XXX - A Batalha por Valhenda

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Ano de 1515 segundo o calendário de Valhenda - Valhenda, a terra dos Elfos - final do mês de Notrain, o décimo primeiro mês

-O que... - estava desnorteado, surpreso com a chegada de Nertorin.

Ele estava em pé, na minha frente, imponente. Sua perna ainda estava sangrando por causa do ferimento de nossa luta, e vários novos ferimentos estavam por seu corpo, provavelmente por causa da luta com Zeldruir. Mas sua velocidade era impressionante, e seu semblante estava diferente, estava radiante.

-Vai ficar deitado aí o dia inteiro ou vai fazer alguma coisa? - ele me perguntou, os olhos focados nos inimigos a frente, o desejo de luta estampado no rosto.

-Brum... - foi tudo o que eu consegui dizer olhando para o corpo enorme do dragão a minha frente, inconsciente.

-Se você ficar parado aí, ele terá morrido em vão! - disse Nertorin.

-ELE NÃO MORREU! - Gritei para ele ao ouvir aquelas palavras.

Olhei para seu corpo. Sangue escorria pela barriga vindo do enorme ferimento. Minhas mãos, antes brancas, agora estava em vermelho escarlate. Minhas lágrimas escorriam pelo rosto como cachoeira. Não sabia dizer o que faria sem Brum ao meu lado.

Nesse momento senti uma mão macia me tocar levemente no rosto, limpando uma de minhas lágrimas. Olhei e vi Meerla, que me olhava não com sentimento de pena, mas de esperança.

-Deixe-o comigo! - ela disse suavemente - pegue-os!

-Mas... - não queria sair do lado de Brum.

-Você confia em mim? - ela disse me olhando nos olhos, e um sentimento de paz me preencheu.

-Sim - disse simplesmente.

-Então lute por mim... - ela ficou um tempo me encarando, e logo depois acrescentou - ...e por Brum - ela adicionou envergonhada.

Olhei para ela, agradecendo pela pessoa que ela era. Me levantei, e segui para o lado de Nertorin. Ele me entregou uma espada longa, de ponta triangular, de aço puro. Não havia muitos detalhes, mas era simples e boa suficiente para batalhar.

-Resolveu lutar contra os verdadeiros inimigos? - perguntei irônico.

-Resolvi te matar depois deles! - ele me respondeu, apontando para o exército a nossa frente.

-Então, somos apenas nós...contra eles? - perguntei esperançoso que a resposta fosse não.

As chamas de Brum se dissiparam, fazendo com que os répteis ficassem calmos. Atacaaaaaaaaar, veio o grito dos exércitos de Elion. O tempo pareceu desacelerar naquele momento. Estava apenas eu e Nertorin contra um exército enorme. Sabia que os elfos estavam dentro dos muros, mas não sabia se eles viriam em favor de seu rei. Mas, se Nertorin foi convencido a lutar, talvez eles tivessem sido também. A cada passo dos animais, mais perto eu via a hora da minha morte. Olhei para Brum ferido, e para Meerla tentando salva-lo. Meu coração acelerou quando vi ela, e ela sorriu de volta para mim, como se estivesse dizendo que tudo ficará bem. Você não deve pensar nela Auri, disse para mim mesmo, Iliana está viva, e você vai encontra-la. E para encontra-la eu precisava de meu irmão. Saquei minha espada, pronto para lutar. Sabia que iria morrer, mas sabia que Iliana iria querer que eu morresse lutando.

-Não tema garoto! - disse Nertorin, com um sorriso no rosto - vê a ponte! Em lugares estreitos o que importa não são números, mas sim a determinação!

No mesmo instante, os portões da cidade se abriram, e o enorme exército de Valhenda, liderados por Zeldruir, rompeu em fúria passando por nós e atacando os exércitos de Elion. Olhei para Nertorin surpreso.

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