XVI - O Homem Na Estrada

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Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Reino de Austerial - Vilarejo de Holf, em direção a Cidade de Yin - metade do mês de Sentium, o nono mês

"Vá para Valhenda".

As últimas palavras que Zeldruir me dirigiu ainda ecoavam em minha mente, me deixando pensativo.

"Tenho contas a acertar! Meu povo vem em primeiro lugar".

Minha resposta deixava claro qual seria minha decisão.

"Você quer respostas! Vá para Valhenda".

Apesar de tudo, ainda estava intrigado. O que era um Devos? Como se conseguia o poder do Dragão Primordial? Ou melhor, como os dois se relacionavam? E o que eles tinham a ver com o Reino de Elion e a libertação do meu povo? As perguntas surgiam em minha mente e tomavam meus pensamentos como um furacão toma uma cidade. Mas para mim, ficava intrigado mais ainda por elas existirem na minha mente, não conseguia entender o porquê. Me perguntava ainda o porquê de Brum ter aparecido na minha vida e o porquê de eu poder escuta-lo. Perguntas sem resposta, que eu precisava consegui-las.

"Vá para Valhenda! Quer respostas, vá para lá! Os elfos podem te ajudar!"

Sabia que lá conseguiria minhas respostas, mas meu povo vinha primeiro. Eu iria libertar meu povo, custe o que custar.

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Nos despedimos de Zeldruir e de seu grupo de piratas na Vila de Holf. Na batalha perdi todos os produtos e especiarias que eu trouxera para vender, estava apenas com a roupa do corpo, uma calça comprida, uma camiseta solta e minhas botas. Algum bandido do Leviatã havia roubado minha armadura que eu ganhei de Mahel, e minha espada eu deixei cravado em Orian a bordo do Leviatã, então perdi também. Iliana estava usando roupas parecidas, parecida com uma caçadora, com seu punhal e espada pendendo na cintura e seu arco nas costas.

-Vou sentir falta deles! - disse Iliana vendo o navio partir.

"Vá para Valhenda".

Não gostava que ninguém mandasse em mim, sabia o que eu devia fazer é o faria.

-Não vou sentir falta nem um pouco! - eu disse firme, vendo o navio sumindo no horizonte.

"Eles são legais! Gostava do navio, por mais incrível que pareça, era bem espaçoso"

-Acho que ainda vamos nos ver novamente! - eu disse - bom, vamos andando! Está na hora de irmos para Yin e depois seguir para Austerial!

"Eu preferiria não ir com toda essa roupa".

Brum teve que ser disfarçado, porque eu sabia que ninguém ali ficaria muito feliz em ver um dragão. Suas asas foram presas com um cinturão e uma enorme manta foi colocada sobre ele, de modo que ele parecia um animal de carga de alguma terra distante, que era o objetivo. Uma sela foi colocada sobre ele, apenas para disfarçar melhor.

-Você sabe porque precisa disso, irmão!

-Eu estaria reclamando se fosse ele, deve ser horrível isso. - disse Iliana.

"Ainda bem que alguém me entende!"

-Não dá corda para ele, por favor! - eu disse rindo para Iliana.

Ela apenas mostrou a língua para mim. Até tentando ser chata ela ainda era linda.

-Vamos sair daqui então? - eu disse nos virando em direção a vila.

Holf era vila pequena. O cais aonde descemos era pequeno, aonde cabia apenas um navio por vez, além disso era velho, o que mostrava que não era muito usado. Próximo a praia havia diversas tavernas e barracas, mas todas bastante velhas. As casas ficavam um pouco mais afastadas, mas a vila não era muito grande mesmo, então não havia muitas. O que mais me chamou a atenção ali era os diversos soldados espalhados pela cidade : soldados de Elion, com o escudo de Elion em suas armaduras, o dragão morto no fundo vermelho. A face dos moradores também me chamou a atenção, uma face triste, com medo. Nenhum deles se importou em ver uma enorme fera passando pelo meio dá cidade. Isso nos ajudou de​ certa forma a passar pela vila sem chamar a atenção.

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