SOZINHA

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-Katherine Jackson

Como dói, minha alma parece se rasgar... Aquelas palavras, não fazia sentido porem os fatos mostravam que realmente havíamos chegado ao fim.
Aceitar era o pior, tentar esconder também. A noite caia o dia raiava e nada de mudar, a semana corria e os dias voavam, nada diminuía. Nada e ninguém aliviavam o peso, era como se algo houvesse sido arrancado.
Tudo caminhava para a ruína, com o passar dos dias o bullying no colégio esfriou porem de centro das atenções passei a ser um fantasma, ignorada por completo, ninguém alem de Allan dirigia a palavra a mim, e quanto a ele... Era difícil confiar, colegas era o resumo entre nós.
Rick ainda estava estranho, Robert tentava se aproximar porem não era fácil vê-lo como pai, Débora estava ocupada de mais com o namoro para entender minhas crises...
Bebidas, cigarros e lâminas complementavam os meus dias, semanas e o inicio de meses.
Diante da janela do meu quarto, no terraço do colégio, deitada em baixo de uma árvore sempre acompanhada pelo vazio. Caminhar pelas ruas lembrando de cada decepção, cada palavra mal dita, cada gesto, amores, ilusão... Cada novo passo era a chance de acabar com tudo, um passo e minha mente desejava por um carro descontrolado, ou uma ponte, os trilhos de um trem... Qualquer coisa, minha morte vinha de dentro para fora muito pior do que antes, desta vez o controle não me pertencia... E isso me destruia.
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(quatro meses depois de New York)
Sabado, 09:30 AM

Sozinha em casa, desfrutando do silêncio e do excesso de sono. Sem flashes de memória ou lágrimas, apenas o silencio e eu.
As horas passavam, e meu corpo continuava ali, imóvel. Comer se tornava algo difícil, meu estômago simplesmente rejeitava, bem, acho que isso se deve as palavras sobre minha aparência ditas no colégio, hoje não consigo deixá-las de lado todas as vezes que olho para o espelho vozes gritam em minha mente e eu vejo exatamente tudo o que meus olhos antes não se deixavam acreditar. Meu controle parece ter desaparecido não controlo mais as lâminas, elas ditam as regras e eu as sigo, ridiculamente patética. Meu mundo está preto e branco, as paredes desmoronam... Nem se quer o falso sorriso consigo expor em meus lábios, fingir nunca foi tão difícil quanto nesses últimos dias.

A campainha tocou me fazendo afundar a cabeça no travesseiro, tentei rejeitá-la porem a visita parecia não querer ir embora.
Respirei fundo, troquei de roupa e tentei disfarçar minha expressão deprimida, me olhei por um mísero segundo no espelho e senti nada menos que nojo, uma lágrima tentou se formar porem outra vez a campainha soou, me tirou daquele transe e me fez engolir aquele sentimento horrendo.
Caminhei até a porta e quando abri a mesma meu coração saltou, um buquê de rosas vermelhas e um sorriso de ponta a ponta, Rick.

------- Bom dia! - iniciou porem nem palavras para respondê-lo eu tinha. Um beijo em meu rosto e então seu sorriso outra vez - Feliz três meses de namoro! - totalmente sem noção do tempo e um sorriso para disfarçar a situação.
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------- Jantar hoje? - após alguns minutos voltei ao normal, olhei ao redor e a porta já estava fechada, Rick sentado ao meu lado no sofá e as rosas em um jarro em cima da mesinha de centro. Perdi a noção e o sentido do que acabará de fazer.
------- Oi? - voltei a me concentrar nele - Ah... - disfarcei - Claro.
-------- Ótimo, te pego as sete... - levantou.
-------- Tudo bem... - levantei também - Aonde vai? - fiquei confusa.
-------- Tenho que voltar para a academia... - sorriu.
-------- Ah, a academia... - o sorriso de Negan desapareceu.
-------- Amor... - se aproximou - Eu preciso... Mas, hoje... Vai ser inesquecível, tudo bem? - alisou o meu rosto - Vou te levar a um restaurante magnífico e depois, depois é surpresa... - beijou meus lábios - Eu te amo! - sorriu e se afastou, abriu a porta e saiu me deixando no vazio outra vez.
Olhei para aquelas rosas e meu coração apertou. Três meses com Rick e eu me sentia do mesmo jeito, sem vida. A culpa não estava nele, Negan era um namorado incrível mas as peças não se encaixavam, o mundo em si parecia diminuir e eu começava a sentir a escuridão, estava presa em uma caixa que aos poucos me fazia perder o ar.
As horas passaram, sozinha e de frente para o espelho me auto condenado. Que tipo de monstro era aquele? Era a pergunta que rondava em minha mente.
Roupas no chão, nenhuma boa o suficiente... Aquela noite era especial para Rick eu simplesmente não podia estragá-la.
Quase sete horas, minhas esperanças iam ao chão assim como o meu corpo aos pés da cama, mãos nos joelhos e cabeça entre eles. Algo me fez olhar para os pulsos, aquelas marcas eram mais do que visíveis, precisava escondê-las. Levantei e voltei a busca pelas roupas, lembrei de alguns conselhos de Débora e acabei ficando razoável. Um toque aqui outro ali, tudo para esconder o poço de horror que vivia em mim.
Outra olhada para o espelho, uma voltinha, mãos para cima para checar se os cortes podiam ser visto e então um pequeno sorriso. Tudo seria perfeito, eu apenas precisava sorrir e fazê-lo sorrir também.
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> uma suicida e seu psicopata < CONTINUAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora