XIII - Lendas de Marinheiros

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1° dia de viagem

-Quanto tempo de viagem daqui até Porto Rico? - perguntei para Zeldruir.

Havíamos passado a noite em Vila do Sol, esperando o Vingança de Warewood ser carregado para a viagem. O navio comportava pelo menos 100 pessoas, entre os mais variados tipos de raças. Havia humanos brancos, negros, mulheres, com costumes e sotaques que mostravam que eles era de terras que nem mesmo eu havia visto. Anões robustos, com barbas longas e cabelos compridos andavam de um lado para o outro carregando grandes caixas com especiarias, armas e todo o tipo de carregamento. Me impressionei com a força deles, as vezes carregando caixas maiores que eles sozinhos. Eu não era tão forte assim.

-Acredito que levaremos uns 4 a 5 dias, se os ventos forem bons! - respondeu Zeldruir.

-Ore para Réus, que ele mandará os ventos necessários! - respondeu Ficarin, um sacerdote dá Fé dos Quatro que navegava junto dá tripulação do Vingança de Warewood.

Era engraçado ver um sacerdote dentro de um navio pirata, mas Zeldruir dizia que era bom ter um para apaziguar os deuses. Ficarin era um homem de mais ou menos 30 anos, vestia uma túnica cinza com uma enorme cruz a frente, simbolizando os 4 Deuses. Não tinha barba e era careca, com olhos roxeados, e pele já bronzeada pelo sol do mar. Mesmo sendo sacerdote, era dado a bebedeiras, costume que ele não se impediu de adquirir dos outros marinheiros.

-Ha, não sou de sua fé! - respondeu Zeldruir.

-Mas olhe para o céu, capitão! - falou Ficarin numa voz suave, como se estivesse pregando - esta um lindo céu, não está?

Realmente estava um lindo céu. O sol estava brilhando forte naquela manhã, com ventos favoráveis para navegar. Pessoas aproveitavam o tempo e o calor no mar, se banhando. Várias lavotas, que eram pequenos répteis alados, do tamanho de pequenos pássaros e comuns nas praias, ficavam voando de um lado para o outro dá encosta, procurando insetos e peixes pequenos para comer. Eu mesmo, naquele dia, havia colocado uma simples camisa marrom e uma calça que ia até a altura dos joelhos, e estava de sandálias, porque o dia estava bem quente. Fiquei imaginando como o sacerdote Ficarin estava aguentando debaixo daquela túnica.

-Calma ae, 4 dias? - eu disse antes que Zeldruir pudesse falar.

Ele usava naquela manhã seu característico chapéu negro de pirata, com uma pena na ponta, que ele dizia ser de uma fênix. Os longos cabelos dourados estavam amarrados como em um rabo de cavalo. Uma camisa branca, folgada, com os botões abertos até a altura do peito. Uma calça preta e botas até a altura do meio da perna completavam o visual.

-Sim, quatro dias se os ventos forem bons... - começou a falar Zeldruir.

-Capitão, se os Réus permitir... - cortou Ficarin.

-... Cala a boca Ficarin - disse Zeldruir, que depois se virou para mim - Bem, veja só Ouri...

-É Auri - corrigi.

-Tanto faz! - Zeldruir as vezes me irritava, e eu conhecia ele há apenas um dia - não vamos para Porto Rico, como eu já lhe havia dito. Por mais que os navios de Elion não queiram atacar piratas, eles vão faze-lo se se sentirem ameaçados! Vamos para um vilarejo ao sul de Yin! É pequeno e perfeito para se esconder, para que você possa entrar em Austerial sem ser visto!

-E você garante que isso dará certo? - perguntei.

-Sou um elfo! Já viu um elfo errado? - Zeldruir disse abrindo o sorriso com os dentes perfeitamente enfileirados. Resisti ao impulso de que acabara de conhecer um elfo que errava.

-Estamos prontos Capitão Zel! - disse o Mestre do Navio, Baroja.

-Excelente Mestre Baroja, vamos partir então. - respondeu Zeldruir.

As Crônicas de um Dragão Onde histórias criam vida. Descubra agora