Capítulo 27

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Tu é trevo de quatro folhas
É manhã de Domingo à toa Conversa rara e boa
Pedaço de sonho que faz meu querer acordar
Pra vida
Ai ai ai
(Trevo, ANAVITÓRIA)


Ela amava muito aquilo.

E ele também.

Os dois caminhavam tranquilamente pela rua onde Allegra morava. Pararam em frente a casa de fachada simples, despreocupados do mundo.

— Como está a sua faculdade? — Allegra sorriu, o fitando nos olhos.

— Muito bem. — Pôs as mãos nos bolsos. — Às vezes você quer desaparecer com o curso, mas tudo bem.

— Tomara que eu não sinta isso pelo o que pretendo ingressar.

— Eu torço por você. — Ajeitou os óculos. — Mas pelo menos, algum dia, qualquer universitário sente isso.

Um silêncio veio acompanhado de uma neblina fraca que não tardou em se intensificar. Um vento forte misturado as gotas fez Alegria rir com aquela surpresa. Ela até cambaleou um pouco por conta desse incidente.

— Meu Deus, que vento! — Falou entre risos ao ser segurada por Nic. — Obrigada.

— Ih, parece que vai vir uma chuva daquelas.

Ele falou, a ajudando a erguer-se novamente. Ambos fitaram o céu que de repente ficou tão acinzentado.

— Eu acho que eu já vou indo, Allegra. — Nic murmurou, passando uma mão pelo cabelo.

— Mas já?

— Não estou muito a fim de me molhar.

A garota fez bico. Ele sorriu. Um sorriso preguiçoso, cheio de significado.

— É só uma chuvinha à toa, Nic. — Brincou com suas mãos ainda entrelaçadas, que só naquele momento percebeu.

— Ah, Allegra, você sabe como é. — Deu de ombros. — Eu tenho que fazer ainda um monte de coisa. E a chuva vai ficar pior...

— Você não é de açúcar! — Cruzou os braços, fazendo cena.

Nicolau suspirou, desviando o olhar. Mordeu os lábios, franzindo a testa. Ela sorriu, logo se vendo aproximar-se dele e tirar alguns fios que caiam sobre seus olhos castanhos. Nic a fitou no mesmo instante.

— Você fica engraçadinho irritado. — Sorriu, voltando a abraçar a si mesma.

— Hum, é mesmo? — Arqueou uma sobrancelha.

— Fica.

— Defina engraçadinho.

— Bem — deu de ombros —, acho que algo fofinho.

— Oh, Deus. — Ele riu, ajeitando os óculos que escorregavam pelo nariz. — Nós estamos começando a parecer aqueles casais de filmes adolescentes.

— Ah, qual é! — Corou, encostando o calcanhar no chão e balançando o pé. — Eu amo esses filmes.

— Quem gostava era minha irmã.

Ele ficou pensativo, olhando os pés por alguns segundos. Dessa vez não apenas o silêncio os acompanhou, mas a chuva que havia finalmente — ou infelizmente — se mostrado mais presente.

— Bem, acho que agora é a minha hora, linda. — Ele sorriu sem mostrar os dentes.

— Tudo bem. — Ela suspirou, sorrindo fraco logo em seguida. Inclinou-se um pouco, o abraçando casualmente. — Me manda uma mensagem ou liga quando chegar.

Sorria Alegria! |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora