Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Cidade de Quelain - Reino de Ilhén
-Por que vocês não vão voando? - perguntou Iliana.
Estávamos na estrada fazia algumas horas. O sol esquentara e a neve derretara um pouco. Por sorte não vimos mais nenhum bandido ou centauro pelo nosso caminho. Aparentemente, nossa viagem até Quelain iria ser bem tranquila. Esperava ir até lá, vender algumas especiarias e iguarias, me reabastecer e depois seguir viagem para o sul. Sabia que a passagem pelo Pântano Maretri não seria fácil, a Cidade de Águas Sujas não era a melhor do mundo. O melhor mesmo era ter os suprimentos necessários.
-Bem, não queremos que Brum seja reconhecido, né? - respondi.
Iliana havia decidido viajar conosco. Ela também desejava voltar ao sul, então para ela era mais fácil viajar com um dragão ao lado dela (sim, percebi que para ela eu não oferecia nenhuma proteção). Seus longos cabelos negros estavam amarrados em um rabo de cavalo. Pela a temperatura ter subido, ela não estava usando a sua blusa de pele de animal, ela estava usando por baixo apenas uma camisa sem mangas, e pude ver pela primeira vez seu belo corpo, com curvas que um homem poderia ser perder facilmente, pele branca que parecia a neve, de tão macia. Percebi que em seu ombro esquerdo havia uma cicatriz, como se estivesse em uma briga com um cervo.
-Chegaríamos mais rápido... - insinuou Iliana.
"Ela é bem folgada né?" - disse Brum sussurrando para mim. Não entendi porque ela sussurrou, ela não iria entender mesmo.
-Ah, com certeza ela é! - disse para Brum.
-O que ele disse? - perguntou Iliana, sorrindo.
-Ah, nada não! - eu disse, rindo.
Enquanto viajava na estrada, sempre usava um enorme manto sobre Brum, para ninguém reconhece-lo. Diversas bolsas e malas estavam colocados sobre seu dorso, e suas asas ficavam presas, para ninguém perceber.
Continuamos andando pela estrada, tendo o Rio Pequeno a nossa direita. Pelo que eu conhecia, estaríamos em Quelain antes do meio da tarde. As árvores em volta estavam sem folhas, e os galhos estavam com a neve quase toda derretida. Alguns animais foram vistos correndo, e vi o quão boa Iliana era com o arco e flecha. Vi ela atirar três flechas ao mesmo tempo, uma acertou um coelho, outra um pato e outra um cervo.
-Duvido você acertar um inseto! - disse desafiando ela.
Sem falar nada, e mantendo os olhos fixos em mim, ela tirou um arco da aljava, colocou no arco e esticou a corda. Ainda mantendo os olhos em mim, ela soltou a corda e a flecha voou.
-Ha, errou! Nem sabe aonde atirou! - eu disse, acreditando que estava certo.
-Errei é? Olha de novo! - disse Iliana confiante.
Brum seguiu aonde a flecha parou, e depois se virou para mim.
"Ei Auri"
-O que?
"Dá uma olhada aqui!"
Quando eu olhei, vi na árvore a flecha presa na árvore, e na ponta, havia uma mosca nela. Fiquei sem saber o que falar.
-Bem, você estava duvidando do que mesmo hein? - disse Iliana, sarcasticamente.
Decidi não desafiar ela mais.
Continuamos andando por mais algumas horas, Iliana ainda atirando flechas para se divertir e praticar a mira.
-Porque você tem apenas uma luva na mão direita? - perguntou Iliana olhando para minha mão.
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As Crônicas de um Dragão
FantasyApós ver sua família morrer e ver seu reino ser destruído por uma horda de dragões; Auri, o príncipe de 10 anos; vê como que a única opção para sobreviver é sumir no mundo. Mas o que ele não esperava era fazer amizade com um filhote de dragão que se...