Extra 2

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- João, vem cá à mãe por favor. – Chamei-o da cozinha.
Ouvi os seus pezinhos a ecoar pela casa, numa corrida rápida.
- Sim, mamã? – a sua voz  fina soou atras de mim.
- Está na hora do teu charope, amor. – ele assentiu às minhas palavras e caminhou até mim para o sentar sobre a mesa da cozinha para que ficasse à minha medida.
Quem diria que o meu príncipesinho já tem 6 aninhos e já entrou para a primeira classe. Estou tão orgulhosa dele.
Desde que o Niall foi embora, o João tomou a rédeas da casa, ajuda-me em tudo que consegue com o Noah. Ele é um bom irmão mais velho e parece perceber que eu e o pai já não somos um casal.
Já o Noah ainda chama muito pelo pai, como se explica a uma criança de 4 anos que o pai simplesmente tem outra vida agora?
- mamã ainda tenho de tomar mais charope? Já não tenho tosse. – aqueles seus olhinhos grandes azuis encararam os meus. Olhar para o João é olhar para o Niall, digo isto sem exageros.
- hoje já é o ultimo dia, sim? A mamã sabe que não gostas nada, mas já te expliquei que isto ajuda na tua constipação. Não queres ficar melhor?
- quero mamã, mas eu já estou melhor e aquilo sabe mal. – fez uma careta enquanto apontava para a embalagem do charope agora pousado em cima da bancada da cozinha.
- eu sei amor. – ri da sua carinha. – vem cá à mamã.
Peguei-o em meus braço e logo ele me abraçou. Este meu filho já esta pesadinho para mim mas enquanto eu o conseguir segurar em meus braços, ele será sempre o meu bebe.
- está na hora da caminha amor, o Noah também já dorme.
- mas eu sou mais grande, mamã. – ele assentiu com um sorriso na cara. – e hoje é sexta.
- sim amor, é sexta mas amanha não queres aproveitar o dia com o papa? – perguntei-lhe enquanto apagava tudo no andar de baixo e começo a subir as escadas pro andar de cima.
- sim, tenho saudades dele. O que achas que vamos fazer? – ele perguntou-me entusiasmado.
- não sei filhote, o pai não me disse… mas aposto que vai ser muito fixe! – sorri mantendo o entusiasmo dele.
- no outro dia o papa disse que me ia levar ao seu cabeleireiro. O meu cabelo já está grande mamã, quero um penteado igual ao do papa. – ele falou passando as suas pequenas mãos pelo seu cabelo, mostrando um ar vaidoso. Como ele sai ao pai! O João tem aquele mesmo olhar safado e maneira meiga do pai, tudo o que este rapaz quiser, ele vai conseguir. Eu acredito nisso.
O Noah, apesar de ter os olhos claros do pai, as suas feições são mais parecidas a mim. É uma criança linda com um sorriso encantador, os seus cabelos são castanhos bem encaracolados tais como os meus e dizem que o seu rosto é igualzinho ao meu, embora eu veja características do niall bem vincadas no nosso filho mais novo.
- amanhã pedes ao papa e ele leva-te lá. – pisquei-lhe o olho enquanto o pousava em cima da sua caminha.
- achas que o papa ainda gosta da mesma maneira de mim e do mano? – os seus olhinhos pediam auxílio.
- eu tenho a certeza que ele vos ama cada vez mais, meu amor. – eu fiz o melhor sorriso que consegui – mas sabes que com a nova carreira a solo do papa, ele tem de viajar para muitos sítios.
Como tento convencer uma criança de que tudo está bem quando nem eu entendo como estão as coisas? Mas a minha única preocupação é a felicidade dos meus filhos, e eu sei que o Niall os ama.
- está bem mama. – ele esboçou o seu maior sorriso enquanto bocejava.
- vá amor, agora é a hora de dormir. – aconcheguei-o bem na cama e beijei a sua testa – amo-te meu príncipe.
- amo-te mamã. – ele sorriu de olhos fechados e eu sai do quarto dele fechando a porta.
Encostei-me à parede fria do corredor escuro, e deixei o meu corpo cair, escorregando até encontrar o chão e me sentar nele. Lágrimas queriam ser libertadas mas eu engoli o choro uma e outra vez.
Sinto a falta do Niall, sinto um enorme cansaço para não falhar em nada, para cuidar de tudo e para não ter de cuidar de mim. Mas amanhã irei vê-lo e sempre que estou no mesmo espaço que ele, eu fico nervosa.
Já tomei a minha decisão, a mais difícil que alguma vez tomei, mas a mais necessária. A vida que tínhamos já não era uma vida, se é viver para sobreviver, prefiro o fazer sozinha. Sem mentiras, sem espera de presenças, sem um amo-te que agora eu sei que não chegará.
Acabei com os meus minutos de fraqueza, levantei-me e fui até ao quarto do Noah, vendo-o a dormir profundamente. Um sorriso escapou dos meus lábios quando o meu dedo passou pela sua bochecha gordinha e ele fez um leve sorriso. Eu sou completamente apaixonada pelos meus dois filhos.
Desci até ao andar de baixo e fui fazer um chá. Sinto-me demasiado inquieta para conseguir dormir.
Peguei na minha caneca, vesti um casaco e dirigi-me até ao jardim.
A noite estava fria, como é normal no inverno, mas aquele vento frio que me batia na cara sabia muito bem. Caminhei até ao baloiço situado no canto do jardim e sentei-me contemplando as estrelas.
Estava uma noite linda, tinha vontade de congelar o tempo e ficar assim por horas. Preciso de sossego e de conseguir respirar.
O meu telemóvel soou no meu bolso e logo vi que era uma mensagem do Niall.
“Cheguei agora a Londres.” O que isso me importa? Quando eu estava à tua espera não me davas tu justificações.
“Ok.” Respondi e guardei o telemóvel.
O que quer ele agora? Foi ele que quis andar pelo mundo e cagar completamente para nós. Foi ele que andou por ai a brincar ao golfe sem pedir qualquer opinião. Foi ele quem começou uma carreira a solo sem sequer me perguntar o que eu achava disso. Foi ele quem andou dias e dias fora de casa, sei lá com quem, e mal dava noticias. Foi ele que nos levou à nossa separação, agora que não espere que tenha as portas desta casa abertas para ele.
Recebi nova mensagem, Niall.
“Achas que dá para passar por ai?” ele tem uma lata!
“Acho que devias de ir dormir. Combinamos que vinhas buscar os teus filhos amanhã, por isso até manha.” Respondi com as minhas mãos trémulas.
“Eu queria conversar contigo. Sinto-me a sufocar, precisamos de falar sobre nós.”
Não chores (t.n), ele não merece! Como ele pode sequer pensar que eu tenho mais para lhe dizer do que já disse? Eu quero-o longe de mim!
“Vai falar com quem estiveste todas aquelas noites em que eu, feita burra, ficava à tua espera em nossa casa. Acabou Niall, já disse tudo o que tinha a dizer.” Sentia um nó na garganta, não consegui segurar mais as minhas lágrimas e elas começaram a cair silenciosamente.
“és tão teimosa caralho! Se é assim que queres, eu faço-te a vontade!! Amanha as 10h estou aí para buscar os nossos filhos.” Vai-te foder Niall!
“Ok.” Respondi não esperando mais nenhuma resposta.
As minhas lágrimas continuaram a cair, o meu olhar viajou das estrelas até à minha casa observando-a.
É triste ver que em tempos fui a mulher mais feliz do mundo, fui realmente muito feliz mas tudo se desmoronou.
O final feliz não existe, não nos adianta de nada esperar pelo final porque ele nunca vem. As coisas começam e acabam e a vida continua.
As promessas são feitas nas horas certas e quebradas quando percebemos que elas não são algo em que possamos confiar. As promessas são feitas para nos iludir de que as coisas podem sempre estar bem, mas a vida​ tem altos e baixos e eu provei o sabor da montanha mais alta do universo e agora sinto-me em queda livre.
Nunca mais irei prometer nada, a promessa é a melhor amiga da mentira.
Aprendi que quando não há garantias de nada a vida é melhor. A luta é constante e não damos nada por garantido, tenho de lutar dia apôs dia para ter o que realmente queremos.
E ele já não me queria mais.

O que acharam do capitulo? O que acham da reviravolta da história?? Quero muitas opiniões e sugestões amores!!
Como correu o vosso natal? Eu adoro esta altura do ano!! 🎄😍
Se quiseres falar comigo deixo aqui o meu instagram: @jessantoslou
Beijinhos, e muito obrigada pelo carinho!! Ly ❤❤

Irresistible 3   (Acabada)Onde histórias criam vida. Descubra agora