| FICÇÃO ADOLESCENTE | L |
__________________
"É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido"
Era Uma Vez, Kell Smith
Allegra Martins é uma garota tão peculiar quanto o...
Um bolo não deve ser tão difícil de fazer, certo? Era o que a garota pensava antes de pôr literalmente a mão na massa. Allegra não sabia que era tão ruim na cozinha assim...
Leu a receita pelo o que parecia ser a milésima vez desde que pensara em um jeito de pedir desculpas a seu melhor amigo. Se o bolo realmente ficasse bom, ela acreditaria que as desculpas seriam completas.
Allegra murmurava uma canção enquanto remexia a massa dentro do recipiente de vidro. Seus braços já estavam de certa forma doloridos pelo movimento de bater a massa...
Agradeceu mentalmente quando deu o ponto certo e se apressou em pôr tudo dentro de uma forma para aquecer no forno.
Fitou o pequeno celular enquanto esperava. Havia alguns milhares de notificações, mas não havia mais nada de seu amigo. Talvez Afonso não estivesse mais a fim de ser encarado como alguém que tinha certos problemas com a verdade aos olhos dela.
Mordeu os lábios assim que se preparou para enfeitar a sobremesa. Todo o se carinho foi derramado enquanto com cuidado despeja uma chuva de granulados coloridos em cima do bolo. Se aparência contasse mais do que sabor...
— O que você está fazendo, minha filha? — Seu João sorriu ao se aproximar da garota.
— Um bolo?
— Sim, estou percebendo. Mas qual o motivo? Você geralmente só gosta de prova-lo e passa correndo quando sua avó os fazem...
— Ah, vô, sabe como é, né? — Deu de ombros, sorrindo ao sentir seu rosto esquentar. — Eu queria tentar fazer alguma coisa...
— Sei.
— Eu também vou tirar o pedaço de vocês.
— E para quem é? — Arqueou uma sobrancelha se divertindo ao ver o rosto da netinha ficar ruborizado.
— Para o Fonso... — Murmurou o apelido que há muito tempo não dizia. — Ele merece um agradecimento por ter dito a verdade uma vez na vida.
— Aham.
— Pronto! — Sorriu, limpando as mãos no pano de prato e encarando sua obra de arte.
Seu João deu um sorriso de canto como se deduzisse que ali tinha coisa. E ele tinha uma certa pena por só ela não perceber. O senhor pôs as mãos nos bolsos enquanto via a neta tão alegre.
— Ficou bonito. — Ele disse ao receber um olhar da garota como se pedisse aprovação. — Eu quero um pedaço, viu?
— Já está aqui.
Fechou o recipiente de plástico e logo despediu-se de seu avô com um gesto que apenas consistia em ele beija-lhe o topo da cabeça ou cheirar os cabelos bagunçados da neta.
— Tchau, vô.
— Tchau.
Saiu saltitante de casa. O relógio marcava umas sete horas da noite. E ela não podia estar mais ansiosa para encontrar com ele.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.