A primeira semana de dezembro passou rápida, e com ela a falta de voz de seu amigo. Afonso já havia lhe enviado uma dúzia de mensagens de voz comemorando. Não demorou muito para que o menino ligasse feliz da vida, desejando agora um "feliz Natal" bem digno de sua amizade.
— Feliz Natal, Alegria! — Foi a primeira coisa que disse à Allegra assim que ela o atendeu.
— Feliz Natal, Afonso. — Ela sorriu ao finalmente ouvir a voz do amigo. — Senti saudades dessa sua voz chata, sabia?
— O quê? — Fingiu espanto. — Bem, eu não sei de que voz você está falando, mas a minha não é chata. Dona Flora fala que é voz de galã de cinema.
Ela gargalhou alto, pondo a mão na boca logo em seguida ao notar sua avó lhe lançar um olhar espantado. Murmurou um "desculpe" baixinho ainda rindo.
— Eita, que foi?
— Você se achando aí!
— Você me ama, Alegria.
— Amo nada!
— Ah, eu sei que você me ama sim... — Apesar de estar falando aquilo meio na brincadeira, aquilo era verdade por completo. Só ela não percebia, mas ele sabia que o que eles tinham era um amor tão verdadeiro que às vezes chegava a ser irreal. Sentiu o coração se aquecer ao imagina-la do outro lado da linha, rindo feito uma criança. — Então, Alegria, eu estava pensando...
— Em que?
— A gente não, sei lá, poderia ir naquela lanchonete?
— Er... — Ela fez careta. — Acho que não seria uma boa ideia...
— Por que?
— Bem, da última vez que fomos você quase teve um ataque porque...
— Ei, ei! — Ele sorriu. — Aquilo não foi ataque.
— Ah, foi sim.
— Você teria reagido do mesmo jeito ao ver um fio de cabelo na pizza.
Ela fez careta, tentando esconder outra gargalhada. Afonso tentou mais uma vez convence-la de que deviam ir a aquela bendita lanchonete. Até prometera que se o incidente se repetisse não iria dar um chilique novamente, mas ela sempre dizia a mesma coisa:
— Não, Afonso.
— Mas por que?
— Porque... bem, eu sei que a cena se repetiria novamente.
— Argh! — Bufou. — Bom, então o que a gente faz hoje? Vamos lá, hoje é quarta!
— Eita, é só mais um dia na semana.
— Allegraaaaa! — Choramingou.
— Você não faz muito o tipo que...
— Truuuuu...
Allegra franziu a testa, caindo na gargalhada logo em seguida. Ela não conseguia acreditar no que seus ouvidos haviam escutado. Entre risos, conseguiu perguntar ao amigo que continuava fazendo aquele som estranho com a boca.
— Afonso... — Franziu a testa, rindo. — Você está ronronando?
Ele gargalhou, voltando a perturba-la.
— Por favooooor...
— Não. — Ele fez o barulho estranho novamente, fazendo-a rir mais uma vez. — Você não é o tipo de pessoa que, bem, fica choramingando por companhia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sorria Alegria! |✔
Teen Fiction| FICÇÃO ADOLESCENTE | L | __________________ "É que a gente quer crescer E quando cresce quer voltar do início Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido" Era Uma Vez, Kell Smith Allegra Martins é uma garota tão peculiar quanto o...