XV - Principe Orian

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2 dia de viagem

Aprendi que o tempo não é algo fixo como todos pensam, mas algo bem relativo, dependendo muito do nosso momento, da nossa visão. Conversar horas com alguém interessante pode parecer que passou apenas poucos minutos, enquanto a apreensão de ver uma flecha sobrevoando um navio, indo em direção ao inimigo, pareceu demorar horas.

Do momento em que a flecha saiu do arco de Zeldruir, ninguém falou nada até o momento em que ela chegou ao navio inimigo. Com um velocidade impressionante para um humano, Orian tirou seu escudo das costas e usou ele para se proteger dá flecha que vinha em sua direção, diretamente para sua cabeça. Orian apenas levantou o escudo, e a flecha bateu nele e caiu direto no mar. Enquanto baixava lentamente o escudo, vi os olhos vermelhos de Orian brilharem numa intensidade totalmente nova, carregada de raiva.

Um sussurro veio dos lábios de Orian, um sussurro que nenhum de nós ouviu, e logo em seguida veio o grito - Matem! Matem TODOS!

-Bando de idiotas marinheiros! - gritou Zeldruir para todos no navio - O PRIMEIRO IDIOTA QUE RECUAR EU VOU DAR DE COMER AO KRAKEN!

Assim como Zeldruir tinha previsto, os homens do Leviatã saltaram para o navio em que estávamos usando diversas cordas soltas dispostas por todo o navio. Quase que imediatamente, os arqueiros começaram a disparar flechas, uma seguida dá outra, acertando muitos marinheiros enquanto eles ainda estavam no alto, fazendo eles caírem direto para o fundo do mar. Durante aquela viagem eu tinha visto alguns animais "diferentes", então sabia que aqueles que caíram no mar não seriam mais vistos.

E então os marinheiros subiram a bordo do Vingança de Warewood, e espadas apareceram tão rapidamente nas mãos dos homens quanto o olho era capaz de ver. O grito de bravura, como num sinal para mostrar que não tinha medo, perfurou nos ouvidos de todos. O desejo de morte preencheu o ar. E os homens começaram a lutar.

-Cyrus, cuide dos arqueiros, eu vou atrás do desgraçado que me chamou de "excluído"! - conhecia Zeldruir há apenas dois dias, mas mesmo assim, nunca o havia visto com tanta raiva.

-Mas...senhor... - As palavras fugiam de Cyrus, que eu percebi que tentava impedir o capitão de fazer aquela loucura.

-Mas nada! - rapidamente, Zeldruir correu em direção ao beiral do navio, segurou uma corda e subiu a bordo do Leviatã.

Saquei minha espada no exato momento em que uma espada curva, feita de aço, veio descendo na minha direção, e eu defendi o golpe rapidamente, colocando a espada entre meu peito e a espada inimiga. Iliana largou o arco e deu um golpe de cima para baixo, arrancando o braço esquerdo do marinheiro inimigo, e com um segundo golpe, subiu a espada rasgando do estômago até o peito, fazendo com que ele caísse morto no chão.

-Da para você acordar? - Iliana me disse, e antes que pudesse responder, vi um homem vindo em sua direção.

Puxei ela pela cintura, aproximando nossos rostos, sentindo a respiração quente dela. Estiquei meu braço direito e acertei o homem no meio do peito, no momento em que ele levantou o braço com a espada. Ela se livrou de mim e viu o homem caído no chão.

-É bom você acordar! - eu disse para ela, sorrindo.

Atacar. Defender. Esquivar. Atacar. Defender. Esquivar. Apesar de nossos esforços, não diminuía nem um pouco o número deles, e vi os nossos números diminuir a cada novo homem que entrava no navio. Parecia que a cada um que eu matava, aparecia dois para tentar me matar. Vi que começaram a me pressionar nos golpes, fazendo com que eu fosse para trás, e acabei ficando de costas com Iliana.

-Você está me atrapalhando! - ela disse quase que querendo mostrar um sorriso.

-Desculpe por tentar ficar vivo! - eu falei de volta para ela.

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