal para que ele saísse dali, e me virei e segui Cyrus.
-O que vocês estão fazendo aqui? - foi a única pergunta que consegui pensar.
-Eu os chamei aqui! - disse Meerla.
-Como assim?
-Estavamos contornando o Cabo dos redemoinhos, seguindo para o sul, em direção a Insengen, quando uma Fenixius chegou até nós em nosso navio. Era Meerla querendo se encontrar com o irmão.
Fenixius. Aves vermelhas como fogo, chamadas desse jeito em homenagem às antigas Fênix, por causa de sua coloração. Usadas muito como mensageiras, pois são extremamente rápidas. Nunca vi uma selvagem, e dizem que não existe, apenas em cativeiro, criadas para transportar mensagens.
-Chamei ele, para desabafar...sabe, sobre... Bem, você sabe, sobre nós! - percebi que era difícil para ela falar sobre o casamento - e foi quando ouvi os tambores! Aonde você estava Auri?
Respirei fundo.
-Estava com Orian e Mahel!
-Como assim? - Meerla estava atrás de mim, mas a indignação dela ficou evidente.
-Orian nos chamou para nos unirmos contra o pai dele e de Mahel, devolvendo cada reino a cada príncipe! Mahel aceitou!
-Isso é impossível! - disse Cyrus, e eu percebi que ele estava falando pouco e direto.
-Como assim? - perguntei sem entender.
-Mahel está em nosso navio nesse momento!
-Falei com ele há poucas horas, agora com certeza ele está no navio! - respondi como se aquilo fosse óbvio.
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As Crônicas de um Dragão
FantasiApós ver sua família morrer e ver seu reino ser destruído por uma horda de dragões; Auri, o príncipe de 10 anos; vê como que a única opção para sobreviver é sumir no mundo. Mas o que ele não esperava era fazer amizade com um filhote de dragão que se...