XXVII - Três Principes

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Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Valhenda, a terra dos Elfos - final do mês de Notrain, o décimo primeiro mês

Naquele momento, esqueci tudo o que havia lido no livro. Aquelas duas palavras me marcaram, e já não saiam mais de minha mente. "Estou viva". Ela estava viva. Iliana estava viva. Eu tinha certeza disso e iria encontra-la.

Sai da biblioteca carregando o livro comigo (escondido, claro), e com o bilhete em minhas mãos. Não falei com ninguém, apesar das tentativas da bibliotecária de saber o que eu carregava comigo.

Estava decidido a encontrar Brum e sair dali o mais rápido possível, para encontrar Iliana. Aonde a encontraria? Não sabia dizer. Não tinha a menor noção de onde ela estava. Mas sabia que tinha que encontrá-la.

Segui em direção ao sul da cidade, seguindo pelas largas e luxuosas ruas do centro até as humildes ruas da parte sul, e de lá, segui para o ginásio, aonde sabia que encontraria Brum. O dia estava claro, com o sol brilhando fortemente sobre minha cabeça. Todos os elfos da cidade usavam roupas pequenas demais, deixando amostra partes de seu corpo, por causa do calor. Enquanto me dirigia para lá, uma criança esbarrou em mim e saiu correndo. No mesmo momento, achei que tinha sido roubado, mas lembrei que não tinha nada de valor comigo (na realidade, tirando o livro, o bilhete e as roupas, não tinha nada naquele momento). Mas me espantei ao ver um bilhete jogado no meu pé. Esperando ser alguma coisa sobre Iliana, peguei-o e o abri rapidamente.

"Se deseja saber a verdade, me encontre hoje ao pôr do sol sozinho, fora dos muros da cidade, na parte sul! Sozinho!"

Me espantei com aquilo. As letras eram diferentes do bilhete encontrado na biblioteca, mas mesmo assim minha mente não parava de pensar que poderia ser Iliana. Segui para a arena e me encontrei com Brum. Vi ele lutando contra dois lobos gigantes, e os lobos não levaram a melhor. Brum jogou um contra a parede e o outro prendeu em sua pata. Ele abriu um sorriso quando me viu, mas seu sorriso se desfez quando viu minha cara de preocupação.

"Tudo bem irmão?"

-Leia isto! - entreguei o bilhete que achei no livro para Brum.

"Você sabe que eu não sei ler, né?"

Não estava com muita paciência para as ironias dele, então eu mesmo limo pequeno bilhete. Brum ouviu atentamente as duas simples palavras : "Estou viva". Ouviu também a história sobre como encontrei o bilhete sem falar nada.

"E?" - perguntou Brum como se aquela fosse a coisa mais idiota que eu já havia dito.

-E que Iliana esta viva!

"Isso não disse que ela esta viva"

-Bem, isso é bem obvio, não é?

"Pode ser apenas um bilhete esquecido num livro!"

-Vai desistir dela assim? - estava nervoso. Nervoso pelo fato que esperava outra reação dele. Nervoso porque queria que ele acreditasse em mim. Nervoso porque ele poderia estar certo.

Antes que ele pudesse responder, sai nervoso dali. Passei por Meerla, que tentou falar comigo, mas eu apenas a ignorei. Não sabia para onde estava indo, mas precisava ficar sozinho. Me dirigi para A Torre do Farol, uma enorme torre na parte oeste da cidade. Tinha vários metro de altura, quase tão alta que podia tocar o céu. Assim como todos os edifícios na cidade, a Torre era envolta por diversas madeiras entalhadas por elfos, onde as imagens se moviam contando alguma história. Tentei achar algo sobre a história que eu li antes, mas não vi nada. Vi apenas cenas de como os elfos construíram a Torre, para se colocarem acima das outras raças. Subi para o ponto mais alto para refletir. Comecei a imaginar tudo o que estava acontecendo comigo naquele ultimo ano. As batalhas que ganhei e perdi. As pessoas que conheci. O que mudou na minha vida. E Iliana. Mas no momento em que pensei nela, outra pessoa tomou meus pensamentos. Meerla. Mesmo que eu não quisesse ela estava la. Dividindo meus pensamentos junto com Iliana. E isso estava me matando por dentro. Enquanto refletia, deixei o calor do sol me aquecer enquanto eu admirava a vista da cidade.

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