Capítulo 32

216 30 7
                                    

Era primeiro de dezembro quando Allegra acordou naquele dia. Ela não viu neve caindo pela janela como sempre via nos filmes. Também não viu se sua cartinha de Natal já havia sido entregue ao Papai Noel. E muito menos ficou esperando a chegada do bom velhinho. Ela já havia passado dessa fase há muito tempo e tinha saudade de quando tudo era de certa forma melhor, menos doloroso.

A garota acordou naquele dia com uma chuvinha fraca caindo do céu. Também viu sua avó andar pela casa procurando pela árvore de natal mais que velhinha e pelos enfeites para a decoração — sempre passassem os Natais com a família de Afonso. Mas além de todas aquelas coisas que via diante de seus olhos, a falta de três a machucava. Seus pais ainda tinham um grande peso sobre seu coração, mas seu avô... Alegria não conseguia acreditar que aquele seria o primeiro Natal que as duas passariam sem o senhor.

Suspirou, sentindo o coração doer com aquela ausência que jamais iria superar. Era como havia escutado: ninguém supera a perda, as pessoas apenas aprendem a conviver com ela.

Uma mensagem de seu amigo a fez sorrir.

Afonso [09:02]:

Feliz Natal, Alegria!

Ela sorriu abertamente com aquilo. Ainda faltavam alguns dias para a data, mas ele não se importava. Desde que se conheceram, quando chegava no primeiro dia do mês, o garoto sempre mandava uma mensagem (ou ligava) desse tipo até chegar o dia 25 de dezembro. Era como se ele fizesse isso para fazê-la sorrir mais, pois sempre ficava para baixo mais naquela época do ano.

A garota mandou um feliz Natal também, enviando uma carinha sorridente. Não tão sorridente quanto gostaria de parecer.

Afonso [09:06]:

Desculpa não ligar, mas é que amanheci meio mal...

Allegra [09:06]:

Como assim, Afonso?! O que diabos aconteceu? Me conta!

Afonso [09:07]:

Bem, nada demais. Apenas amanheci praticamente sem voz e com a garganta doendo horrores.

Sério, eu estou muito ferrado.

Além de perder aquela maldita competição, ainda estou doente.

Sério, acho que alguém aí de cima me odeia...

Só pode!

Allegra [09:09]:

Hahaha

Melhoras para você, Fonso.

Está mais para pessoa lá de baixo, hein!

Os dois gargalharam. Allegra pôde sorrir alegre por um momento sem se sentir tão culpada. Bloqueou o celular quando dona Vilma parou diante da neta com uma caixa em mãos.

— Querida, a árvore não vai se montar sozinha.

Ela sorriu, ajudando a mulher com a decoração. Precisava mergulhar em memórias boas e felizes, não em feridas que custavam a cicatrizar.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Sorria Alegria! |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora