UM PEQUENO NOBEL

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-Adam Nobel

   Dois dias e então Tayler já estava em casa, não exatamente a casa que ele moraria mas um lugar provisório até tudo se acertar.
  Ana tentava dar o melhor de sí, ficava dia e noite com a criança estava esgotada e eu não era tolo a ponto de julgar todas as reclamações que ela me fazia. Dormir e acordar com o choro de um recém nascido era nada menos que irritantemente assustador, ainda mais para pais como nós.
   Quase três dias e então um pequeno momento de paz, um pequeno instante para sentir o ar circulando em nosso corpo.

--------- Adam? - voltei para a realidade e Ana estava na porta do próprio quarto, olhar cansado, totalmente diferente da patricinha de meses atrás - Vou tomar um banho antes que o Tayler acorde, pode olhá-lo enquanto isso?
-------- Sem problemas! - tentei sorrir, porem não fui correspondido. Ana apenas entrou outra vez no quarto, minutos depois a porta do banheiro se fechou.
  Levantei do sofá esticando os ossos, caminhei até o quarto onde eles agora dormiam e chequei se o pequeno Nobel estava confortável, um pequeno serzinho que me fez sorrir.

"------ Droga!" - um murmuro de Cavalliery me fez olhar para a porta do banheiro, a mesma não  estava totalmente fechada. Acabei tento visão de certos movimentos de Ana, algo que me fez levantar de perto do berço e caminhar em sua direção. Lentamente abri a porta acabando por me deparar com a bela patricinha sentada no chão do box, com as mãos envolvidas no joelho, parecia chorar. Nem se quer percebeu minha aproximação.

-------- Ana? - imediatamente seus olhos se voltaram para mim, logo após para a porta aberta poucos metros atrás.
-------- Como entrou aqui? - agarrou a toalha e levantou do chão - Adam, o Tayler! - tentou desviar a cena.
-------- A porta estava aberta e... Você está bem? - perguntei a olhando fixamente.
-------- Estou! - deu um passo a frente tentando passar por mim - Vou olhar o bebe... - antes que passasse por mim a segurei pelo braço, parando-a de forma imediata.
-------- Ele está dormindo... - a voltei para tras - O que está acontecendo..? - perguntei outra vez, agora de forma mais seria.
-------- Nada, eu... - se calou, respirou fundo e tentou desviar o olhar - Não é nada Adam...
-------- Voce pode enganar o mundo todo, mas a mim não. O que está acontecendo Ana? É o Tayler? Eu? Esse lugar? Alguma marca de roupa? O que está te deixando assim?
-------- Tudo! - se soltou - Isso tudo é um saco, parece um pesadelo infindável! Nossas famílias estão indo ao fundo do poço, Thomas a solta e Tayler que não se cala por um mísero segundo! - no mesmo instante um pequeno choro invadiu o ambiente, de volta ao inicio - Ah droga! - resmungou tentando passar por mim outra vez, novamente barrada - Saia da minha frente! Ele deve estar com a fralda cheia. 
-------- Ei... Calma! - a fiz me olhar - Eu cuido do bebe, termine seu banho... - me aproximei e a beijei na testa - Demore o quanto quiser - voltei a olhá-la nos olhos - Vou acalmar ele até você terminar... Ok?
-------- Você não leva o menor jeito com crianças, Adam!
-------- Agora tenho que levar... Além disso sou Adam Nobel, o que é uma fralda suja para mim? - sorri a fazendo sorrir também. Me afastei e sai do banheiro deixando-a sozinha outra vez.
   Ser mãe em um momento como aquele não devia ser nada fácil, para aquela que vivia de vaidade não conseguir sair de perto do filho nem para beber água, devia ser pesadelo total, por mais que ele fosse o pequeno mais lindo de todo o reino sombrio de Nobel's e Cavalliery's. Ana merecia um momento de descanso, ela ainda se recuperava do tiro. Aquilo era o mínimo que eu podia fazer por eles.

-------- Tudo bem amigão... - me aproximei do berço me deparando com um imenso choro e um bebe se contorcendo - Ei... O que aconteceu? - droga, como deve se falar  com um recém nascido? - Não chora Tayler! - tentei ser gentil, porem o choro apenas aumentou - Que coisa feia, um Nobel não chora assim! - tentei ser rude, pior ainda. Abaixei e o peguei no colo, sem o menor jeito, tentando ser o mais cuidadoso possível, tentando ser pai - Sua mãe está muito cansada, sabia? - o deitei e comecei a balança-lo - Você é o pequeno Nobel, não deve chorar por besteiras... - Tayler simplesmente calou, parecia me ouvir - Bom menino... - sorri - Agora vamos ver essa fralda!
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  Como raios alguem consegue fazer isso? Talco, pomada, lenço... Ah! É apenas um bebe, por que está tão difícil?!

------- Sua mãe é um ser divino por saber fazer isso! - cochichei o fazendo rir. Um recém nascido rindo de mim? Não, serio? - E você é esperto de mais para alguns dias de vida - revirei os olhos - Acho que acabei! - olhei para ele e me deparei com um pequeno anjo adormecido. Olhei para o meu trabalho e sorri após vencer aquela guerra.

-------- Nada mal para um principiante! - olhei para tras e Ana me observava.
------- Eu disse que não era um bicho de sete cabeças... - Ana riu decifrando minha mentira.
-------- Obrigada! Posso cuidar do resto... - interrompi.
-------- Ele está dormindo, por que não assiste um pouco de tv? Sua cabeça deve estar cheia...
-------- Posso assistir daqui... - interrompi novamente.
-------- Você precisa sair desse quarto Ana... - me aproximei - Vamos assistir um filme na sala? Faço algo para você comer, me deixe te ajudar.
-------- Adam eu... - se calou - Tudo bem, ele está dormindo mesmo! - sorriu.   

   Reanimar a mãe do meu filho, quem diria que o tempo transformaria aquele garoto egoísta, esse que agora zelava pelo bem estar das pessoas que eram importantes a ele.
      
  Uma comida leve, um filme que nos afastava da realidade e um novo instante de paz. Ana acabou por adormecer, totalmente exausta e não era para menos.
  Me vi sozinho com minha mente, meus pensamentos se voltaram a Katherine em suas últimas palavras em nosso último encontro. Algo me dizia que havia coisa errada no ar, meu coração se espremia como nunca antes, apenas de imaginar o rosto da minha própria garota.
  Os dias haviam nos afastados, eu precisava restaurar a ponte que nos unia. Agarrei meu celular e disquei para ela, chamando... E chamando... Caixa postal. Outra tentativa e então Tayler anunciando que estava acordado, me obrigando a desligar o celular, deixar aquele momento para um outro.
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-------- Shiu... - balancei o berço - Hora de dormir pequeno Nobel. 

> uma suicida e seu psicopata < CONTINUAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora