P.O.V. Mina
Assim que eu vi a Chaeyoung sair daquela sala, meu instinto de protegê-la gritou mais alto, mas ao vê-la sentada no chão de uma sala suja, chorando... Eu não soube responder por mim, mas eu sabia que meu único desejo era unir todos os caquinhos em que seu coração deveria ter se transformado.
Quem olhasse de longe aquela mulher forte, com um sorriso infantil, mas com um comportamento maduro, mal poderia imaginar que ela se deixaria ficar nesse ponto por alguém, mas eu sabia muito bem como era se esconder atrás de uma máscara o dia inteiro. Todos nós carregamos nossa “armadura” diária, até chegar uma hora em que você pode deixa-la de lado e respirar livremente. Por mais que eu não estivesse no lugar dela, eu procurei encarar a situação como se eu fosse a mesma, agora estávamos sentadas, uma de frente para outra. Eu esperava uma explicação e ela parecia esperar a coragem.
- Ei...- ela, que antes fitava o chão, passou a me olhar receosa. – Você não precisa me falar nada. – olhei-a profundamente.
- Se eu não falar agora, nunca mais tocarei no assunto. Com ninguém. – foi ai que percebi o quão sozinha ela era, quis saber de tudo a seu respeito. Aquilo estava me corroendo por dentro, mas eu precisava seguir o tempo dela.
- Você... – ela voltou a olhar para o chão. Devagar aproximei minha mão direita da sua e apertei de leve, fazendo-a me olhar.
- Ela era minha melhor amiga... bem clichê, não é? – soltou uma risada triste. – Sabe quando você está tranquila mas ai começa a ver tudo diferente? – ela passou a acariciar minha mão. – Foi exatamente isso... Nos conhecemos no Ensino Médio, desde o primeiro dia de aula nós ficamos amigas. Tudo estava ótimo, até o dia em que eu comecei a enxerga-la diferente. – fomos interrompidas por um barulho na porta, rapidamente soltei suas mãos.
- Opa... Desculpa. – o homem que trabalhava na limpeza falou. – eu só vou pegar a vassoura. As senhoritas precisam de algo?
- Está tudo sob controle. – sorri amigavelmente, eu o conhecia e ele sempre tratava as pessoas super bem. E, afinal, estávamos na salinha dele. – mas você poderia colocar uma plaquinha em frente a porta? – ele pareceu entender. – e não comente com ninguém, ok? – ele assentiu, botando o indicador nos lábios indicando silêncio.
Me virei para Chae que parecia envergonhada. Ela era uma responsável importante na agência, não era fácil ser encontrada sentada no chão com o rosto inchado em uma sala da área de serviço. Enquanto ela brincava com as mãos, eu coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha e tentei encoraja-la com um olhar. Ela suspirou pesadamente mas logo continuou.
- Depois disso eu procurei tentar achar evidências de que ela gostava de mim, mas... coração apaixonado é trouxa, não é? – de novo aquele sorriso triste. Eu não estava aguentando mais aquilo. Puxei-a para um abraço um pouco torto pelas nossas posições, mas eu precisava daquilo. Ela pareceu tensa nos meus braços, mas parecia que ela queria aquilo tanto quanto eu, pois depois de alguns segundos pareceu corresponder ao abraço. – Deixe-me terminar, você é muito grudenta. – a gente foi se ajeitando às posições anteriores e fiz uma expressão indignada, o que lhe causou algumas risadas. – ela sempre foi muito presente, sempre cuidando de mim, principalmente por eu ser a mais nova. Depois que concluímos os estudos ela recebeu uma oportunidade de estudar fora e eu ganhei uma bolsa para estudar Design.
- Uau, poderosa. – falei, recebendo um tapinha no braço e uma risada nasal.
- Mais ou menos... Depois que ela partiu, eu comecei a pensar do porquê dela não me amar. Dela não me ver como eu a via. - olhei-a confusa. – Eu sei... Eu sei... Não faz muito sentido, mas na hora fazia demais... Eu estudei até dizer chega, me tornei a melhor da turma, chamando atenção de alguns professores, que no fim acabou que consegui esse emprego. Mas no fundo, eu só queria que ela me notasse diferente, e não como sua maknae... Acabou que nós mantivemos contato, e quando ela disse que iria voltar pra Coréia, eu não consegui controlar a ansiedade. Combinamos de nos encontrarmos no aeroporto, mas... Como ela disse, “eu não apareci”...
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RomanceÀs vezes, basta um milésimo de segundo pra transformar um sonho em uma tempestade. ~flash