Boa noite, Minari...

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Voltei com mais um capítulo!
Preparem os corações, risos...
/Avisado foi/



P.O.V Mina


      - Então, como estamos? – Jihyo se aproxima da minha mesa. – Eu trouxe alguns catálogos que produzimos recentemente. Podemos dar uma olhadinha.
      - Hum? Tá certo. Pode pôr aqui em cima. – respondo com um tom de voz baixo.
      - Mina, você tá bem? – sou questionada. – Sua energia tem estado baixa ultimamente. Nosso supervisor anda te cobrando demais? Posso conversar com ele.
      - Está tudo bem, Jihyo. - olho-a nos olhos, porém ela não vê verdade em mim. – Chaeyoung ainda está na sua casa?
      Sua sobrancelha arqueia com meu questionamento, então me coloco à explicar o que aconteceu, omitindo o fato de estarmos acusando Chaeyoung, e sim criando uma possibilidade de situação. Jihyo parece atonica em relação a isso, e parecia processar cada palavra que eu havia dito, com cautela.
      - Hum... Ela saiu ontem, mas não comentou nada comigo... Chaeyoung conseguiu seu apartamento de volta, então tecnicamente ela ficará permanente aqui. – suspira. – Eu realmente não sei nada a respeito. – finaliza sincera.
      Agradeço sua atenção e peço para que ela me deixe a sós com meus pensamentos e com os catálogos nos quais terei que revisar um a um, afim de encontrar novas propostas de roteiro para a temporada que estava por vir. Estou a frente na direção dos modelos, então tenho que trazer ideias ao nível mais alto que conseguir, mas confesso que está extremamente difícil.
       Estou com um cansaço a mais nos ombros. Aparentemente, o que eu tive com Chaeyoung não chegou a um ponto que eu pudesse ter descanso. Tzuyu me disse para por para fora e encara-la, mas ainda me encontro acuada em enfrenta-la. O motivo, eu realmente desconheço. Talvez sejam problemas meus? Definitivamente são problemas pessoais meus...
      Resolvo revisar os catálogos amanhã, com mais calma e com a cabeça posta no lugar. Pego meu casaco e vou para o meu apartamento, todavia, estaciono meu carro na garagem e resolvo ir em direção à um bar próximo.
      Adentro o ambiente e logo sou envolvida por uma música estilo rock clássico. Sons de bolas batendo ecoam nas mesas de sinuca e uma quantidade agradável de pessoas às mesas compõem o lugar. Como estou sozinha e não pretendo passar muito tempo, me dirijo ao bar para pedir um drink ao barman.
      - A que devo a honra, Senhorita Myoui? – Josh, um antigo amigo, que agora trabalhara no local veio me atender. – Você parece abatida. Está tudo bem?
      - Estou sim. Pode me trazer uma cerveja, por favor? - exclamo, resolvendo de última hora que não seria recomendado beber coisas fortes, como drinks cheios de açúcar, quando se está triste.
      Me permito apreciar o primeiro gole do líquido, que geralmente traz um gosto forte, mas suave logo no fim. Suspiro ao lembrar dos fatos que estavam à martelar minha mente, nos quais não eram batidas nada sutis. Eu me tornara fraca e nem havia se quer percebido onde estava me colocando... Porém, mantive minha cabeça sã de que aquela situação não havia sido culpa minha, e sim de Chaeyoung.
      Josh me entrega minha terceira garrafa e ele pede para que eu pegue mais leve. Josh sempre me impede de beber demais, tendo em vista que geralmente não percebo quando já estou com minhas pernas bambas. Agradeço o olhando nos olhos e dando um sorriso simpático, pois eu realmente era grata por seu cuidado. Talvez eu já estivesse processando melhor cada sentimento inquieto que ousava em passar pela minha mente e maltratar, contudo há coisas que realmente não temos como resolver, ou se quer tentarmos resolver. Conhecer seus limites, te mantém segura dentro de si mesma.
      Suspiro refletindo sobre limites e sou incomodada por uma pessoa que posso afirmar que não tem muito conhecimento disso. Um homem encosta seu braço no meu, sentando-se ao meu encalço. Situações como essa são até comuns, mas continuam sempre desagradáveis.
      - Não estou para papo hoje. – inicio, bebendo mais um gole.
      - Mas eu não disse nada, gracinha. – Gesticula movendo sua cerveja. – Uma moça sozinha em uma mesa de bar geralmente está procurando uma companhia.
      Me permito rir dessa pensamento completamente antiquado. – Já passou pela sua cabeça que eu só estou querendo beber sozinha? – o encaro, analisando sua feição nada preocupada com o que eu havia acabado de dizer.
      - Me desculpa. Eu não quis ofende-la. – sorri mostrando seus dentes levemente brancos e passando sua mão pelos fios curtos do seu cabelo. - Deixe-me pagar uma cerveja para você.
      Suspiro revirando os olhos. Era só o que me faltava. Volto à dizer:
      - Não quero sua cerveja, obrigada. – falo impaciente. Josh não estava próximo, caso contrário eu já teria pedido uma ajudinha.
      - Será que estou incomodando algo? – ouço uma voz feminina atrás de mim. Se já estava ruim...
      - Estamos conversando, gracinha. Posso ajuda-la? – Solta em um tom debochado.
      Eu examino a situação e me volto para o moço. – Olha, eu aceito sua cerveja. Rs. – Chaeyoung arqueia sua sobrancelha pois ela entendeu minha intenção de deboche e ironia.
      - Olha só! Não pensei que seria tão fácil conquista-la. – Aquilo havia me incomodado bastante, mas não pude responder à altura, tendo em vista que Chaeyoung puxou a garrafa que estava na mão do homem, quase chegando à sua boca, e a virou em cima das calças dele, encharcando toda a área ao redor do zíper.
      Eu assistia aquilo como se estivesse em um show de humor. Minha boca estava aberta e trazia um sorriso extremamente surpreso. O homem parecia não acreditar no que acabara de acontecer, então em um solavanco, levantou da cadeira inclinou seu corpo na direção de Chaeyoung. Apesar de levemente tonta, o álcool pareceu ter saído pelo momento de adrenalina e me pus a frente de Chaeyoung, empurrando-a para atrás alguns passos.
      Graças ao olhar atento de Josh, meu amigo puxou a roupa do homem para que ele não avançasse contra a gente.
      - Já deu por hoje, não acha, amigão? – exclama, com uma voz nada amigável. – Recolha seus pertences e se dirija ao caixa, por gentileza.
       Bufando feito um animal e batendo na sua calça encharcada, o homem levanta cambaleando e puxando sua carteira e jaqueta. Seu olhar era de um garoto mimado que acabara de ter seu brinquedo tirado das suas mãos. Aquele pensamento me tirou um sorriso bobo, que fora contagiada pela falta de forças nas minhas pernas, me fazendo perder um pouco o equilíbrio. Chaeyoung que estava atrás de mim e me segurava pelo braço direito, notou minha repentina falta de força, e se colocou a me segurar pela cintura, levando meu corpo aos bancos onde eu estava sentada.
      - Wow! É melhor levá-la para casa. – Josh indica. – Ela bebeu algumas garrafas. Tomei cuidado para que ela não exagerasse, mas acredito que ela não tenha se alimentado bem esse final de tarde. Seu rosto está pálido demais. À conheço bem. – diz soltando um sorriso e balançando a cabeça rindo de mim, como um irmão mais velho.
      - Mina, você quer que eu lhe leve até em casa? – Chaeyoung disse extremamente acanhada. Suspirei pesado ao perceber que seria a saída mais prática.
      Movimento minha cabeça em um sinal positivo e retiro da minha carteira o dinheiro necessário para pagar meu consumo. Dou o valor para Josh, que deposita um beijinho no meu rosto, ordenando também que eu me alimentasse antes de dormir.
      - Sim, senhor! – Sorrio. Josh era um amigo muito legal. – Vamos... – retomo meu olhar para a moça a minha frente.
      Eu conseguia andar direitinho, tirando as vezes que eu cambaleava para os lados, mas Chaeyoung logo se apressava em me segurar e eu voltava ao normal. Confesso que meu orgulho fez com que eu me desvencilhasse dela rapidamente, logo que ela encostava em mim. Ela indicou que passassemos em uma loja de conveniência para comprarmos algo para comermos. Depois de alguns minutos, Chaeyoung retorna com algumas sacolas na mão.
       - Uau, tem muita comida aí. – falo.
       - Você precisa se alimentar bem hoje à noite, e amanhã pela manhã. – explica, levantando as sacolas. – Essa última é pra mim. Estou faminta também.
       Todo o percurso eu havia ficado calada. O tempo que passei no bar me ajudou a clarear e entender alguns posicionamento que eu deveria tomar de agora em diante, principalmente se eu tiver que encarar Chaeyoung no meio profissional.
      Como não estávamos longe do meu apartamento, chegamos em alguns minutos. Subimos até o meu apartamento e o adentramos. Fui direto para o banheiro, independente de Chaeyoung na minha casa, ou se minha porta estava escancarada. Eu precisava de um banho urgente e de pôr pra fora parte da bebida que me fizera mal.
      Depois de alguns minutos, finalizo meu banho e me considero 100% sóbria e 100% nauseada por conta da falta de alimento no meu estômago. Saiu do meu quarto, com uma roupa confortável e procuro por Chaeyoung. Ela estava escorada no balcão da minha cozinha e pude sentir um nó no meu coração ao lembrar da nossa última noite juntas. Aquilo havia me remexido o estômago de tal forma que corro para o banheiro e me coloco a vomitar desagradavelmente. Chaeyoung se preocupa com minha saída súbita e vai até próximo de mim. Eu aceno para que ela volte para a cozinha e ela aceita.
       Após alguns minutos recobrando minha consciência e lavando minha boca, me sentindo melhor, volto para a cozinha. Chaeyoung agora encarava meu piso, com um semblante preocupado.

      - Você está bem?

       Ela havia deixado duas porções de comida aquecidas em cima da bancada. Uma estava dentro de uma sacola, e outra em um potinho sem sacola.

      - Nós precisamos conversar. – ela parece estremecer com meu tom de voz. – Você esta mesmo trabalhando para nossa concorrente? – vou direto ao ponto, examinando sua cara surpresa. Ela abria a boca inúmeras vezes tentando arrumar palavras.

      - Como você soube disso? – analisa os fatos.
      - Não importa. Eu estou certa não é mesmo? – me aproximo da bancada, mas ainda à um metro de Chaeyoung.

       - Não... – responde, sincera. – Eu não faria isso. Independente de salário ou benefícios. – ela engoliu em seco, demonstrando estar magoada com a minha acusação.
       - Não? – me encolhi, completamente envergonhada. – Jung Lee não demonstrou interesse em você? – tomei cuidado com as palavras, evitando por Tzuyu na conversa.
       - Lee tentou e continua tentando de todas as formas me convencer a trabalhar para ele, mas eu já disse que não aceitaria sua proposta. – esclarece. – Vocês realmente tinham certeza que eu faria isso? – exclama desapontada. – Eu realmente não estou surpresa, apenas levemente magoada. O que Jihyo falou sobre isso?
      - Ela não sabia, pois você não a havia dito.
      - Óbvio. Pois não era verdade. – Exclama, um pouco mais alto, enquanto passa sua mão pela própria testa.

      - Ah... Desculpe. – digo depois de alguns segundos. – Então você está sem emprego?
      - Eu expliquei para Lee que o único emprego que eu aceitaria seria o meu antigo, com vocês. Aparentemente isso chegou aos ouvidos do dono da empresa que trabalhamos, mas há alguém ocupando meu cargo. – explica, sentando em um banco elevado, próximo à bancada.
      - Então é por isso que meu supervisor está tão nervoso... Ele está com medo de perder o emprego. – penso logicamente e acabo por dizer em alto e bom som.
      - Já tive uma reunião com o chefe da nossa empresa, mas resolvi pedir um tempo para pensar nas possibilidades. E quando digo possibilidades, estou me referindo à você estar de acordo com isso... – fala, olhando nos meus olhos e me deixando completamente desprevenida. – Eu não quero proporcionar um ambiente desconfortável, tendo em vista que voltaremos a trabalhar juntas...
      Aquilo havia me acertado em cheio... Fico alguns segundos processando a informação.
     - Quando eu voltei, esperei que gritasse comigo ou ao menos me desse um tapa. sei lá. Como você não o fez, todo os dias meu sentimento de culpa se intensifica... Eu só quero consertar as coisas. – fala, sincera e com os olhos cheios de água. – Por favor, se tiver que me dizer algo, diga agora! Eu não aguento mais me sentir culpada por ter te feito sofrer! – agora Chaeyoung chorava. Seus olhos transbordavam seu arrependimento em proporções que eu não esperava presenciar.
      - Você não sabe o quanto foi difícil para mim. – Uso de frases cursas, pois estava à pouquíssimos centímetros de chorar. – Como eu fiquei... A dúvida que pairou sobre a minha mente a cada dia que passava... E você mantinha essa distância completamente imprevisível.
      - Me desculpa, Mina. – fala em meio à soluços. As lágrimas já haviam tomado todo meu rosto. – Eu sei que você está com alguém, mas independente disso, eu só queria que soubesse que eu nunca menti, ao dizer que te amava.


      - Como você ama alguém e some, Chaeyoung! – grito um sentimento preso à meses, que apertava mais e mais meu peito.


      - Não há justificativas à meu favor... – soluça enquanto fala, mas endireita seu corpo, mostrando maturidade e frieza no assunto. – Há somente um sentimento de arrependimento e minha vontade de mudar e concertar as coisas... Entenderei qualquer medida que você me propuser. – finaliza, com seu olhar baixo e uma pose séria.


      Eu sempre tive em minha mente Chaeyoung como uma pessoa na qual precisasse de uma aproximação mais sentimental, ou de um afeto distante do profissional ou meramente amigável.  Todavia, ali, eu pude perceber que aquele posicionamento calculista e racional sempre foi o maior pilar nas escolhas mais difíceis dela! Não justificava sua atitude, mas me fizera entender! O julgamento cega, assim como a falta de conversas que esclareçam conflitos internos! Eu não havia visto antes, pois fantasiei em minha mente uma Chaeyoung inocente que precisasse de alguém que a ajudasse, mas ela tem uma personalidade extremamente forte  e direta nas suas decisões e escolhas, tomando medidas as vezes imprudentes, sem pensar de uma forma sensível os envolvidos ao redor...

      Minha consciência explode em agitação, minha mente está à mil pensamentos. Minha raiva se concentra em um único ponto. A medida que meu coração batia e minhas lágrimas cessavam, meu corpo tomou as rédeas dos meus movimentos, ignorando qualquer pensamento racional da minha parte.
      Enquanto Chaeyoung encarava essa situação de uma forma extremamente centrada para não ultrapassar meus limites, isolei um pouco a mágoa que me consumia e me empurrara para baixo todos esses dias, e avancei sobre seus lábios, encurralando-a na parede.


      Eu a beijava com raiva, medo e principalmente, inseguranças. Minhas mãos seguravam firme nas suas enquanto ela tentava me tocar o rosto. Apenas me limitei em prende-las na parede e pressiona-las ali, utilizando da minha força para manter seu corpo próximo do meu. Um calafrio percorreu meu espinha em sinal de excitação. Solto-lhe os braços e envolvo com uma mão sua cintura e a outra sua nuca, intensificando o beijo. Chaeyoung finalmente pousa suas mãos no meu sonho e ombro.


      Após alguns segundos, finalizo o beijo ofegante, com nossas testar rentes uma à outra.


      - Eu não vou te perdoar tão fácil... – pressiono meus olhos, colocando meus pensamentos no lugar.
      - T-tudo bem... Você vai me permitir... voltar para a sua vida? – engole em seco, esperando minha resposta.


      Desvencilho nossos rostos e corpos. – Você vai precisar de muita força de vontade para me ter de volta. Você partiu meu coração, Chaeyoung...


      - Sinto muito, Minari... – segura minha mão baixa.
      - Suas desculpas foram aceitas. – respiro, sentido um peso ser tirado das minhas costas. – Por mim, você pode retornar à empresa. Ficarei bem com isso.
     Seus olhos se arregalam e ela sorri, me proporcionando um sorriso leve um fungado pelo nariz. Me distancio dela e suspiro.
     - Se você puder ir agora... Acredito que teremos mais paz comendo nossas refeições somente com nossos pensamentos a sós.
      Chaeyoung concorda e se movimenta pela sala e cozinha, recolhendo suas coisas e se direcionando à porta. Abro-na e a vejo atravessar e girar seu corpo na minha direção.


      - Só para deixar claro: força de vontade é uma coisa que eu tenho de sobre para alcançar meus objetivos... – afirma, fazendo com que uma sobrancelha minha se arquei. – Boa noite, Minari. – acena e vai em direção ao elevador, entrando no mesmo.


      - Santa Jihyo... – penso alto, logo que fecho a porta e permito meu corpo descansar na madeira atrás de mim. – Tzuyu vai me matar...

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Vocês ainda torcem por esse casal?
Eu espero que sim k :3

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