XIV - Irmãos

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2° dia de viagem

Uma vez, escutei de um homem na estrada que a "determinação de um homem define o que ele é". O que ele queria dizer com isso? Não sei, nunca entendi. Durante mais de 15 anos nunca soube o que essas palavras significavam, ou qual poderia ser minha determinação. Isso significava que eu não sabia quem eu era? Bem, não acho que seja o caso, mas considerando o meu retrospecto e considerando meus pecados, considerando tudo o que eu neguei, acredito que antes havia dúvidas de quem eu era, ou mesmo se eu merecia estar vivo. Mas a vontade de ver meu povo livre ascendeu minha vontade e me lembrou de onde venho, então, talvez hoje, eu realmente saiba quem eu sou. Mas, desde o dia em que desci em Wartford até hoje, dentro do Vingança de Warewood, nunca imaginei que encontraria alguém com uma determinação igual a minha. A diferença era que minha determinação era em libertar meu povo, e dessa pessoa, era escravizar meu povo.

Vi aquele navio se aproximar do nosso a medida que todos estavam nervosos, assustados dentro de nosso próprio navio. Zeldruir continuava sem falar nada. Então resolvi quebrar o silêncio.

-O que está acontecendo? Porque todo esse nervosismo por causa de um navio?

Duvido que um dia Zeldruir vá admitir, mas vi o medo em seus olhos, e apesar de achar que estava vendo coisas, vi um pequeno filete de suor escorrer pelo seu rosto. Todos no navio olhavam para seu capitão, esperando ordens que não vieram logo em seguida.

-Aquele é o Leviatã! Simples assim.

-E o que isso quer dizer? - perguntou Iliana ao meu lado, tão confusa quanto eu.

-Nenhum navio jamais sobreviveu ao Leviatã! - respondeu Baroja.

Antes que pudesse falar algo, Zeldruir tomou a frente, olhando fixo para o navio inimigo.

-Vocês com certeza viram ontem o velho Halian falando ontem sobre como perdeu a perna! - disse, apontando para o velho doido que contava histórias - Bem, ele perdeu a perna em uma batalha contra aquele navio. Ele foi o único sobrevivente, passando vários dias no mar antes que fosse encontrado por nós! Os vários dias a deriva no mar destruíram sua mente e hoje ele associa o Leviatã a um monstro do mar.

Olhei para Halian, imaginando tudo o que ele havia passado. Estava há um dia no mar, dentro de um navio seguro, e já havia tido meus desvaneios, imagina um homem que passou vários dias sozinho no mar aberto? Não conseguia imaginar isso.

O navio se aproximava cada vez mais, e Zeldruir ainda não dera nenhuma ordem para fugir ou para lutar. Olhei para os alçapões, imaginando libertar Brum e destruir aquele navio. Mas no mesmo momento algo martelou minha memória, algo que Iliana tinha me dito tempos atrás : "O Matador de Dragões". Se Orian estava mesmo dentro daquele navio e ele realmente era um matador de Dragões, poderia estar arriscando a vida do meu irmão, e isso não iria acontecer.

-O que há de tão especial nesse navio? - perguntou Iliana.

-Há alguns anos, surgiu em Ilhén um homem, inteligente, construtor de navios - disse Baroja - Esse homem criou um projeto de um navio indestrutível, invencível, para o Reino de Ilhén. Ele seguia para Orulem para apresentar seu projeto, para ajudar na guerra contra Elion. Ele nunca chegou ao seu destino. Seu corpo nunca foi encontrado. Dois meses depois, o Leviatã surgiu.

Não tive coragem de comentar, ou mesmo perguntar o nome do homem. A única coisa que eu sabia era que logo aquele navio estaria ao nosso lado, e precisávamos fazer algo rapidamente.

-Se ele é tão poderoso, vamos fugir logo! - eu disse, imaginando essa ser a melhor ideia, e escondendo o medo de perder meu irmão.

Todos olharam para mim e depois para Zeldruir, esperando a resposta dele. Entretanto, sua resposta me surpreendeu mais que seu próprio silêncio.

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