Capítulo 11

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O seu coração doía. Ela nunca achou que uma mentira de seu melhor amigo pudesse lhe machucar tanto. Ela não sabia que o fato de Nicolau ter omitido aquilo, embora algumas coisas fossem bobas aos olhos de alguns, a feririam tanto.

Voltou a observar o contato de Nic com um ódio batalhando em seu coração com um sentimento que não queria ir embora. Talvez ainda fosse muito cedo para dizer que era amor, mas era algo um pouco parecido... Era um simples gostar que a fazia por vezes perder o ar.

Ela não sabia que gostava tanto dele assim...

Respirou fundo, bloqueando o celular ao se dirigir a sua escrivaninha. Ligou o computador não se importando se Afonso estava ligando incansavelmente para o telefone da casa ou se Nic resolvesse mandar mensagens a convidando para sair novamente.

Ela só queria ficar só. Sozinha apenas com a sua presença, o seu respirar cansado, a sua tristeza.

Allegra abriu os cadernos na esperança de que com esse feito pudesse esquecer o que estava acontecendo. Quem dera isso fosse o bastante! Mas à medida que a jovem relia os textos e suas anotações, lembrava-se do que seu amigo falara sobre Nic, de ambos não terem contado a verdade...

Bufou, esfregando o rosto com as mãos. Fitou, quase que escondido na estante, um álbum de família. Limpou o canto dos olhos, arrastando-se até pega-lo.

A primeira foto era dela mesma. Um bebê pequeno e rechonchudo. Uma criança adorável... Na fotografia ao lado seus avós comemoravam com ela o aniversário de um ano. Apenas os três.

Allegra sentiu uma nostalgia invadi-la sem ao menos pedir licença ao ver aquelas memórias. A cada página virada mais emoção tomava conta de seu coração já tão ferido... Ela respirou fundo, mas a cada imagem sem a presença de seus pais, ela não conseguiu segurar mais as lágrimas.

Por que eu ainda choro? Era o que ela repetia para si mesma enquanto sentia o gosto salgado das lágrimas. Talvez ela nunca fosse parar de sentir algo por eles porque Alegria os amava. Os amava apesar de tudo.

Seus sentimentos estavam misturados. E Allegra sabia a mistura horrível de saudade, tristeza, abandono, traição e dor que eram...

A garota deixou o livro na cama ao lado de seu corpo, o fitando. Ela fechou os olhos e soluçou forte, tão forte que sentia seu estômago doer, mas mesmo assim não os conteu.

— Por que? — Murmurou com a voz trêmula. — Eu... eu só queria saber por que isso acontece comigo... Já não basta os meus pais, agora quando eu gosto de alguém, por que ele tem que ser o cara errado? Por que ele é uma pessoa ruim?

Apesar de ter ouvido as duras palavras de Afonso, ela não queria — ou até não conseguia, de fato — acreditar que Nic fora uma pessoa tão ruim. Se aquilo fosse mentira ou um equívoco de seu amigo, Allegra iria se sentir bem melhor.

Alegria deitou-se na cama, abraçando o travesseiro e fechando os olhos com força. Seu maior desejo era de que tudo aquilo fosse um sonho, mas aquele sonho nunca iria acabar. Aquele sonho só acabaria quando seus olhos se fechassem para sempre, mas ela não queria dormir para sempre. Ela só queria esquecer aquele pesadelo...

Seus soluços de dor poderiam ser ouvidos da sala de estar. E foi o que levou seu avô a aproximar-se do quarto da neta com certa preocupação. Sua preocupação ficou ainda maior quando a encontrou encolhida e chorando como uma criança perdida...

— Allegra, o que foi? — Seu João sentou-se na beirada da cama, acariciando o pé da netinha. — O que foi, minha querida?

Ela balançou a cabeça, fechando os olhos com mais força. Ele ajoelhou diante da garota em prantos, acariciando seus cabelos. Alegria levantou-se e seu João ficou ao lado dela.

— O que foi? Por que você está chorando, Allegrinha?

— Eu... — Engoliu em seco. Talvez fosse um tanto constrangedor falar de amor com seus avós. Mas falar de seus pais não era tão vergonhoso assim... — Eu não sei.

— Alguma coisa tem. — Ele beijou o topo de sua cabeça. — Você está estranha desde que chegou... O que foi que aquele sem noção fez?

Ver o avô insinuando discutir com Afonso a fez sorrir. Ela limpou as lágrimas que ainda insistiam em cair, fitando o senhor que junto com a avó fizeram o verdadeiro papel de pais.

— Ele mentiu. Muito. — Falou por fim. — Mas a verdade que ele contou hoje foi a pior coisa que ouvi.

— E o que foi?

Allegra corou. Segurou as mãos calejadas dele entre as suas, sem conseguir fita-lo nos olhos um segundo sequer.

— Vovô, acho que isso é um pouco... — Mordeu os lábios.

— Ah, sim! — Sorriu. Seu João recolheu uma mão, logo a colocando atrás das costas da neta, como um gesto para reconforta-la. Beijou mais uma vez o topo de sua cabeça. — Eu tenho que me preocupar com isso?

— Não.

— A sua vó tem?

— Não. — Sorriu fraquinho.

— Então, acho que vou trazer aquele leite quentinho que você gosta, viu?

Alegria desvencilhou-se, fitando o seu pai. Um abraço foi a resposta que ela deu aquela pergunta, mesmo o gesto sendo para a companhia que recebera naquele momento tão confuso.


##

Muito fofo a relação de avô e neta, não? 

O capítulo foi meio... hum... Não sei não...

Enfim, acho que o #TeamAfonso deve estar soltando fogos de artifício com o rumo que as coisas estão indo em relação ao Nic. E alguns devem estar querendo me matar por causa do Afonso e do Nic, certo?

Fiquem com essa parte de uma conversa que me fez ver o quanto sou má... 

 

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NÃO SOU CAPAZ DE OPINAR!

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TCHAU!

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