Capítulo 15

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  Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim, ficar
Subentendido  

(Apenas mais uma de amor, Lulu Santos)

Os cantos dos pássaros não tinham o mesmo efeito sobre ela naquele lugar. O cemitério era algo sombrio mesmo nos dias mais radiantes. Mesmo as mais belas flores se tornavam infelizes num ambiente como aquele onde a garota de cabelos cor de terra molhada estava.

Allegra parou em frente ao túmulo onde seus pais descansavam desde que aquele terrível acidente de carro tirou a vida de ambos. O dia treze tinha um significado muito maior do que só o aniversário dela. Aquela data significava que as pessoas que mesmo com todos aqueles defeitos, e que ela amava, a deixaram.

Depositou duas rosas de plástico que comprara antes de ir. Com um certo esforço, sentou-se em cima da sepultura e passou a encarar as pequenas fotografias deles.

Uma mulher esbelta, cabelos claros e olhos azulados. Um batom vermelho nos lábios grossos e um sorriso discreto. Apenas trinta e dois anos.

Ao lado, um homem barbudo, cabelos escuros e bagunçados. Óculos caindo sobre o nariz avantajado. Um olhar que transmitia o que seus lábios não costumavam fazer: sorrir. Falecera com pouco mais de quarenta anos...

Martina e Omar: um casal apaixonado, mas com uma grande incompetência no papel que deviam exercer tão bem...

Suspirou pesadamente, voltando sua atenção para as pessoas que visitavam seus parentes naquela tarde de domingo.

Uma semana desde a última vez que se falara com seu melhor amigo. Se é que eles ainda eram.

Balançou os pés, os fitando como se aquilo fosse algo interessante. Como se seus tênis floridos fossem criar vida e virar um jardim cheio de rosas azuis, rosas, laranjas...

Virou em direção a pessoa que se sentara ao seu lado e que parecia compartilhar da mesma visão de seus pés balançando. Os raios de sol fizeram os fios dourados do garoto ficarem tão claros quanto realmente eram.

— Se eu falar com você, eu vou receber uma patada daquelas? — Franziu as sobrancelhas louras.

— Olha, depende... — Sorriu. — Eu vou receber o mesmo?

Os sorrisos foram o bastante para que eles, silenciosamente, fizessem as pazes. Afonso tomou a mão da garota e a apertou como sempre faziam quando se sentiam bem ou não. Geralmente, em momentos especiais ou dolorosos.

— Desculpe. — Ele suspirou, fitando suas mãos entrelaçadas.

— Eu também peço desculpas. — Ela fez o mesmo.

Allegra aproximou-se do seu melhor amigo. Um sorriso brotou em seus lábios com a aproximação da garota. Alegria deitou a cabeça no ombro dele, ao passo que ele inclinou-se para ela. Ambos encararam o que quer que houvesse de interessante naquele lugar.

— Prometo que vou parar de mentir.

— Isso já é uma mentira! — Soltou um risinho, fechando os olhos ao sentir a brisa bater em seu rosto.

— Então... eu vou tentar ser o máximo verdadeiro contigo e com todo mundo.

— Assim parece mais verdadeiro. E possível.

Afonso apertou o abraço como se aquilo fosse a confirmação que ele iria cumprir com sua palavra. Ele queria mais que nunca cumprir com o que prometera, mas tinha medo de decepciona-la por estar escondendo outra coisa...

 Ele queria mais que nunca cumprir com o que prometera, mas tinha medo de decepciona-la por estar escondendo outra coisa

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