I Love... You!

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-Katherine Jackson

   Fechei os olhos e o mundo se tornou escuro, pensei que tudo cessaria, me enganei.
   Pensam que suicidas querem realmente morrer, mas e se quisermos apenas matar a dor? Uma tentativa frustrada de encontrar algo melhor...

Eu tentei.

   Idas e vindas de memória, pensei ter ouvido a voz de Adam, suas mãos me levantando do chão, sua respiração ofegante, seu tom de choro... Imaginação pós morte?
   Senti a vida sair do meu corpo e então voltar, senti o ar circulando em meus pulmões, meu coração bater... Estavam me trazendo de volta?
   Tive a impressão de ouvir o choro de Sarah, palavras de conforto vindas de Débora, o silêncio de Nick... O toque de Adam, ele parecia ter se rendido, suas palavras chegaram a minha alma, sua voz invadiu o meu coração, me trouxeram de volta de corpo e alma. O inacreditável, algo que fez a vida retornar a mim, "eu te amo...", senti uma lágrima rolar quando seus lábios tocaram sutilmente os meus. Ele havia ultrapassado todas as barreiras, foi capaz de dizer o que nunca dizia à ninguém, senti sua sinceridade e abri os olhos.
   Um quarto de hospital vazio, aparelhos a minha volta. Olhei ao redor e nenhum sinal do garoto dos belos olhos, aquilo tinha sido apenas um sonho? Uma peça pregada pela minha mente? A rosa em minha mão provou o contrário, uma linda rosa azul que apenas ele sabia a importância, apenas ele me dava tamanho presente.
   Arranquei todos os aparelhos que me envolviam, um alarme soou para os enfermeiros em reação ao ato, mas não dei ouvidos apenas corri para fora do quarto com a rosa em mãos. O vi no final do corredor a caminho da saída, gritei, um grito que saiu do fundo da minha alma.

-------- Adam! - seu corpo parou, lentamente se voltou para mim. Olhos surpreendidos, meu coração acelerado acompanhando as batidas do dele, seus passos em minha direção os meus ao dele, lentos e então sem poder me controlar, corri.
  Um abraço que me tirou do chão, que juntou todos os pedaços partidos em mim, sua pele em contato com a minha me mostrava o quão real aquilo era, meu rosto estava invadido por lágrimas, eu apenas queria que o tempo parasse... Que aquele momento nunca tivesse fim.

-------- Katherine... - me olhou - Ah Deus! - me abraçou novamente - Obrigado... - alisou o meu cabelo e beijou meus lábios - Sua bobona! - me olhou - Nunca mais faça isso! - voltou a me abraçar com ainda mais força - Nunca mais... - sussurrou.

   Já estávamos cercados pelos funcionários do hospital, nem se quer nos importávamos. Seus olhos estavam fixos nos meus e os meus nos dele.

-------- Foi sincero no que disse? - cochichei.
--------- Você ouviu? Eu... - se calou - Fui sincero Kat, não quero ter que passar por tudo outra vez... Não posso te perder novamente. Eu amo você... - ouvir aquilo fez uma nova lágrima descer.
------- Eu te amo Adam! - voltei a abraçá-lo.
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   Como decifrar o indecifrável? Eu simplesmente tentava achar palavras para definir tudo aquilo. Suas mãos deslizando em meu cabelo enquanto minha cabeça repousava em seu peito, sozinhos em um quarto de hospital.
   Minutos em silêncio apenas apreciando aquele momento como se o tempo não pudesse mudá-lo.
   Eu realmente queria estar morta mas nada pagava ou superava aquele momento. Eu me sentia tão segura, meu medo tinha desaparecido era como se o mundo clareasse, como se Adam fosse a chave de algo chamado liberdade.

-------- Leu o meu diário? - não contive minha boca, e olhei para ele.
-------- Não! - desviou o olhar e riu - Ok, talvez algumas páginas... Sem querer.
-------- Não se pode ler o diário dos outros, sabia?
-------- Juro que não li seus segredos obscuros... - revirou os olhos - Sou a metade podre? - voltou a me olhar, logo após sorriu.
------- Sem duvidas! - revirei os olhos e sorri - Mas é a minha metade. - olhei para nossas mãos entrelaçadas - Devia ter me deixado lá... 
-------- Eu nunca descumpriria com a minha palavra Katherine... Se sou egoísta em não te deixar ir? Eu não dou a mínima, mas enquanto eu estiver vivo lutarei por você... - levantou o meu rosto para si - Podemos enfrentar juntos... Tem que me deixar ajudar.
-------- Adam eu... - me calei - Eu amo você mas, - o que dizer? Eu realmente era um peso para ele. 
-------- Por favor! - insistiu.
-------- Você realmente deve ter batido com a cabeça... - o fiz rir.
-------- Talvez... - se aproximou tentando chegar aos meus lábios, porém a porta se abriu e ele se afastou. Olhamos para ela e Sarah nos olhava.

-------- Vou deixá-las a sós  - me soltou - Tenho certeza de que precisam conversar... - levantou,  me apressei em levantar também e segurá-lo pela mão.
-------- Adam... - o que raios eu devia fazer? Eu realmente não havia planejado aquela parte. Até porque essa parte nem se quer devia estar existindo, se meu plano não houvesse falhado.
-------- Vou estar no final do corredor - beijou minha testa - Vai ficar tudo bem... - me olhou no fundo dos olhos e então se afastou, passou por Sarah e saiu do quarto.   

-------- Mãe eu... - abaixei a cabeça na tentativa de não encara-la, ouvi seus passos até mim e seu abraço me envolvendo, suas lágrimas e o aconchego que apenas ela tinha.

-------- Querida me perdoe... - não contive minhas lágrimas e junto à ela desabei.
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  Duas horas de exames e visitas, Nobel ao meu lado em todos os momentos. Olhar para ele me fazia querer tentar, claro que a vontade de morrer não tinha simplesmente desaparecido mas... Aquele sorriso prendia toda a minha alma.
    As horas passavam, as pessoas iam e vinham, eu já não precisava de aparelhos, meu organismo estava bem e após uma limpeza todos os remédios acabaram por ser eliminados, meus cortes fechados e enfaixados, olhar para eles era como lembrar de todos aqueles últimos momentos. Eu não estava nem um pouco arrependida.

------- Se fosse morar em algum lugar... Onde seria? - desviei o olhar dos meus pulsos e fixei em Adam no outro lado da sala, sentado em uma poltrona.
-------- Canadá eu acho... Não sei, ou algum lugar com vista para o mar... - sorri.
-------- Não deve ser um lugar ruim... Acha que existem boas escolas lá? - perguntou olhado para o celular.
-------- Eu não sei... - ri - Por que está tão interessado? Quer se mudar? - recebi seu olhar em minha direção.
-------- Talvez... - levantou e caminhou até mim - Canadá..? Tem certeza disso?
-------- Parece ser um bom lugar... Meu pai - (John) - Contava histórias de quando esteve lá... Me pareceu bom.
-------- É... - sorriu - Me parece bom.
-------- No que exatamente está pensando? - o encarei.
-------- Nada... - disfarçou e tentou se afastar, porém segurei firme em seu braço o fazendo se voltar para mim novamente.
-------- Adam... - olhos fixos um no outro, realmente inesperado, acabou por desfazer as palavras em minha boca.

   Senti meu coração acelerar na medida que ele começou a se aproximar, sua mão deslizou em minha cintura, o soltei por um mísero instante então levei minhas mãos em direção a sua nuca o trazendo para ainda mais perto, lábios quase que se tocando, respiração sincronizada e então alguém batendo na porta e entrando no quarto. Adam se afastou e eu sentei na cama tentando disfarçar, outra vez Sarah quase me fazendo soltar os pulmões pela boca. Ela apenas olhou para Adam, me encarou e sorriu. 

-------- Controlem-se! - revirou os olhos - Kat esta liberada... Se sente bem?
-------- Sim! Podemos ir para casa..?
-------- Sim querida, vou apenas pegar minhas coisas e volto para te buscar... - balancei a cabeça em sinal positivo, observando outra vez a porta abrir e fechar deixando Adam e eu, sozinhos outra vez.

-------- Onde estávamos? - o olhei e bastou para que ele se aproximasse novamente. No entanto, mais uma vez barrados. Desta vez pelo celular do mesmo.
------- Droga! - se afastou e encarou a tela do aparelho - Preciso atender... - deu alguns passos para trás e atendeu a ligação.

-------- O que foi dessa vez? - silêncio - Como? Carta..? Dane-se essa carta Dona! - seu tom começou a abaixar, parecia ser algo particular - Sua filha é louca... Ai dela se tentar sumir com o Tayler! - outro momento em silêncio - Ele o que? Onde esta a Mika?! Não, ele não ficará sobre os seus cuidados! Você é tão louca quanto ela... Eu mesmo ficarei com ele! - pausa - Como? - seu riso irónico - Dane-se eu sou o pai! - me olhou, logo após virou-se novamente para a parede - Enquanto ela estiver fora eu cuido dele, estou viajando hoje! Sem mais, não irei aturar os dramas dela. Aram... Ok! Até o final da noite estarei ai. - desligou.
   Esperei alguns instantes e então decidi me pronunciar.

------- Problemas?
------- Nada importante... - disfarçou.
------- Não é o que parece...
------- Ana está fazendo drama, saiu de casa e não voltou ainda, o bebe está com a louca da mãe dela em Londres entre um amontoado de outras coisas... Querem que eu volte.
--------- Deve voltar...
--------- Kat...
--------- Seu filho deve ser sua prioridade! Já que a mãe dele não bate muito bem... - seus passos até mim.
-------- Eu volto! - alisou o meu rosto e apertou a minha mão.
-------- Acredito em você...
-------- Promete ficar bem?
-------- Se prometer ficar também... - sorri gentilmente.
     
 

> uma suicida e seu psicopata < CONTINUAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora