XXXII - Devos

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Espero que aproveitem esse capítulo que escrevi com muito carinho, e já começando algumas revelações, já que estamos no final já!!!!

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Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Valhenda, a terra dos Elfos - final do mês de Notrain, o décimo primeiro mês

A respiração ofegante. A imensa luz no céu. O cheiro de morte no ar. Os demônios em terra. A visão do inferno. O fim do mundo. E meu medo estampado no rosto...

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Momentos antes não conseguia imaginar o que aconteceria quando eu colocasse o primeiro pé dentro do templo, o que iria acontecer. O céu estava relativamente calmo, e se não fosse pela grande batalha do lado de fora da cidade e as gritarias dentro dela, a cidade estaria em paz e seria um perfeito momento para relaxar. Mas aquele não era o momento de relaxar. A despeito da guerra rolando do lado de fora da cidade, estávamos perto do fim do mundo.

Ninguém falava mais nada, mas no momento que dei o primeiro passo, todos me seguiram. O templo era enorme por dentro, com 6 grandes estátuas de Shishin servindo como alicerces para o teto, cada uma em uma posição diferente, com mais de 6 metros de altura. A medida que chegavam os perto das estátuas, percebi que as imagens entalhadas nelas se mexiam, como era o costume dos elfos artesãos fazer. As imagens contavam a história da criação do mundo, das guerras dos primeiros homens e o aprisionamento de Devos e seu exército.

O local estava em silêncio, a não ser pelo nossa andar no largo salão. O silêncio palpável no local me deixou apreensivo, fazendo com que eu tirasse minha espada da bainha sem haver um inimigo por perto.

-Esta com medo garoto? - perguntou Nertorin com uma certa malícia na voz.

-Pai, fica quieto... - Meerla começou a falar, mas foi interrompida por passos vindos do fundo do salão.

O salão se encheu de soldados elionianos, e fiquei me perguntando em que momento tantos deles atravessaram a cidade. Havia pelo menos uns 30, todos de armadura completa, com o escudo carregando o "homem matando o dragão", símbolo da família real de Elion. Estavam já com a espada pronta para atacar, mirando em nós. Eles se dividiram em duas filas a medida que entravam pelo salão, vindo da porta ao fundo que dava para o subsolo, e a medida que entravam, iam ficando lado a lado no fundo do salão, olhando para nós. No meio da fila surgiu Orian, trajando sua armadura negra, com o capacete debaixo do braço esquerdo e a espada na mão direita. Ao seu lado vinha Iliana, andando como se nada tivesse acontecido momentos antes.

-Olha que lindo, todos reunidos para o grande momento de meu poder! - disse Orian sorrindo -E tenho que agradecer a você, Auri, você tornou tudo isso possível! - ele estendeu os braços, como se tudo ao redor fosse dele.

Um barulho vinha do interior do Templo. Cascos. De trás de Orian surge um animal enorme, com o corpanzil branco, quase prateado, de um alce. Porém da cintura para cima havia o corpo de um humano de pele clara, com grandes chifres dourados retorcidos como se fossem galhos.

-Hodrin! - disse irritado por vê-lo novamente.

-Então nos encontramos novamente cavaleiro de dragão! - disse Hodrin - Faz tempo desde as Florestas em Watford!

-Quem é esse cheiro de bosta? - perguntou Zeldruir - e o que a espécie dele faz ao sul do Pântano?

Estávamos cercados. Havíamos caído em uma armadilha. Havia centauros nortenhos por todos os lados. Todos os líderes da guerra que me apoiavam estavam ali, prontos para matar a mim e a todos que me seguiram. Olhava ao redor, procurando uma saída, mas não havia nem uma brecha. Se quiséssemos sair, teríamos que lutar. Se fosse somente os soldados de Elion, teríamos chances. Contra centauros nortenhos, a história era outra. Saquei minha espada e logo todos aqueles comigo fizeram o mesmo.

As Crônicas de um Dragão Onde histórias criam vida. Descubra agora