Orquídeas

1.2K 156 133
                                    

P.O.V Tzuyu

O olhar da doutora não fazia jus a conversa que tínhamos acabado de ter, deixando-me um pouco menos tensa com essa situação. Eu não podia e nem queria ter dito aquelas coisas na frente da Jungyeon, pois as coisas poderiam ficar piores do que já estão.

-Então, você tem sentido algum desconforto? Dor ou algo diferente da sua rotina? - a Dra. Minatozaki inicia. - Algumas mudanças são normais nesse período.

-Senti algumas dores de cabeça, mas talvez seja só o trabalho. - Jung sorri sem mostrar os dentes, visivelmente encabulada por todas estarmos dando atenção à ela.

-Certo. - disse anotando algo no computador. - Presenciou algum apagão? Algum lapso? - voltou seu olhar para a paciente, vendo-a confusa. - Deixe-me explicar. Há pacientes que apresentam casos de lapso de memória, como se não lembrasse o que tivessem almoçado ou um compromisso importante. No fim, acaba que elas não lembram como chegaram em algum lugar, ou como um assunto chegou na roda de conversas que o paciente se encontra.

Ela parecia tentar lembrar de algum episódio desses. Eu examinava cada expressão que seu rosto fazia, sentindo meu coração palpitar a cada piscar confuso que era dado.

-Talvez. - disse por fim, deixando-me ainda mais ansiosa. Depois de alguns segundos ela olha para a doutora. - Doutora... Nós podemos conversar a sós? - abaixa seu olhar em seguida, brincando levemente com seus dedos.

Eu estava atônica.

-Oi? - uma interrogação surge na minha mente depois de alguns segundos. - Você? - troco meu olhar entre minha amiga e a doutora que observava tudo atentamente. - Tudo bem.

Levanto um tanto frustrada por tal ato, afinal eu esperava ajuda-la, dar suporte, e não ser jogada para fora da sala... 

Certo... Estou sem um tanto exagerada, mas... Aish.

Procuro diminuir minha ansiedade procurando algo para comer, antes de sentar próximo à sala que elas estavam. Meus olhos acompanhavam a impaciência que minha perna transmitia ao ficar balançando como se minhas respostas nunca fossem chegar. Observo um relógio preso na parede e constato que elas estão conversando à 30 minutos, esses que passaram tão lentos quanto o correr da ponta da caneta da recepcionista próxima a mim.

-Com licença. - Aproximo-me dela, chamando sua atenção. - As consultas demoram muito para serem realizadas?

-Depende do caso. No geral, demoram de 15 à 30 minutos. A senhorita está esperando muito tempo?

-Não, tudo bem. Estou esperando a paciente que acabou de entrar. - sorri agradecida, voltando a me sentar, mas desisto logo que vejo a porta do consultório abrindo.

Observo as duas concordando entre si e minha amiga rumando para o sentido contrário ao meu. Encaro confusa a doutora que se aproximava de mim.

-O que aconteceu?

-Sua amiga foi chamar a Nayeon, que até onde entendi é sua namorada. - conclui esperando um posicionamento meu.

-Pode-se dizer que são namoradas, né. - respondo um pouco desconcertada. - Eu divido apartamento com ela... Mas, o que vocês conversaram tanto? E-Eu posso saber?

-Digamos que eu não falei o que conversamos para ela, então não posso dizer o que conversei com a Jungyeon para você. - tentou dizer o mais calma possível, usando até expressões fofas, mas ainda sim, tinha me acertado em cheio.

-Outch! - brinco colocando a mão sobre meu coração, tentando não ficar sentida. Recebo uma risada baixa como resposta. - Entendo, doutora. Mas o que ela tem?

ClickOnde histórias criam vida. Descubra agora