Capítulo 27

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Os meus sentidos ainda não estavam completamente perdidos. Sentia a luz do sol atordoar-me, enquanto tentava mexer o meu pescoço. Tudo o que consegui foi um gemido de dor. A minha cabeça doía fortmente e os meus olhos semicerrados viam pessoas juntarem-se naquela rua, enquanto alguém corria para mim. Senti ser pegada ao colo, e a minha cabeça baloiçava ao ritmo a que era transportada. Já não tinha forças suficientes para manter os olhos abertos e perceber quem era. Fui deitada no chão cuidadosamente, e perdi a noção do tempo que lá passei. Ouvi uma sirene tocar bem alto, e fui pegada novamente ao colo, desta vez sendo colocada em algo confortável. Apertaram o meu pescoço com algo, protegendo-o. Fui transportada para dentro da ambulância, enquanto as minhas dores aumentavam e eu ficava cada vez com menos forças. Vi novamente a imagem do carro vir na minha direcção, parecendo tão real como aconteceu.
- Ela está a perder os sentidos!
Pov Harry:
- Samanta! Responde! O que aconteceu?! Samanta! - Desliguei o telemóvel e saí correndo, procurando-a pelas ruas mais próximas. Nada. Fui até casa dela onde encontrei Susan, extremamente abalada. - Susan, desculpe incomodar, mas aconteceu alguma coisa à Samanta? - Eu perguntei desesperado, tentando ligar para ela ao mesmo tempo. Número indisponível. Merda! 
- Ela descobriu que a mãe se suicidou... - Ela chorava. Ok, agora eu sentia-me culpado. Mas eu tinha que lhe contar! Agora o que me interessava é que ela atendesse o telemóvel e que estivesse bem. - Ela saiu há bocado com alguma pressa!
- Eu acho que aconteceu alguma coisa. - Eu continuava a tentar ligar-lhe. - Ela estava a falar comigo e eu ouvi um grito e travões de um carro, ela deixou de responder e agora tem o telemóvel desligado! 
- O quê? Como? - Ela gritava. Pegou no seu casaco e descemos juntos, correndo.
- Vamos ao hospital mais perto! - Eu continuava desesperado.
- Primeiro vamos procurá-la por aqui, pode ser que a encontremos! - Ela levava as mãos à cabeça, chorando.
- Susan, eu já a procurei! Temos que ir ao hospital, agora! - Eu tentava manter a calma, mas não conseguia. - Mas... Se tivesse acontecido alguma coisa já lhe tinham ligado, certo?
- Não! Oh meu deus! - Ela fez uma expressão assustada. - O número para que ligam em caso de acidente é o do pai dela, nós ainda não tratámos de trocar essas informações! Se o pai dela descobre que lhe aconteceu alguma coisa, ele vem cá buscá-la, Harry! - Ela tinha ficado ainda mais nervosa, assim como eu. - O meu carro está ali! - Ela correu até ao carro e eu segui-a. Eu não podia perde-la. Simplesmente não podia! O ritmo das minhas lágrimas tinham aumentado, devido à quase certeza de que tinha acontecido algo.
Pov Harry off.
- Olá. Como te sentes? - A médica perguntou enquanto trocava o soro que me alimentava.
- Eu não me consigo mexer bem... Doi-me... - Respondi receosa.
- Não te preocupes, é normal. Dentro de alguns dias vais retomar à tua vida normal, depois de alguma fisioterapia. Coisa pouca. Tiveste muita sorte! Se tivesses fracturado o pescoço podias não ter sobrevivido. Estavas fraca demais.
- Já não é a primeira vez que me dizem isso... Obrigada. - Sorri.
A enfermeira abandonou a sala dando lugar aos meus pensamentos. Aquilo tinha que ter sido de propósito. Eu lembro-me que não tinha visto nenhum carro aproximar-se, certifiquei-me disso antes de atravessar a estrada. O carro estava no estacionamento, de certeza.
- Princesa! - Harry entrou na sala com a sua voz trémula e fraca. 
- Olá amor... - Eu olhei para ele vendo-o destroçado. A sua cara estava preenchida por lágrimas, os seus olhos estavam avermelhados. - Oh Harry! Eu não te quero ver assim... - Eu sorria mostrando-me forte. - Olha, eu estou bem! Vês? Não chores, por favor. Eu não aguento ver-te assim. - Eu implorava.
- Eu não aguento pensar que te podia ter perdido! Samanta, eu não consigo imaginar-me sem ti! Não me deixes, nunca! Por favor, promete-me que não me vais deixar... Eu não aguento... - Ele continuava a chorar enquanto agarrava as minhas mãos.
- Eu prometo. Mesmo quando eu morrer, eu nunca te vou esquecer. Tu vais estar sempre comigo. - O silêncio apoderou-se da sala, deixando os nossos olhares explorarem-se entre si. 
- Posso? - Eu ouvi alguém perguntar enquanto batia na porta, pedindo permissão.
- Andrew? - Olhava confusa para ele, questionando-me o que estaria ele ali a fazer.
- Eu mesmo, em carne e osso. - Ele gozou.
- Eu volto já. - Harry deixou-me com um beijo na testa, não deixando de olhar ameaçadoramente para Andrew.
- Não estava a esperar ver-te por aqui. - Permanecia confusa.
- É, nem eu. Não gosto muito de hospitais. - Ele riu.
- Então porque é que aqui estás?
- O quê? Eles não te disseram? - Ele fingiu estar surpreendido.
- Disseram o quê?
- Fui eu que te tirei da estrada. Fui eu que chamei a ambulância. Fui eu que te salvei. - Os meus olhos arregalaram-se. - Mereço um agradecimento?
- Obrigada... - Eu continuava em estado de choque.
- Não é a isso que me refiro. - Andrew aproximou-se de mim e juntou os nossos lábios, não me dando hipóteses de o afastar. Tentei mexer os meus braços, mas apenas lhe consegui tocar nas calças. Esforços desnecessários. Ele não se afastava de mim. Até que se afastou de repente, talvez sendo puxado por alguém. Neste caso, Harry.
- Harry! Para! - Eu gritei desesperadamente enquanto via Harry esmurraçar Andrew.
- Cabrão! Tu não te voltas a meter com a minha namorada, idiota! - Harry gritava continuando com a luta.
- Harry, para! - As minhas lágrimas caíam e eu não conseguia fazer nada para os separar. Dois enfermeiros entraram na sala afastando-os, e de seguida entrou uma enfermeira.
- O que se passa aqui?! Levem-os lá para fora imediatamente! Estão a perturbar a paciente! - Ela ordenou.
*Duas horas depois*
- Desculpa... - Harry dizia sentado perto de mim, arrependido.
- Não faz mal. Mas não o devias ter feito... - Eu respondi.
- Eu sei. Eu sei que não devia ter feito... Eu sei que não devia ter descido à altura dele. - Ele encarou o chão. - É só que só eu posso tocar nos teus lábios. Pelo menos até encontrares alguém melhor que eu. Que não tenha destas atitudes parvas. Que não seja infantil!
- Shhh... - Puxei a manga do seu casaco, com as poucas forças que tinha. Harry juntou os seus lábios aos meus, chorando entre o beijo. - És o meu príncipe, e nunca ninguém o vai mudar. Percebido? - Eu dizia olhando-o nos olhos. Ele acenou com a cabeça rindo e voltou a juntar os nossos lábios. Algum tempo depois fechei os olhos dando lugar aos meus pensamentos, sempre ao lado de Harry, sempre sentindo a sua mão agarrar a minha. Num sítio em que não merecia estar. Por culpa de alguém que me odiava. Alguém que me queria ver sofrer. Mas porquê? Eu não sei. Mas vou descobrir! Nem que seja a última coisa que faça.

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