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Sexta-feira (21 de Fevereiro)
Eu tinha que estar com ele uma última vez. Tinha que poder abraçá-lo, beijá-lo e lembrá-lo do quanto eu o amo, o quanto ele é importante para mim. Tinha que poder sentir o seu perfume uma última vez. Tinha que poder guardar a sua imagem na minha cabeça, a última. Tinha que conseguir sentir que eu me despedi, que não o abandonei. Tinha que aproveitar o último segundo com ele, a última respiração, a última palavra, o último toque. O último momento. A minha tia descobriu que me cortei, que não dormi nada de noite. Simplesmente porque ia acordar-me, e o que viu? A sua sobrinha a chorar desesperadamente, com os olhos inchados, olheiras, respiração fraca e a sua cama encharcada de sangue. Digno de um filme de terror, hum? Não recuperei nem um pouco, apenas consigo controlar um pouco melhor a minha respiração. Um bom progresso para dois dias, não acham? Dói. Dói saber que vou estar tão longe das pessoas que mais amo. Principalmente dele. Mas acham que a Hannah, a Jess, o Louis, o Zayn, o Niall e o Liam não são importantes também? Acham que vai ser fácil ter que me despedir deles depois de tudo o que passámos? De todas as vezes que eles me abraçaram e disseram "até amanhã", e saber que desta vez vão dizer apenas "adeus", acham que é fácil? Digo-vos, não é. Estou agora a preparar a minha mala. Por estranho que pareça ainda não coloquei uma única peça de roupa lá dentro. Tudo o que ela tem até agora são fotografias, cartas, dedicatórias... Em menos de um ano, tanta coisa mudou. Antes de os conhecer, não acreditava em nada. Não acreditava que pudesse ser capaz de morrer por alguém. Hoje acredito. Antes não acreditava em amor. Hoje acredito. Não tinha esperança. Hoje tenho. Não era feliz, não de verdade. Desta vez fui. Apesar da ausência da minha mãe, apesar da falta que ela me faz, apesar de todos os pesadelos com ela, apesar de todas as ameaças do ser desconhecido e sem coração... Apesar de tudo eu fui feliz. Eu aprendi a ser feliz com estes idiotas. Eu aprendi a acreditar que tudo é possível. Que apesar do medo do desconhecido, não podemos desistir. Porque o desconhecido há de passar a ser conhecido, se nós continuarmos a lutar para o ter. Já recebi imensas chamadas do Harry, do Louis, da Hannah, da Jess... Não falei com nenhum deles. Já vieram a minha casa e eu fiquei fechada no meu quarto enquanto a minha tia explicava que eles iriam saber do que se está a passar, mais tarde ou mais cedo, e não os deixava entrar. O Louis já deve ter percebido o que se passa. Neste momento deve estar a pensar se eu estou realmente fechada no meu quarto ou se já estou em Portugal. No entanto tenho a certeza que continua com a esperança de que eu apareça perto dele com um sorriso na cara e que diga "eu vou ficar". E no fundo, bem lá no fundo, eu também a tenho. Esperança de poder ter uma vida normal, sem tantos altos e baixos. Esperança de poder continuar a ser feliz.
Sábado (22 de Fevereiro)
O meu pai já tinha chegado. Não posso dizer que não fiquei feliz por o ver, porque fiquei, ele é meu pai. Mas é impossível demonstrá-lo, porque a minha tristeza não deixa um simples sorriso transparecer. Pedi-lhe que me deixasse despedir dos meus amigos, e ele obviamente deixou. Puz as minhas malas no carro e abracei fortemente a minha tia, agradecendo-lhe por tudo entre soluços.
- Estão todos em casa do Louis. Eu sei que é mais fácil assim... - Acenei com a cabeça afirmativamente e dirigi-me ao carro não olhando novamente para trás.
Dei a morada ao meu pai e o carro logo arrancou. Olhei para o espelho e vi a minha tia limpando as lágrimas, chorando compulsivamente. Mais uma lágrima escorreu pela minha face. Podia agora avistar a casa do Louis. Tremia. Toquei à campainha, o Louis veio até à porta e logo me abraçou. Senti-o soluçar nos meus braços, assim como eu fazia. Ele já sabia o que se ia passar. Ele já sabia que aquela era uma despedida. Explicou então o sucedido, sendo que eu não conseguia dizer nada. Lágrimas formaram-se na expressão de todos. Dirigiram-se a mim para me abraçar, enquanto que Harry nada fazia. Permaneceu sentado no sofá, na mesma posição em que estava antes. Dirigi-me a ele soluçando e ele olhou para mim, enquanto lágrimas escorriampelas suas bochechas. Os seus olhos verdes tinham dado lugar a uns sem cor. Levantou-se lentamente e abracei-me a ele dizendo coisas como "eu amo-te mais que tudo", "eu vou voltar, prometo".
- Fica... - Ele falou baixo, olhando para o chão e agarrando a minha mão.
- Não posso... - Eu respondi soluçando.
- Eu vou contigo. - Ele continuou a falar baixo, como se até a voz o tivesse abandonado.
- Não dá, Harry... Amo-te... - Eu disse abracando-o novamente e tocando nos seus cabelos encaracolados.
- Então manda-me cartas. Eu faço o mesmo. Eu não vou perder o contacto contigo... Eu não vou desistir. Não... - Ele disse com a sua voz rouca, pressionando o seu corpo contra o meu.
- Eu vou tentar... Prometo. - Eu disse sorrindo levemente, tentando combater as minhas lágrimas.
Beijei-o e afastei-me não querendo voltar a olhar para ele, não podia, apenas ia sofrer mais. Ao ritmo que me ia aproximando da porta ia-me despedindo novamente de cada um dos meus idiotas. Saí de casa e dirigi-me ao carro pedindo ao meu pai para sair dali rapidamente. Olhei uma última vez para a casa com a minha visão enublada.
- Adeus... - Murmurei. Sabendo que eles não iam ouvir. Apenas sentir. Sentir que eu os amava, e que sempre iria amar.
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How to save a life
FanfictionEsta fanfiction foi escrita por mim em 2012. Já está terminada. Há pouco tempo comecei a publicá-la aqui, com algumas melhoras na escrita nos capítulos que publiquei, mas devido a falta de tempo não consegui acabar de a publicar. Esteve na página On...