Capítulo 24

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Pov Harry:
Acordei com os riscos de luz entrando no quarto, devido aos estores. Por momentos esqueci-me de onde estava, assustando-me com a imagem que os meus olhos via. Um quarto colorido, em tons de azul e verde. Olhei para o lado e lá estava ela, dormindo profundamente. Esbocei um sorriso e beijei o seu ombro antes de sair de perto dela. Daquela que preenchia os meus sonhos todas as noites. Tentei sair cuidadosamente sem a acordar e peguei nas minhas calças do dia anterior, juntamente com uma camisola minha que ela tinha guardada, desde a última vez que a usou. Dirigi-me ao starbucks perto das nossas casas. Entrei espantado com a quantidade de pessoas que entrava e saía daquele estabelecimento. Encontrei Susan, com um senhor mais ou menos da sua idade. Pensei não incomodar, mas a única mesa disponível era perto da mesa onde ela se encontrava. Dirigi-me à mesa e sentei-me numa das cadeiras. Fiquei à espera do meu pedido. "Peter, ela não pode ter-se suicidado!" Eu ouvi Susan dizer baixo, soluçando. Eu não devia. Eu sei que não devia. Mas de quem estaria ela a falar? A minha curiosidade levou-me a prestar atenção ao resto da conversa. Enquanto isso entregaram-me o meu pedido. Fiquei a beber o meu batido, silenciosamente. "Acredita em mim, Susan. A polícia já deu o caso como encerrado. A tua irmã suicidou-se. Lamento." Assim que ouvi estas palavras estremeci. Não sabia o que fazer. Peguei no meu batido e na encomenda que fizera, e saí rapidamente daquele sítio. Peguei na chave da casa de Samanta e entrei, evitando fazer barulho. Pousei a encomenda na mesa da cozinha e dirigi-me à sala com o batido na mão. Sentei-me apenas pensando se lhe devia contar ou não. Se devia deixar Susan contar-lhe. Mas e se ela não lhe contasse? E se Samanta fizesse algum disparate?
Pov Harry off.
Remexi-me um pouco na cama, procurando uma posição mais confortável. Abri os olhos na esperança de ver Harry ao meu lado, mas nada. Levantei o meu tronco num movimento rápido, ficando apenas sentada na minha cama. Olhei o tecto perguntando-me se seria só mais um sonho. "Só há uma maneira de descobrir." Eu pensei e levantei-me da cama. Andei descalça até à porta, abrindo-a. A porta da casa-de-banho estava aberta, a luz apagada. O quarto da minha tia também estava vazio. Desci as escadas apoiando-me no corrimão, tentando equilibrar-me após ter acabado de acordar. Encontrei Harry sentado no sofá, rodando o seu copo de batido vazio.
- Starbucks? - Eu perguntei espreguiçando-me ainda.
- Bom dia amor. - Ele disse esticando o seu braço para que me sentasse ao seu colo, seguindo-se um beijo de bom dia.
- Já vi que tomaste o pequeno-almoço sem mim. - Eu disse amuada. Estalei os meus dedos perto dos seus olhos. - Amor?
- Diz princesa. - Ele perguntou de volta ao planeta Terra.
- Estás esquisito.
- Impressão tua. - Ele sorriu tentando convencer-me. - Trouxe cupcakes para nós.
- Hum, estou cheia de fome. Ao ataque! - Eu disse levantando-me e puxando Harry para a cozinha. - Ups, o meu telemóvel está a tocar. - Eu disse dirigindo-me ao corredor, procurando-o. - Estou? 
- Querida, eu não vou almoçar a casa. Ficas bem com o Harry? - Ela perguntou do outro lado da linha, com uma voz rouca.
- Claro. Estiveste a chorar? - Eu perguntei nervosa. 
- Claro que não querida. - Ela respondeu rápido. - Vá, vemo-nos logo, beijinho. - Ela desligou não me dando tempo de responder. Abri a caixa que Harry tinha trazido, sorrindo. - Pega. - Eu sussurei colocando um cupcake na sua mão. Sentei-me, e Harry fez o mesmo.
- Sam... - Ele dizia brincando com os dedos, sentado em frente ao meu lugar. Parecia confuso.
- Diz... - Eu respondi assustada.
- A tua tia tem quantos irmãos? - Ele perguntou invertendo a posição dos seus dedos, sem tirar o seu olhar deles.
- Só tinha a minha mãe... - Eu respondi. - Porquê?
- A tua mãe morreu de cancro... Não foi? - Harry perguntou olhando-me agora nos olhos.
- Porquê esta conversa agora, Harry? - Eu perguntei assustada. Senti lágrimas formarem-se nos meus olhos, mesmo sem saber a razão.
- A tua mãe... Ela... - Ele gaguejou. Olhei-o assustada. O seu olhar voltou a dirigir-se aos seus dedos.
- A minha mãe o quê? - Eu perguntei limpando uma lágrima que tinha escorrido pelos meus olhos. Vi Harry levantar-se e ajoelhar-se ao meu lado. Ficou agarrando as minhas pernas, olhando para mim. Os seus olhos estavam cobertos de lágrimas, o que eu não suportava. Eu não suportava ve-lo chorar, ve-lo sofrer. - Harry, fala!
- A tua mãe não morreu de cancro. - Ele disse e eu ridicularizei-o.
- Como assim não morreu de cancro? A minha mãe sofria de cancro há anos! Só eu sei o que a via passar, todos os dias! - Eu quase gritei. Harry baixou a sua cabeça.
- Princesa, eu sei que é difícil aceitar... - Ele disse ainda de cabeça baixa. Levei as minhas mãos à minha cara, limpando mais algumas lágrimas. Fechei os meus punhos e escondi os meus lábios atrás dos mesmos, enquanto mordia os meus dedos de nervosismo. Harry olhou os meus olhos mais uma vez. - A tua mãe cometeu suicídio, princesa. Mas vai ficar tudo bem. Eu estou aqui para ti. Vou estar sempre! - Ele disse levantando-se e agarrando os meus braços, para que eu tirasse as minhas mãos da minha cara. 
- Não! - Eu gritei soluçando. - Ela não pode ter morrido assim! Ela era forte! Sempre foi! - Eu disse levantando-me e lutando para o afastar. Por muitos esforços que fizesse ele só me abraçava ainda com mais força. - Harry, sai por-favor. - Eu pedi. Talvez irritada, enervada. Senti-o olhar para mim, porém eu não fiz o mesmo. Manti a minha cabeça baixa. Dirigi-me à porta e abri-a para que ele pudesse sair, esperando algum tempo. - Sai! - Eu gritei, não acreditando no que ele me tinha dito. Harry saiu. Fiquei vendo-o afastar-se, chutando pedras pelo caminho. Bati a porta com força encostando-me a ela no fim. A minha mãe não se tinha suicidado. Não podia. Não ela.

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