Os meus olhos estão pesados, a minha cabeça está a lascar com tanta dor e o meu coração está reduzido a nada.
Sinto-me um monte de nada.
Fui humilhada pela pessoa que mais amo e sem razão aparente. É tão injusto que a vida nos pregue destas partidas quando pensamos que chegamos a algo bom.
O que serei eu daqui para a frente? Quem sou eu agora? Uma mulher humilhada? Uma mulher magoada? Uma mulher sozinha? Serei ao menos uma mulher?
O meu peito dói de tanto choro, mas se essa fosse a dor maior…
Posso ver pelo vidro do carro que o sol está aparecer e com ele não vem uma solução para a minha cabeça. Já pensei demasiado, por horas até, e não sei o que fazer. Ou melhor, eu sei o que fazer, dói só de pensar.
Ele magoou-me muito. Magoou-me com gestos e palavras.
Ele nem me quis ouvir. Também qualquer coisa que eu dissesse ele iria usar contra mim.
Como uma pessoa que me acusou de não o ouvir me faz o mesmo? A vida é tão cliché.
Valente karma! Parece que os papeis se inverteram.
Pedi à minha mãe para ir lá para casa cuidar dos bebés, espero que o Niall não tenha lá ido fazer outra cena. Não o perdoo se os nossos filhos assistirem aquele seu estado de loucura.
Eu não conseguia ir para casa, não consegui ir para aquele sítio cheio de recordações. Não estava e não estou bem psicologicamente para estar perto dos meus filhos, eles são pequenos porem muito espertos e percebem sempre tudo.
Simplesmente peguei no meu carro e andei por ai, sem destino e sem ar.
Ele deixou-me totalmente desarmada, perdida e querendo fugir.
Tudo o que eu queria era estar com ele, agora não quero mais.
Percebi que não ouvi as chamadas dele porque me esqueci do telemóvel em cima do banco do passageiro, mas nem isso ele me deixou explicar e agora eu também não quero falar.
Infelizmente, não posso cortar relações com aquele homem que tanto me tira o folego como me destrói. Estou farta disto.
Estou neste momento a olhar para os papéis do divórcio, andava com eles no porta-luvas. Nunca pensei que iria mesmo fazer isto. A minha mão treme enquanto seguro a caneta e as malditas lagrimas voltaram a invadir o meu rosto.
Merda! Não vou fraquejar, já tomei a minha decisão. Isto já não é por ele, é por mim. Tenho de gostar mais de mim do que dele.
Respirei fundo e comecei a escrever o meu nome naquelas três páginas. Já está.
Custou-me horrores assinar estes papéis mas é o melhor para mim e para os meus filhos. Dei-lhe uma oportunidade e ela acabou quando ele me tratou como uma qualquer. Não aceito faltas de respeito, não sou mais uma adolescente e eu tenho valores.
Acordei com o barulho da chuva a cair torrencialmente em cima do meu carro e ai percebi que tivera adormecido em cima do volante. Vi que eram 10 horas da manhã, acho que vou para casa.
A esta hora a minha mãe já levou os meus filhos pra a escola e o Jack disse que hoje eu poderia ficar em casa. Ainda assim, depois da cena do Niall ontem, o Steve não deve assinar contrato nenhum.
Talvez se resolverem mesmo fechar a galeria, eu pegue nos meus filhos e arrisque noutra cidade, ou quem sabe noutro país.
Começar de novo, é disso que preciso.
Quando cheguei a casa estava tudo silencioso. Paz, finalmente! Subi até a meu quarto e pousei a minha mala e o envelope castanho em cima da cômoda. Um suspiro saiu da minha boca e fui até à casa de banho, só preciso de relaxar.
Quando despi o meu vestido e me encaminhei até ao cesto da roupa suja, vi lá uma toalha cheia de sangue. O que será que aconteceu?
Fui a correr em lingerie pro quarto e procurei o meu telemóvel na mala e liguei-o. Tinha imensas mensagens do Niall, as quais apaguei sem sequer as ler. Ignorei as 35 chamadas dele e vi que tinha uma mensagem da minha mãe a perguntar se eu estava bem.
Rapidamente lhe liguei. Estou preocupada com aquele sangue.
- Mãe!
- Filha, estás bem? – Ela cobriu as minhas palavras.
- Vou ficar mãe. Os meus filhos estão bem? – Preocupação era bem notável na minha voz.
- Estão amor, deixei-os na escola. Eles perguntaram por ti. – Comecei a chorar quando me apercebi que errei com eles também.
- Eu logo vou busca-los à escola e cuidar deles.
- Estás mesmo bem, filha? – Perguntou baixinho.
Não queria responder aquilo. Como eu vou responder se estou bem se eu nem me sinto? Estou em tal confusão que simplesmente não sei de nada.
- Porque está uma toalha com sangue na minha casa de banho? – Uma pergunta foge sempre a outra pergunta.
Um silêncio fez-se do outro lado. Mas que merda se passou?
- Mãe! Fala! – Ordenei.
- O sangue é do Niall. – Ela falou a medo.
- Do Niall? – A minha voz saiu num guincho.
- Bem… ele onde estava fora de si e o Jack deu-lhe um murro pro parar e pronto…
Agora entendi tudo.
- Está bem. – Respondi secamente, não querendo pensar naquilo.
- Ele estava irreconhecível. – Ela continua.
- Ele está doido! Mas já não me importa, pensei que o sangue era de um dos meus filhos, se não é tudo bem.
- Estás mesmo bem, filha? – Só lhe quero dizer para ela simplesmente parar de perguntar.
- Preciso de um banho e fico bem. Obrigada por tudo bem, beijinhos.
Desliguei a chamada antes de ela poder dizer alguma coisa mais.
Preciso mesmo de estar sozinha.
Liguei o rádio e fui para a casa de banho ao som da música que estava a tocar. Liguei a torneira e deixei que a banheira enche-se. Depositei sais naquela água quente e meti-me lá dentro.
O meu corpo relaxou ao sentir aquela água bem quente, as minhas mãos começaram a brincar com a espuma que nela flutuava e levando os meus pensamentos para fora da minha mente. Comecei a cantarolar a música que tocava.
Os meus olhos estão pesados, sinto-me tão exausta. Exausta do trabalho, exausta da noite passada, exausta de lutar por algo que está perdido.
Um barulho fez-me estremecer e quando abri os meus olhos percebi que já não estava sozinha.
- Fodasse, assustaste-me! Não podes simplesmente entrar assim na casa das pessoas! Desaparece daqui, já! – Gritei com toda a raiva que ainda possuo.
- D-desculpa-me. – O Niall falou baixinho, com lagrimas nos olhos.
Os olhos dele estavam vermelhos do choro e pelo tamanho das suas olheiras, ele também não dormiu nada. O seu nariz está em ferida tal como o seu lábio rasgado.
Mas nada disso me importa, ele só se deitou na cama que fez.
- Sai daqui! – Berrei desta vez.
- Temos de falar… – Ele parecia frágil e a sua voz falhava a cada palavra dita.
- Já não me humilhaste o suficiente? O que tens mais a dizer? – Ele ia começar a falar mas interrompi-o – Não quero ouvir, Niall! Quero só que vás embora da minha vida.
- Não digas isso. – Ele soluçou com o choro – Deixa-me falar. Eu já sei o que se passou.
- Ontem não me quiseste ouvir, quem te disse que hoje irias ter esse privilégio? – Questionei-o.
Levantei-me da banheira e ainda a pingar peguei no meu robe vestindo-o.
- Andei a noite toda à tua procura, onde estiveste? – A sua voz era calma e ele parecia que se ia partir a qualquer momento.
Por um lado o seu estado partia-me o coração mas por outro só consigo pensar que se não fossem as merdas dele a esta hora estaríamos juntos.
- Não te interessa! Mas parabéns, encontraste-me. – Falei sarcasticamente.
- O Jack contou-me do negócio. Desculpa não sabia que a galeria ia tão mal.
- Também não tinhas de saber. É o meu trabalho, não o teu! – Respondi-lhe agressivamente.
- Mas podias ter falado comigo… Soube também que o jantar de ontem era importante, desculpa. – Ele continuou com a sua voz baixa e calma enquanto eu permanecia em frente a ele de braços cruzados. – O Jack também deixou escapar que estavas a tentar marcar férias para irmos todos juntos, e que me ias aceitar de volta…
- Conta-me uma coisa que eu ainda não saiba! – Atirei, sem paciência para as conversas dele.
- Estou arrependido por tudo o que disse. Eu fiquei cego com os ciúmes, tenho tanto medo de te perder… – Falou, tentando engolir o choro.
Os seus olhos estavam escuros e tristes. Vejo arrependimento no seu olhar, mas se for ligar a cada vez que ele aparece assim fraco ao pé de mim, eu irei sair magoada mais vezes. Não o vou perdoar desta vez!
- Ainda bem que vieste.
- A sério? – Ele perguntou surpreendido e vi um pequeno sorriso nos seus lábios.
Assenti e comecei a andar. Logo ele me seguiu até ao quarto.
- Toma. – Peguei no envelope que continha os papéis do divórcio e entreguei-lhe em mãos. – Agradece aos teus medos e aos teus ciúmes.
Não consegui mostrar qualquer emoção. Ele tirou isso de mim, não consigo sentir nada, nada de bom.
- Q-que é isto? – Ele perguntou e notei medo nos seus olhos.
- Os papéis do divórcio. Eu já assinei, só faltas tu. – Falei sem gaguejar.
- Não! – Ele gritou atirando o envelope para o chão. – Tu não me podes deixar!
Ele caiu de joelhos no chão e os seus braços agarraram as minhas pernas fazendo-me desequilibrar.
- Poupa-me às tuas cenas, Niall. Larga-me, já! – Gritei mas ao invés de me largar ele apertou-me mais.
A sua cara estava encostada à barriga das minhas pernas, enquanto os seus braços abraçavam os meus joelhos e ele chorava que nem um bebé.
- Eu amo-te tanto, não sei viver sem ti! Prometo que não volta a acontecer!
- Deixa-te de dramas. Dei-te uma oportunidade e tu fodeste tudo. Não te quero mais na minha vida! Agora faz um favor a ti mesmo, deixa-te de humilhações e faz-te um homem! – Repreendi-o.
- Não me podes deixar! – Ele levantou-se, implorando.
As suas mãos vinham prontas a segurar meu rosto mas eu afastei-me antes de ter contacto com ele. Ainda o amo demasiado para poder confiar nos meus sentidos.
- Não resultamos e eu já tomei a minha decisão!
- Eu sei que fui um monte de merda ontem, mas tenta entender o meu lado. – Ele pediu desesperado.
- Qual lado? Nem me deixaste falar! Pensei que tínhamos aprendido alguma coisa com o tempo que estivemos separados! – Estava a fazer das tripas coração para não chorar, não em frente a ele. – Tanto me acusaste de não te querer ouvir que fizeste o mesmo comigo!
- Amor, ouve! – As suas mãos seguraram as minhas sem que eu pudesse fugir e os seus olhos cheios de lagrimas encararam os meus. – Eu vi as mensagens naquela noite. – Ele confessou algo que eu já suspeitava – Não consegui ler tudo mas ele falou num hotel e depois no nosso restaurante e eu fiquei chateado, eu não sabia o que pensar! Depois segui-te até ao restaurante e vi-vos todos queridos e aos risos. Eu fiquei cego de ciúmes. Eu não sei viver sem ti, (t.n)!
- Mas vais ter de aprender. – Falei baixinho enquanto libertava as minhas mãos do seu aperto. – Sabes nem sei o que é pior, se o fato de andares a ler as minhas mensagens ou o fato de me andares a seguir. És mais doente do que eu pensei. – Eu sentia uma desilusão tão grande, mas tão grande que nem a consigo qualificar.
- Eu não deveria ter feito isso, eu sei. Deveria ter falado contigo. – A sua voz era fraca e o seu choro mais intenso.
- Exatamente! Mas agora é tarde, chegaste tarde! O Steve é um amigo meu do tempo da universidade e a única pessoa que me podia ajudar a salvar a galeria, obvio que ia ser simpática com ele. Mas tu não sabes distinguir as coisas! E eu estou cansada.
- Eu sei. Agora entendo isso e por isso estou aqui para te pedir desculpas. Vamos esquecer isto tudo, por favor. – Ele implorou.
- Tu magoaste-me, tu humilhaste-me, tu maltrataste-me. E esperavas o quê? Que eu estivesse de braços abertos para ti? Ou de pernas abertas, já que sou uma puta!
- E-eu não queria ter dito isso. Excedi-me. – A sua voz não passou de um sussurro e os seus olhos encararam o envelope castanho no chão.
- Excedeste-te? – Ri na cara dele - Todos os atos têm consequências e tu não devias mesmo ter dito aquilo... Eu mereço respeito e se tu não me sabes respeitar então não podes continuar a ser meu marido. Fizeste um juramento quando nos casamos, juramento esse que já não vale de nada. Só quero que assines aquilo e me deixes seguir em frente.
- Tu não queres isso, tu não queres isto. – Choramingou enquanto pegava no envelope do chão.
- Quero. – As minhas mãos fecharam-se em punhos, não podia fraquejar agora.
Ele suspirou e tirou os papéis de dentro do envelope, ficando a olhar para eles totalmente estupefato.
- Tu assinaste. – Ele olhou-me com uma expressão de horror.
- Não ouviste à primeira? Sim, eu assinei e agora já só falta a tua assinatura.
O meu corpo ainda estava invadido pela raiva e a mágoa que aquele homem alojou em mim, por isso, quando o vi a chorar a olhar para aqueles papéis eu não senti arrependimento. Já a dor que tenho no peito… Prefiro não falar dela.
- Sabes quando vou assinar isso? – Os seus olhos encontraram os meus. – Nunca! – E dito isso, ele rasga as folhas em quatro pedaços iguais e atira-as para o chão.
Por um lado, ver aqueles papéis rasgados fizeram passar um certo alívio pelo meu corpo mas por outro a raiva só aumentava.
- Rasga-los, não vai resolver nada. – Informei-o. – Basta pedir uns novos ao meu advogado e se ainda assim não cooperares eu irei por outros caminhos mas eu garanto-te que te vou tirar da minha vida, da minha cabeça e do meu coração!
Ele olhava para mim como se aquelas palavras fossem tiros lançados para ele. Eu não aguentei mais aquele ar, aqueles olhos perdidos e dirigi-me até à casa de banho trancando a porta.
Encostei-me à porta e deixei o meu corpo deslizar por ela abaixo enquanto os meus olhos se enchiam de lagrimas e os meus pulmões de ar. Isto dói tanto!
Ouvi passos e duas batidas fracas soam contra a porta.
- Eu… eu vou embora. - A sua voz era calma, porem fraca. – Mas isso não quer dizer que eu desisti. Fomos feitos um para o outro, lá fora não há mais ninguém para nós e tu sabes isso. Não sei como vamos ultrapassar isto mas eu juro que vou conseguir juntar todos os nossos pedaços.
Depois de ouvir as suas palavras, ouvi a porta do quarto a fechar-se e aí o ar preso nos meus pulmões foi libertado.
Não sei se desta vez é possível remediar as coisas, vejo-me num túnel muito escuro. Nunca me senti assim, agora ficou tudo perdido, tudo partido.
Eu estou partida.
Dizem que precisamos de tempo e que ele ajuda. Já tive a prova que ele não ajuda nada, ele não nos vale de nada.
A realidade é que as coisas acabam por passar, não as esquecemos, mas elas começam a pesar menos em nós tornando-se fantasmas.
Mas se tudo passa, será que sobra realmente alguma coisa? Essa é a grande questão aqui.Hiiii!! Aqui têm novo capitulo meninas!! Não vos quis fazer sofrer 😁
O que acharam do capitulo? O que acharam da reacção dela a tudo e da forma como o Niall reagiu? O que será que ele vai fazer? Acham que ainda há salvação para este casal?
SE GOSTAM DA FIC VOTEM MENINAS E COMENTEM!! COMENTEM COM AS VOSSAS OPINIÕES!!!
Beijinhos e espero que estejam a gostar 😘❤

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Irresistible 3 (Acabada)
FanfictionEles perceberam que o maior amor sobrevive as piores condições porque o que eles são um para o outro é algo maior do que qualquer coisa já vista ou existida. Eles passaram por tudo, algo dito e coisas nem imaginarias mas agora eles têm uma chance. A...