Capítulo 24

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Ela ainda não conseguia parar de pensar no encontro que tivera. Ela ainda conseguia sentir o sabor daquele beijo tão maravilhoso. Allegra não conseguia parar de sorrir ao rever a cena pelo o que parecia ser a milésima vez em sua mente.

Aquilo a fazia esquecer-se um pouco da dor que ainda gostava de se fazer presente. Mas que ela estava conseguindo conviver...

Seus dedos ágeis moviam-se sobre as teclas do celular enquanto sua mente vagava para o dia anterior.

Ela queria vê-lo. Parecia que seu sentimento para com Nic havia se mostrado mais real. Suas palavras doces a fazia flutuar...

— Com que a senhorita está falando, Allegra? — Dona Vilma sorriu, esticando o pescoço para ver a pequena tela do aparelho.

— Com um amigo. — Corou, bloqueando a tela.

— Sei...

Ela seguiu a senhora até a cozinha. A ajudou com algumas sacolas de supermercado. Ambas sorriram fraco, fitando a cadeira na ponta da mesa simples.

Allegra, por um segundo rápido, conseguiu o visualizar ali, sentado e com uma xícara de café em mãos. Ou até mesmo levantando-se para ajuda-las com as compras.

Saudade. Essa palavra parecia ser a única que em todo instante pertencia ao dicionário das duas. Não só delas, mas de todos aqueles que eram próximos. Inclusive Afonso. Ele, a cada dia, sentia um pouco da dor que se recusava a ir embora.

Vilma suspirou, passando as mãos no rosto.

— Eu... eu tenho que tomar um ar.

Saiu às pressas, confusa. Perdida.

A garota deixou os ombros caírem, angustiada. Continuou a fitar a cadeira como se seu avô fosse surgir diante de seus olhos e a abraçar. Como se ele fosse contar mais alguma história da família ou fazer-lhe um leite quentinho...

Terminou de guardar o que sua avó deixara pela metade. Caminhou até o quarto, deitando-se na cama. Desabou em prantos, mesmo querendo ser forte.

Alegria não conseguia. As lágrimas eram mais poderosas e mais fortes do que ela imaginava. Muito mais fortes.

— Allegra? — Uma batida na porta e aquela voz conhecida a despertou de seu momento de afogamento. — Como... o que foi? — Afonso andou depressa em sua direção. A garota sentou-se, ainda bastante abalada com todas aquelas lembranças misturadas a saudades. Ele fez o mesmo, a encarando nos olhos. — Você ainda sente muita falta, não é?

Ela fez que sim, segurando um soluço. Em vão.

— Eu estava passando e não vi a padaria aberta. — Ele franziu a testa. — Achei que o seu encontro havia feito bem.

— Mas foi legal. — Sorriu entre lágrimas. — Foi perfeito.

— Hum. — Mordeu os lábios, derrotado. — Fico feliz que você tenha se divertido um pouco.

Ela sorriu sem jeito, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha. Afonso fitou seus movimentos com a boca entreaberta. Totalmente encantado com seu jeitinho tão próprio...

Ela o flagrou, o que fez o loiro corar de imediato. Ele engoliu em seco, desviando o olhar.

— Onde vocês foram? — Perguntou, sabendo que iria se arrepender depois. Mas talvez fosse o único jeito de a fazer se sentir melhor.

— Fomos ao circo. Aquele, lembra?

— Ah, sim. Lembro... — Sorriu. — Ainda bem que você não tem mais medo de palhaço, não é?

Sorria Alegria! |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora