Capítulo 25

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Eles não paravam de sorrir e conversar. Estavam tentando de forma frustrada prestar atenção na televisão. Allegra simplesmente não conseguia desviar a atenção daqueles olhos escuros que a encaravam sorridentes.

— Mas eu nunca gostei muito de doces. — Nicolau deu de ombros, sorrindo.

— Como assim?! — Gargalhou, ajeitando-se no sofá. — Doces são vida!

— Prefiro coisas salgadas.

— Eu também, ué. Mas os doces ganham. — Corou.

— Ela também ama...

O garoto sorriu meio tímido ao se lembrar da pequenina. Ela franziu a testa, mas ele logo desconversou.

— Então, Allegra, como estão as coisas?

— Bem — suspirou, deixando os ombros caírem —, ainda é bastante doloroso andar pela casa e não ver ele, sabe?

— Sei como é... — Suspirou.

Ambos ficaram em silêncio apenas deixando que o programa entediante preenchesse o ambiente. Um clima ficou estranho de repente e ela não queria que aquilo acontecesse. Alegria queria sorrir e não chorar. A dor ainda era presente e a garota não queria faze-la crescer ainda mais.

— Er... hum... — Engoliu em seco, cauteloso. — Os doces não são tão ruins assim, sabe?

— Às vezes, eles enjoam, mas mesmo assim, eu os amo. — Sorriu fraco. Sua testa franzida e um rubor nas bochechas denunciavam a quão confusa estava.

— Por isso que eu gosto de salgado.

Ambos sorriram bobamente. Eles não sabiam ao certo quando haviam chegado naquela conversa sobre doces e salgados. Apenas sabiam que aquilo foi pretexto para conversarem sobre poluição ambiental e mais um milhão de coisas. Assuntos engraçados, sérios e até sem o mínimo de noção. Coisas bobas, mas que rendem boas risadas.

Dona Vilma apareceu na porta da sala, fitando a companhia da neta. Ela acenou com a cabeça — já que suas mãos estavam ocupadas com uma cesta de roupas.

— Ah, vovó, esse é o meu... — Allegra corou, pois não sabia que nomenclatura dar ao garoto depois que o beijara. Mesmo que tivesse sido apenas um...

— Amigo. — Nicolau levantou-se, com as bochechas levemente coradas, indo em direção a senhora para a ajudar.

— Isso! — Ela sorriu envergonhada. Ficou aliviada.

— Hum. — Dona Vilma fitou o rapaz de cima a baixo, exibindo um sorriso sapeca nos lábios. O garoto mordeu os lábios, constrangido, enquanto segurava a cesta. — Bonito o rapaz.

Ambos se entreolharam, totalmente envergonhados. Allegra arregalou os olhos de tal forma que fez a senhora cair na gargalhada.

— Pode deixar a cesta aí, meu filho. — Apontou para a poltrona. Nic obedeceu. — De onde vocês se conhecem?

— Da escoteria! — Falaram em coro, embaralhando os tempos de escola com a bendita sorveteria. Ela corou, tomando ar. — Da sorveteria, vó. O tio dele é dono...

— Ah, sim.

Um silêncio um tanto constrangedor impregnou o local depois disso. A garota estralou a língua, atraindo a atenção dos dois.

Sorria Alegria! |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora