How to save a life

Capítulo 7

Eu gosto disto. Gosto de poder sentir o vento fresco na minha cara enquanto ando, sem ter medo do que possa acontecer hoje ou amanhã. Lá no fundo, é claro que eu tenho medo. Muito medo até. Mas eu não posso viver perseguida pelo meu passado, não é verdade?
Entrei naquela escola enorme, não passando despercebida. Todos me olhavam. Uns sorriam, outros comentavam. Dirigi-me à secretaria, que era logo à entrada do átrio, para confirmar qual era a minha sala, e uma senhora simpática acompanhou-me até lá, não deixando de me apresentar alguns dos espaços da escola. Entrei na sala, ainda vazia, e sentei-me na mesa mais escondida e discreta possível. Olhei atentamente para todos os seus cantos, até ouvir o toque de entrada. Estava com o coração aos pulos. Ouvi a porta abrir e começaram a entrar pessoas na sala, fazendo algum barulho. Ouvi cadeiras a arrastarem, incluindo as que me rodeavam. Mantive-me no mesmo lugar, quieta, quase sem respirar. Baixei a minha cabeça, tentando evitar que as minhas lágrimas caíssem. Eu estava com medo.
- Meninos, quero silêncio. - Eu ouvi a professora falar enquanto fechava a porta, depois de entrar. Adorava aquele sotaque britânico.
- Desculpe stôra. - A maioria respondeu.
- És a nova aluna? - A professora perguntou baixinho, tocando-me delicadamente no ombro ao passar por mim mas, felizmente, estavam todos demasiado ocupados para repararem.
- Sim, sou. - Eu respondi, olhando-a. 
- Sê bem-vinda. - Ela disse sorrindo, e dirigiu-se à sua mesa, pousando as suas coisas. Fiquei incrivelmente mais calma com as suas palavras.
- Meninos. – Ela disse, chamando a atenção da turma. - Esta é a Samanta, a nova aluna. - Ela disse apontando para mim e todos olharam na minha direção.
- Olá! – Pude ouvir várias vozes dirigidas a mim.
- Olá. – Respondi olhando um pouco em meu redor, envergonhada.
A aula passou bastante rápido. A minha turma era divertida, o que não me fez deixar de permanecer quieta no meu lugar, e sem falar com ninguém. Assim que saímos, dirigi-me ao bar, ou, pelo menos, tentei. A minha escola era enorme e acabei por me perder. Estava feita.
- Precisas de ajuda? - Eu ouvi uma voz masculina por trás de mim, fazendo-me arrepiar. Uma voz rouca, mas suave.
- Acho que sim. – Respondi envergonhada. Assim que me virei fiquei sem palavras, deparando-me com os seus cabelos perfeitamente encaracolados, o seu sorriso de canto provocando covinhas perfeitas, os seus olhos verdes, o seu corpo. Perdi-me nos meus pensamentos. Ele era perfeito. O seu sorriso arrepiava-me, tal como a sua voz. E, por muito que eu gostasse do sotaque britânico no geral, o dele era perfeito. Ele riu.
- Em que queres que te ajude? - Ele perguntou sorrindo.
- Sabes onde é o bar? Eu já lá estive mas não sei como lá chegar. - Perguntei ainda perdida no seu olhar.
- Sim, vem comigo, eu também estava a ir para lá. – Agradeci e começámos a andar em direção ao mesmo. - Então, o que fazes por estes lados? Aposto que não és inglesa. - Ele perguntou.
- É uma longa história. - Respondi, com algumas lágrimas a formarem-se nos meus olhos claros. Eu sou mesmo idiota. - Qual é o teu nome, mesmo?
- Harry Styles. – Respondeu.
- Eu sou a Samanta. - Ele sorriu conforme eu respondi, provocando novamente arrepios por todo o meu corpo.
- Eu sei.
- Como sabes? - Perguntei confusa.
- És da minha turma. - Ele disse rindo, fazendo com que eu risse também, perguntando a mim mesma como é que não tinha reparado nele. Da minha turma? Boa. Agora é que eu não ia mesmo apanhar nada da matéria.
O nosso intervalo era enorme, então ele acabou por me apresentar a escola. É verdade, ele era simpático. Esperava poder considerá-lo meu amigo. Um amigo pelo qual eu esperava há muito tempo.