Extra 11

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- Mamã, mamã ! – O João entrou pelo meu quarto a dentro gritando.
- Filho, o quê que a mãe já te avisou? – Parei de pentear o meu cabelo encarando-o.
- Bater à porta, já sei mamã. – Ele bufou. – Só queria avisar que o papa já chegou e está na sala com o mano. – Ele sorria de uma maneira tão radiante.
- A mamã já vai descer. Avisas o papa para esperar um pouco? – Abaixei-me para lhe dar um beijo na bochecha.
- Sim mamã. – O seu olhar era tão brilhante – Uaaaau estás tão linda, mamã!!
Eu sorri ao seu elogio e agradeci com um abraço e ele logo saiu do quarto tão apressadamente como entrou.
Voltei-me a olhar ao espelho e um sorriso escapou dos meus lábios. Ele cumpriu mesmo a sua promessa. E só esse pequeno gesto significou tanto!
Ele foi buscar os nossos filhos à escola tal como tinha prometido e passou o resto da tarde com eles. Depois veio-os trazer a casa e ele foi para a casa da mãe tomar um banho e está novamente aqui para irmos jantar todos juntos. Como uma família.
Sinto-me feliz.
Não quero ter qualquer esperança de que as coisas ficam bem mas eu quero aproveitar a noite de hoje. Quero ver os meus filhos felizes. Quero estar com o homem que amo. Quero-me sentir feliz.
Estou-me arranjar mais do que o costume. Confesso que quero estar bonita para o Niall, quero que ele me olhe com aqueles seus olhos azuis brilhantes e apaixonados como antigamente.
Vesti um vestido rosa bem claro, tinha um corte bem simples e caía um pouco acima dos joelhos fazendo uma espécie de balão. Fiz uma maquilhagem simples e pintei os meus lábios de bordô, não me lembro da última vez que me pintei…
Calcei umas botas com um pequeno salto e agora estava a fazer uma trança deixando uma mancha de cabelo para cada lado da minha face.
Perfumei-me um pouco mais e saí do quarto depois de pegar no meu casaco e na minha mala.
Estou nervosa, ainda não o vi mas parece que já sinto o perfume dele pelos cantos desta casa.
Quando cheguei à sala, gritos e risos preenchiam todo aquele espaço.
O barulho era consequência de uma luta entre os três homens da minha vida. Os pequenos estavam a saltar para cima do Niall, em cima do sofá, enquanto ele tentava-lhes fazer cócegas.
- Crianças? – Chamei atenção deles tentando não rir.
- Eu ganhei! – Afirmou o Noah.
- Não ganhaste nada! – Protestou o João.
Já o Niall permanecia calado enquanto me olhava sem reação. Confesso que tudo tivera acontecido tal como eu tivera imaginado.
O olhar estava lá, tão brilhante como antes. Um sorriso foi aparecendo no seu rosto enquanto ele me olhava de cima abaixo, mas quando o seu olhar tocou no meu foi algo tão intenso que me fez corar dirigindo o meu olhar para o chão.
- Estou pronta. – Sorri e o meu olhar caiu sobre os meus filhos.
- Estás... – A sua voz saiu baixa mas logo ele limpou a sua garganta. – Estás linda. – O Niall falou enquanto se levantava do sofá ainda me olhando da tal maneira que faz as minhas pernas tremer.
- Eu disse papa! A mamã está linda. – Ele continha um sorriso orgulho nos lábios.
- Tens razão filhote, a mamã está maravilhosa. – Ele engoliu em seco e caminhou até mim mas parou pelo caminho como se algo o travasse.
Eu percebi que ele não sabe o que fazer. Acho que nem eu sei como reagir.
A última vez que estivemos juntos discutimos depois de uma noite tão boa de amor. Depois disso já tivemos altos e baixos, agora eu não sei qual a nossa altura.
Mas temos de começar por algum lado, certo? E eu disse que esta seria a última oportunidade que lhe dava, ao menos vou deixar que a oportunidade seja livre.
Caminhei até ele, beijei a sua bochecha e dirigi-lhe um pequeno sorriso.
- É bom ver-te. – Disse baixinho.
Ele ficou admirado com a minha iniciativa, eu mesma não sei como dei o primeiro passo mas bem, alguém tinha de tornar o ambiente menos constrangedor.
Um sorriso foi aparecendo nos seus lábios e ele logo beijou a minha testa.
- É bom estar de volta. – Ele nunca perdeu aquele seu sorriso reluzente. – Estás incrivelmente linda.
- Obrigada. – Agradeci sem jeito corando.
É de loucos sentir-me assim! As minhas borboletas atacaram o meu estômago de uma maneira turbulenta fazendo as minhas pernas tremer e o nervosismo aparecer.
Eu continuo tão apaixonada por este homem!
- É bom ver que depois destes anos todos ainda te faço corar. – ele brincou mas eu senti-me acarinhada.
- Shiu… - Bati no seu ombro e ambos rimos.
- Tenho fome mamã! – O João queixou-se.
Ele saí totalmente ao Niall! O meu filho é tão comilão que a hora de comer é sagrada para ele.
- Vamos embora então, meus amores. – O Niall falou enquanto nos dava passagem e começamos a andar. – Vamos no meu carro.
Eu não protestei, hoje era a nossa noite. A noite dele. A tentativa. A oportunidade.
- Onde vamos? – Perguntei vendo os meus bebés a correr pela rampa até ao portão de nossa casa – Pequenotes, calma. Tenham cuidado. – Avisei-os.
- Prometi que levava os nossos filhos ao Nando’s, espero que não te importes. – Ele parecia receoso com o que eu poderia achar do local.
O seu corpo caminhava junto ao meu, as nossas mãos tocavam-se ao de leve mas não se uniram.
A união requer tempo e paciência. Requer fazer o certo.
- Tudo bem. Claro que os nossos filhos tinham se sair ao comilão do pai! – Brinquei e ambos caímos em gargalhadas.
- Mas em compensação, eles são amorosos como a mãe. – Ele olhou-me e eu sorri.
- Nem sempre sou amorosa. – Encarei-o.
- Nem sempre as pessoas merecem o nosso melhor. – Ele falou baixinho e eu fiquei a olha-lo enquanto ele abria a porta do carro para os nossos filhos entrarem.
Logo ele veio a correr até à porta do pendura e abriu-a.
- Agora a mulher mais linda do mundo. – Deu-me passagem, sorrindo e eu entrei no carro.
Ajeitei o meu vestido assim que me sentei e meti o sinto. Logo ele se sentou no lugar do condutor e meteu o carro a trabalhar.
Durante o caminho, as músicas infantis que os nossos filhos costumam ouvir, e adoram cantar, tocavam e a voz daqueles três seres soava por cima dela. Meu deus, como eles são barulhentos a cantar!
Eu fiquei somente apreciar toda aquela cena e como o Niall imitava os animais a cantar e os nossos filhos pareciam as crianças mais felizes do mundo.
Eu já me sinto a mãe mais feliz do mundo.
Quando chegamos ao restaurante estava tudo animado, senta-mo-nos numa mesa de formato redondo onde o sofá era uma meia-lua. Eu fiquei numa ponta e logo depois o Niall. Ao lado dele estava o Noah e ao seu lado o mano mais velho que garante que é um irmão protetor e já um homenzinho. Tenho muito orgulho na criança maravilhosa que o João se está a tornar.
- E tu o que fizeste, João? – O Niall perguntou ao filho, que contava uma história que se tivera passado à uns dias na sua escola.
- Eu perguntei ao Tom se gostava que gozassem com o irmão dele. Que não era por o John gostar de brincar com as meninas que ele tinha de ser desquinimado.
- Descriminado, amor. – Corrigi-o rindo.
- Isso, mamã. – Ele soltou um sorriso nervoso.
- E depois, amor? – O Niall perguntou-lhe.
- Disse que ele ainda era uma criança e puxei o John para brincar comigo. – Ele falava, orgulhoso da sua ação.
- Fizeste uma boa ação filho, é assim mesmo. Não importa a cor, não importa os gostos, nem o estado social, temos de ser amigos de toda a gente e o pai quer que respeites toda a gente de tal maneira. Se fores um bom menino, só receberás coisas boas da vida.
- O que é estado social, papa? – O Noah perguntou de boca cheia.
- É a pessoas ricas e as pobres mano, daaah! – O João respondeu e eu o Niall caímos em gargalhadas.
- O mano gande és tu oh. – Ele falou chateado e o Niall logo beijou o canto da testa do nosso pequeno e sorriu-lhe.
- Nem todas as pessoas têm tanto como vocês, amor. Nem todos os meninos têm casas grandes como a nossa, nem tantos brinquedos como vocês. Há pessoas que não têm tanta comida como vocês mas isso não as faz diferentes de vocês, entendes Noah? Essas pessoas muitas vezes precisam de ajuda, de um amigo e eu quero que sejas amigo dessas pessoas. Quero que as diferenças sejam um motivo para te aproximares das​ pessoas e não que te afastarem delas.
- Eu entendi papa. Se eu vir um bebé sem binquedo, eu teno que dar o meu. É isso?
Eu sorri com a sua dedução.
Eu estava totalmente emocionada com a preocupação dos meus bebés sobre este assunto e com a dedicação do Niall em lhes dar esta lição.
- Se lhe dares o teu brinquedo for a solução que achares melhor, então acho que o deves fazer.
O Noah simplesmente sorriu e levou uma perna de frango à boca.
- Estou tão orgulhoso dos nossos pequenos. – Ele sussurrou virando a sua cara para mim e deixando a sua mão cair sobre as minhas pernas cruzadas.
Eu não me movi e muito menos tenho intenções de tirar a mão dele de cima de mim.
- Eles vão ser uns bons seres humanos. Estamos a fazer um bom trabalho. – Eu sorri-lhe.
- Eles são tão inteligentes. – Ele continuou a falar enquanto sorria orgulhoso.
- E unidos. Tinha medo de não conseguirmos ser uns bons pais mas até que nos safamos bem. – Eu brinquei.
- Tu és uma ótima mãe. Nunca imaginei que fosse diferente. – A sua mão acariciou a minha perna e eu dirigi-lhe um sorriso.
A sua mão quente confortava a minha perna e eu estava-me a sentir bem com isso. Não sei se faz muito sentido esta aproximação e talvez possamos confundir a cabeça dos nossos filhos mas eu só quero sentir que somos uma família.
Hoje nada parece ter mudado.
O Niall foi pagar a conta quando o Noah já dava ares de cansaço, e já estava a ficar tarde pro João também. Ele amanhã tem escolinha.
Mete-mo-nos no carro e esta viagem para casa foi mais silenciosa.

Irresistible 3   (Acabada)Onde histórias criam vida. Descubra agora