"Uma casa é apenas um amontoado de blocos e cimento, o que faz dela um lar, é o amor que existe entre seus habitantes"
Ela caminhava de um cômodo a outro observando cada detalhe, em cada canto tocava suavemente alguns móveis. Apesar de estar fechada há anos, a mansão dos Edwards em Londres permanecia intacta, com suas fotografias, cortinas, e lembranças, como se o tempo nunca tivesse passado. Ela fechou os olhos por um instante, e ouviu a voz da garotinha que cresceu ali.
" - Lucy veja - com suas Marias-chiquinhas ela corria para sua babá - eu sou um macaco - ela pulava de um lado a outro imitando o primata
- É o macaco mais lindo que já vi - foi a resposta de sua babá, que fez ela rir com prazer"
No entanto, nem todas as lembranças eram boas e doces como esta, afinal sua infância ali foi cheia de restrições e recriminações.
" - Elizabeth, porte-se como uma dama.
-Elizabeth, não seja tão vulgar. Você é filha de um diplomata, um homem importante e influente neste reino - diferente de sua babá, sua mãe nunca tinha palavras de incentivo ou de amor."
Ela expirou com força, liberando todo o ar de seus pulmões, na tentativa de afastar de sua mente aqueles fantasmas, lembranças pavorosas que nunca a deixavam em paz. Prosseguia com sua exploração quando uma mão a tocou suavemente, para em seguida abraça-la com carinho pelas costas.
-Você está bem Lizzie? - a jovem de cabelos negros a olhava preocupada
- Estou sim querida - ela sorriu brandamente, e acariciou o rosto da menina, que inspirou tristemente.
- Foi aqui que você cresceu não é?
- Sim - Lizzie olhava para a escada cujo corrimão ela perdeu as contas de quantas vezes deslizou, enlouquecendo sua babá - Você era um bebê quando nos mudamos para França.
- Eu não me lembro em absoluto daqui, mas creio que mesmo com nossa diferença de casa e idade, a criação foi a mesma.
Sem saber o que dizer a sua irmã, Lizzie apenas a abraçou, afagando seus cabelos volumosos que se desprendia do coque.
-Lizzie, eu me sinto horrível - ela olhava assustada para sua irmã, com medo de que ela a repreendesse ou recriminasse pelo que pensava, e nada a assustava mais que decepcionar sua querida irmã - Não estou triste, nem sinto vontade de chorar - ela olhava confusa e assustada para Lizzie - Claro que não estou feliz, mas é tão estranho não sentir absolutamente nada, afinal eram nossos pais.
- Querida, eu entendo você - Lizzie a abraçou ainda mais forte - me sinto da mesma forma, mas a culpa não é nossa, foram eles que não cultivaram em nós afeição necessária para que a ausência seja sentida. - passando a mão nas costas da menina de forma acalentadora, prosseguiu - Você não é má, é apenas humana.
Beijando a testa de sua irmã, Lizzie seguiu para o cômodo seguinte, abraçada a ela.
-Vamos, pois logo Nick estará aqui.
Ainda era cedo, e Charlie estava com seu carro parado a certa distância na parte lateral da mansão dos Edwards, já estava ali há pelo menos uma hora, e olhava fixamente para a saída discreta que poucos tinham conhecimento.
-Trinta minutos, não esperarei nem um minuto mais. - ele prometeu a si mesmo pela terceira vez.
Os minutos decorreram, e ele permanecia no mesmo lugar, cansado, estava prestes a sair quando um carro preto parou na saída secreta, e no mesmo instante a porta da casa se abriu. Um homem que parecia estar na casa dos 50 e poucos apesar do porte físico forte, desceu do carro, e dando a volta abriu a porta traseira do Mercedes. Uma jovem de cabelos negros saiu da casa e entrou no carro tão rapidamente que Charlie sequer foi capaz de ver seu rosto, que estava parcialmente coberto por um chapéu preto. Em seguida ela saiu saiu, Lizzie estava de preto dos pés a cabeça, e mal dava para ver seu rosto, mas os fios cor de cobre que escapavam por baixo de seu chapéu a denunciavam, uma cor incrivelmente vibrante, como sempre fora, Charlie sentiu seu coração errar uma batida quando ela se virou e olhou na direção onde o carro dele estava, aqueles olhos incrivelmente verdes pareciam ver através dos vidros escuros, ele percebeu a careta de desgosto no rosto perfeito, e sorriu ao ver como ela erguia o queixo orgulhosamente e seguia de forma elegante até o carro que a aguardava, ela continuava sendo maravilhosamente linda, ele pensou, então ela parou à alguns passos do carro e olhando para trás, alguém a chamou pelo que ele pôde perceber, foi então que Charlie o viu sair da casa, seu porte atlético e elegante, com seus cabelos cor de areia, e os olhos verdes, era ainda mais alto do que aparentava nos jornais e revistas, Nicholas Lefevre era a imagem da riqueza e boa educação, ele caminhou até Lizzie e tocou seu ombro com a intimidade que todos diziam que eles tinham, Charlie viu com desgosto que ela sorria para ele enquanto a mão do abusado descia até o meio das costas dela, conduziu-a até o carro, aquilo foi para Charlie como um soco no estômago, e ele percebeu que apertava tanto o volante que os nós de seus dedos estavam brancos, ele inspirou profundamente, e soltou o volante, ligando o carro, ele acelerou de maneira imprudente e saiu dali o mais rápido que pôde.
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Lembranças do meu coração [Contém Cenas Hot Em Alguns Capítulos]
RomanceLizzie sempre sonhou com a liberdade, Charlie sempre a teve. Duas crianças, dois mundos. Verões repletos de aventuras, uma amizade sincera que nasce da pureza de corações infantis. O tempo passa.... A amizade se transforma em amor, um intenso e ine...