Capítulo 33

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Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito
(Velha Infância, Tribalistas)

A garotinha se divertia fazendo uma bela maquiagem em Nic. Allegra a ajudava e se divertia junto da pequena. Nicolau não teve escolha a não ser se render à aquelas duas.

— Papai, falta o batom! — A menina segurou as bochechas do pai, ele fez bico, quase matando Alegria de tanto rir com suas caretas. Mili passou batom em qualquer parte do rosto menos nos lábios dele.

A pequena ainda deu um jeito de prender os fios rebeldes dele em elásticos de cabelo.

Ele estava deitado no chão, sobre o tapete da casa enquanto a garota ria ao observar aquela cena tão linda. Milena que havia se distraído com uma boneca, deu chance para eles conversarem mais tranquilamente.

Ele se levantou, sentando-se ao lado de Allegra no chão, encostados ao sofá. Ela tentou se conter, mas era impossível não rir com batom até em seu dente e uma sombra azul exageradamente forte sobre suas pálpebras.

— Que foi? — Ele balançou os cabelos, fazendo pose. — Não gostou?

— Não dá para te levar a sério com batom no dente. — Gargalhou.

— Essa coisa tem um gosto horrível. — Disse, passando uma mão pela boca e fazendo careta. — Não é à toa que não é de comer.

— Claro, ué. É de passar.

Ele coçou os olhos, os sentindo arder com aquela coisa terrível que estava o deixando praticamente cego. Pensaria duas vezes antes de servir como espécie de cobaia para as brincadeiras envolvendo maquiagem com a pequena Mili.

Ficaram se encarando, sorrindo bobamente um para o outro. Nic fechou um dos olhos, sentindo aquela coisa entrar lá no fundo da sua alma.

— Acho que eu estou ficando cego...

— Por quê? — Ela gargalhou, ainda o encarando.

— Cara, esse troço está entrando no fundo da minha alma! — Esfregou os olhos, fazendo com que ela gargalhasse ainda mais e o ajudasse. — Sério, como vocês conseguem colocar essas coisas?

— Eu não falo por mim. — Deu de ombros. — Odeio passar maquiagem. Para mim, um batom já é grande coisa.

Ele segurou suas mãos, voltando a se encararem novamente. Ela sorriu sem mostrar os dentes, corando.

— Você é bem diferente das outras garotas que conheço.

— Como assim? — Franziu a testa, ainda sorrindo.

— Digo, na sala onde estudo há muitas garotas que só pensam em moda, dinheiro e, bem, você sabe mais o quê... — Ele encolheu os ombros, desviando o olhar para a filha e voltando a encarar a garota a sua frente. — Mas você, Allegra, não se importa com isso. Você é uma garota diferente, única... Parece que tudo faz sentido quando você está perto, sabe? Você não se importa em ser você mesma...

Alegria sentiu suas bochechas entrarem em chamas com aquelas palavras tão cheias de significado. Ele acariciou seu rosto.

— Gostaria de ter sido alguém melhor antes para você...

— Tudo bem, Nic. — Ela deu de ombros. — Eu já superei aquilo... Ficou no passado.

— Eu... — Ele fechou os olhos, encarando aquelas safiras logo em seguida. — Eu sinto muito mesmo. Por tudo.

Sorria Alegria! |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora