Capítulo 40

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Saio por aí juntando flor por flor
Só pra te mostrar
O que a vida fez com todo o amor
Só pra ti, só pra ti, só pra ti
(Cataflor, Tiago Iorc)

Allegra não sabia como as coisas seriam dali para frente. Fazia quase uma semana desde o último encontro deles. E uma semana que eles não se falavam...

Ela estava arrasada! O fato de eles estarem separados, ou evitando um ao outro, a deixava com medo. A garota não queria ficar longe de seu maior confidente, mas também não queria ficar perto de alguém que tinha o coração partido todos os dias por ela. Doía muito para Allegra.

Suspirou, encarando os clientes da padaria fazerem suas coisas rotineiras.

Estava como um robô: embalava as compras, cortava os pedaços de bolos e separava os pães em sacos de papéis, e conferia a quantia que recebia sem esboçar nenhum sorriso ou sorrir um "bom dia" como sempre fazia... Ao contrário, ela apenas fazia o seu trabalho sem esboçar nenhuma reação e sempre o mais rápido que podia.

Quando bateu o fim do horário de funcionamento — mais ou menos umas onze e meia —, ela fechou as portas da Amor Doce — como era conhecida a padaria pelos moradores da região.

A menina já estava pronta para ajudar a avó no almoço, mas a figura de Nic ganhou o campo de sua visão. Ela sentiu o coração saltar de repente, mas conseguiu se conter.

— Oi, Allegra... — Ele acenou, tímido, ao se aproximar da calçada. Parou, tomando uma distância apropriada e encarando-a nos olhos cor de mar.

— Oi, Nic. — Ela mordeu os lábios, desviando o olhar por um segundo.

— Eu só queria te desejar um... — Mordeu os lábios.

— Não precisa. — Cruzou os braços, o encarando.

Ele engoliu em seco, sentindo o coração comprimir mais uma vez. Allegra suspirou, colocando o molho de chaves no bolso, fitando os pés.

— Eu também queria pedir desculpas. — Mordeu o lábio inferior. — Por ter terminado. — Justificou.

— Tudo bem. — Ela deu de ombros, fazendo pouco caso. — Isso já passou.

Seus olhares se cruzaram e ele pôde sentir um nó em sua garganta se formar quando ouviu aquilo e viu aquele rosto angelical esboçar um sorriso forçado que nem chegava aos olhos.

— Eu também queria te ver. — Confessou.

A menina ficou em silêncio, sem conseguir pensar em mais nada. Apenas balançou a cabeça, dando um passo atrás do outro, mas foi impedida por uma mão em seu ombro posta de forma delicada que a fez encara-lo.

— Obrigada por ter me perdoado, Allegra. — Nic murmurou, com a voz levemente embargada.

Ela concordou com a cabeça, sentindo o coração acelerar mais uma vez por estarem tão próximos. Ela queria beija-lo, mas não podia. Ele queria voltar atrás, mas não tinha como. E Afonso queria ter passado ali em qualquer horário do mundo, menos aquele em que seus olhos estavam vendo a garota dos seus sonhos quase beijar o cara dos seus piores pesadelos.

Allegra desviou o olhar e quando os pousou sobre o amigo, sentiu-se ainda mais culpada.

— Afonso...

— Não, tudo bem. — Ele tentou sorrir, mas apenas ganhou tempo para segurar as lágrimas. — Você não precisa dar satisfações da sua vida para mim, Alegria. — Ele encarou Nic, com os olhos cheios de raiva. — Eu só acho que você deveria parar de ser um babaca e deixar ela em paz. Se você é louco o bastante para não querer ficar com a Allegra, então não a procure mais. Para de ficar machucando alguém que não merece, cara.

Sorria Alegria! |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora