XXIV - A Floresta de Warewood

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Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Reino de Elion - Região do Vale Destruído, nas margens do Rio Morto - final do mês de Notrain, o décimo primeiro mês

-Você fala como se a vida deles não fosse importante!

Haganin, Mahel, Iliana, Fael, Emanuelle. Todos haviam sofrido por vários anos por causa de meus erros.

-São menos importantes do que a sua! - respondeu calmamente meu pai.

-Então porque tudo isso? - me levantei, apontando o dedo para ele e soltando todo a raiva que estava dentro de mim - porque todas essas lutas? O QUE FAZ COM QUE SEJAMOS MELHORES DO QUE ELES? - Disse, me referindo a Gorlan e Orian.

-Essas pessoas não são cavaleiros de dragões! Essas pessoas não são futuros reis! Essas pessoas não têm um reino para proteger! Mais vale 10 pebleus mortos do que um rei morto! Você é meu filho, e isso que realmente me importa!

Olhei para ele, e em seus olhos não havia vida, não havia nada. Seu rosto não demonstrava emoção nenhuma. Me impressionou o fato dele não demonstrar emoções, e me vi perguntando se isso não acontecia pelo fato dele ter se tornado um Imacus.

-Vamos embora daqui, não adianta continuar olhando para essa cena lamentável! Vamos vinga-los filho, prometo a você!

Em meio a lágrimas ainda, me lembrando daqueles que haviam morrido, me levantei e montei no cavalo, meu pai repetindo o gesto.

-Seguiremos pelo Rio Morto, até chegarmos ao sul do Vale Destruído, para nos encontrarmos com Brum. De lá, seguiremos ao sul pela Floresta de Warewood, em direção a Lagoa dos Deuses, e depois para Valhenda! A partir de agora até encontrarmos Brum, não paramos por nada. - disse meu pai passando os detalhes da viagem.

Esporei o cavalo para fazê-lo correr, e segui meu pai. As grandes campinas ao sul de Rioam apareceram novamente em nossa frente, após sairmos das matas. Corriamos tendo ao nosso lado o Rio Morto, e vi um tigre-gigante, um imenso animal de 3 metros de altura, duas caudas com um espigão em cada uma, e diversas listras por todo o corpo, que podiam ser de várias cores. Olhando, o vi ir tomar água no rio, e morrer logo em seguida. Sabia o motivo : aquelas águas próximas ao Vale Destruído eram poluídas e venenosas, por isso ninguém se aproximava daquele vale, nada sobreviva lá.

A lenda conta que há milhares de anos, o vale era o local mais fértil do mundo, onde as pessoas trabalhavam, produziam e vendiam alimentos para quase todos os locais conhecidos, desde Austerial até Insengen. Até o dia em que uma imensa pedra caiu do céu, destruindo diversas cidades e fazendo com que a terra se tornasse infértil, e o rio próximo se tornasse algo sem vida nenhuma. Então, pouco tempo depois, os Dragões se mudaram e ocuparam aquela terra, e nenhum humano nunca mais tentou domar o vale.

Corremos por quase todo o dia, e seguimos até o final da tarde, quando avistamos os Picos do Desesperado, que eram as montanhas mais ao sul do Vale. Apesar da tristeza, meu coração começou a bater de alegria pela expectativa de reencontrar Brum depois de tanto tempo. Chegando já o final da tarde e a noite começando a surgir no céu, vi um imenso corpo branco vindo voando em nossa direção. A medida que ele se aproximava de nós, vi que agora ele estava muito maior do que eu me lembrava, e comecei a me perguntar o que aconteceu em dois meses. Seu corpo estava maior, suas asas tinham duas vezes o meu tamanho e grandes chifres apareceram em sua cabeça.

"Irmãaaaaaooooo" - Brum gritou vindo em minha direção, e eu tive que pular para o lado antes que fosse atingido por ele.

-Também estou feliz de te ver gradão! - respondi dando um abraço em volta de seu pescoço.

"Você sumiu por dois meses! O que aconteceu? E o que são esses machucados?" - perguntou Brum.

-Em que mês estamos? - perguntei no momento em que a dúvida surgiu na minha mente.

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