Capítulo 30

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Linda do jeito que é
Da cabeça ao pé
Do jeitinho que for
(Coisa Linda, Tiago Iorc)

Embora Allegra ainda estivesse um pouco constrangida por estar em meio a pessoas que nem conhecia direito, ela se sentia bem por estar acompanhada daquele que era bem diferente do que quando criança. Nicolau a havia convidado para um jantar simples em família.

Desde aquele dia em que o garoto acabou com mingau na cara, os dois decidiram que aquilo meio que já era um "namoro". Ambos se gostavam, mas não davam um passo adiante! E depois de conversarem, finalmente se decidiram.

Allegra não poderia estar mais feliz por aquilo. Ela mal conseguia acreditar que mesmo após aqueles dias sombrios, que se seguiram logo depois daquela tragédia que custara a vida de seu avô, ela ainda poderia sorrir tanto.

Todos riam e conversavam de forma tão animada que ela não podia se sentir de outro jeito.

Nicolau virou o rosto em sua direção, sorrindo bobo ao vê-la tão mais bela sorrindo.

- Fiquei com medo de você não querer vir.

- Eu confesso que aceitei de primeira, mas há poucos minutos de ficar pronta que quase tive um troço. - Deu de ombros, encarando-o. - Fico nervosa em conhecer gente nova, Nic.

- Isso se aplica a mim também?

- Tecnicamente eu já te conhecia. - Ele arqueou uma sobrancelha.

- Mas você não se lembrava.

- Mas eu já conhecia, ué. - Sorriu amarelo. - Isso vale.

- Hum... - Ela deu uma cotovelada de leve nele, o fazendo segurar o riso.

- Vale sim!

Nicolau levantou-se, fazendo um gesto para que a garota o seguisse. O resto das poucas pessoas nem se importaram com o fato de os dois terem se retirado da singela sala de jantar em direção aos fundos da casa. Era um ambiente aconchegante, coberto por uma grama bem cuidada e uma piscina pequena. O vento frio da noite os abraçava forte sem se importar em larga-los.

- Que lugar lindo. - Ela murmurou, encantada com aquela perfeição no possível da realidade. - Sua mãe tem um ótimo gosto.

- Não fala isso a ela. - Sorriu, pondo as mãos no bolso.

- Por quê?

Ele virou-se completamente para Allegra, segurando uma de suas mãos.

- Acredite, ela não vai parar de falar o quanto tem bom gosto. Digamos que minha mãe leva os elogios muito a sério.

- Ah, entendi. - Riu sem mostrar os dentes. Seus olhos batalhavam em prestar atenção ao jardim onde estavam ou em Nic a sua frente. - Eu gosto...

Ele arqueou as sobrancelhas, totalmente confuso com o que exatamente a garota falava.

O cheiro de grama misturado ao da água da piscina foi algo que os embalou num clima agradável. E mesmo sem saber do que estavam falando, ambos se uniram num abraço frouxo. Um abraço que não se importa com o tempo de duração ou se é sufocante demais. Era apenas um abraço, daqueles que só quer que duas pessoas se aproximem para compartilharem da mesma tranquilidade, calmaria e sintam o calor uma da outra. Continuaram se encarando, apaixonados.

- Do que a gente estava falando?

- Eu sei lá. - Nic deu de ombros, rindo. - Tudo estava fazendo sentido aí você falou que gostava de algo. Mas fiquei em dúvida se era em relação ao jardim ou de qualquer outra coisa. - Allegra arqueou as sobrancelhas, incrédula. - E a propósito, sou um péssimo mentiroso.

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