Capítulo 4

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Allegra ajeitou as sacolas pesadas do supermercado enquanto equilibrava o celular entre o ombro e a orelha. Largou as compras num banco da pracinha perto ao estabelecimento a fim de, por alguns segundos, descansar os braços cansados.

O relógio marcava as três da tarde e logo ela iria correr para a sua rotina cansativa e — nos dias ruins — entediante.

Quando finalmente encerrou a ligação com a sua avó, alegando que havia comprado tudo e não se esquecera de nada, Allegra abriu a sua caixa de mensagens sem conseguir esconder um sorriso ao ler o que Afonso lhe escrevera.

Afonso [9:52]:

Allegra Martins, você me paga! A sua filha é uma peste! Me recuso a ser babá! Pelo menos de graça... Um bolo de chocolate de graça por mês ou Besourinha vai para a Terra do Nunca! É pegar ou largar, hein.

A garota parecia uma louca a vista dos olhares tortos dos outros. Mas a seu ver, ela estava contagiada com o bom humor de seu melhor amigo. Talvez um bom humor não tão bom assim...

Travando uma batalha entre digitar e rir, ela, com muito esforço, respondeu aquela mensagem que não conseguira ver.

— Que diabos de nome é Besourinha? — Franziu a testa entre um riso e outro.

Allegra [15:10]:

O que foi que ela fez? E que diabos de nome é Besourinha?

Seu amigo não lhe enviara nenhuma resposta. Talvez ele esteja fazendo de propósito, pensou. Ou talvez o seu amigo de fato estivesse ocupado. E ela tinha a absoluta certeza de que era com alguma coisa que não devia.

Guardou o aparelho no bolso do short, se erguendo logo em seguida para levar as compras para sua avó que já devia estar querendo ligar ou aventurar-se em alguma mensagem de texto...

Atravessou a rua seguindo para a outra que dava para sua casa. Depositou as sacolas no chão enquanto tentava bater palmas para que sua avó viesse abrir o portão.

Allegra chamou, chamou e nada. A garota sacou o celular ignorando a outra mensagem de seu amigo e se apressando em ligar para a senhora que parecia ter tomado um belo de um chá de sumiço!

— Vovó! — Chamou tentando miseravelmente chacoalhar o portão, na esperança de que com aquela ação ele simplesmente se abrisse. — Vovó! Vo...

— Estou indo! — A voz da senhora a interrompeu.

Alegria soltou o ar aliviada. Aquela demora estava lhe causando um certo receio, apesar de seus avós serem até um pouco jovens...

— Minha querida, você demorou, hein. — Ela ajudou-a com as sacolas.

— O supermercado estava... — Mordeu os lábios. — Um pouco cheio...

— Sei... — Ela lançou um olhar desconfiado.

— Eu, a... — Coçou os cabelos que estavam uma verdadeira bagunça naquele dia. — Vou estudar um pouco.

— Minha filha, você está enfurnada demais naquele quarto. Vá tomar um pouco de ar.

— Mas, vovó...

— Nem me venha com essa! — Allegra rolou os olhos, mas mesmo assim não contrariou a mulher a sua frente.

— Tudo bem. — Deixou os ombros caírem. — Eu só vou ver algumas coisinhas e vou para a pracinha ali perto da padaria.

— Muito bem. — Dona Vilma sorriu ao mesmo tempo que desviou o olhar para o colar da neta.

Allegra seguiu seus olhos cor do completo breu com curiosidade. Nunca havia sabido sobre o significado daquele colar que a tanto tempo lhe pertencia. A jovem não sabia de muitas coisas, na verdade... E uma delas era o mistério de nunca compreender porque ninguém lhe respondia algo sempre que tocava no assunto.

— Vovó, o papai... — Ela suspirou.

— Allegra, por favor... — Dona Vilma pediu.

— Tudo bem. — Murmurou, saindo da cozinha. — Eu só vou arrumar umas coisas...

A garota não conseguia compreender o porquê de todo aquele mistério idiota! Ela já era bem crescida para saber das coisas, afinal, não era isso que constava a sua carteira de identidade?

Sentou em frente a escrivaninha sem fitar nenhum ponto específico.

Sua mente vagava pelas lembranças que ninguém queria contar. E seu coração se reprimia pelas poucas que seus pais puderam deixar.

Allegra suspirou, sentindo um nó se formar em sua garganta. Engoliu em seco, fechando os olhos com força.

Seu celular a fez emergir daquela tristeza que em questão de segundos a levava para um lugar sombrio que nem mesmo ela conseguia explicar. Desbloqueou a tela do aparelho e não demorou para que um sorriso fraco brotasse, ainda um pouco tímido, em seus lábios.

Afonso [15:23]:

Uma LONGA história... Na verdade, nem é tão longa assim. Só estou com preguiça de escrever mesmo J

Allegra rolou os olhos com aquela desculpa esfarrapada. Talvez não fosse tão esfarrapada se ele, de fato, estive com preguiça de escrever, certo? O que era quase sempre...

Allegra [15:38]:

Isso é só uma desculpa para eu me deslocar até aí?

Afonso [15:38]:

Talvez... A Besourinha tem que ver a mãe, certo?

Allegra soltou uma gargalhada já se sentindo mais leve. Isso era o que ela tanto gostava... A facilidade com que seu melhor amigo tinha para, com uma piada idiota, melhorar o seu dia.


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Bejinhos e até o próximo capítulo!

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