CAPÍTULO 1: Provocações

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— Mãe, já falei, não quero levantar. — minha mãe estava em cima de mim como todas as manhãs, tentando arrancar minha coberta.
— Eu não estou pedindo pra você levantar, eu estou ordenando, e você não tem escolha. — Ela conseguiu tirar minha coberta e a jogou no chão.
— Que droga mãe.
— Eu não vou falar mais uma vez, então levanta dessa cama agora, Vitor Júnior.

Olhei pra ela e revirei os olhos. Minha mãe nunca me chama pelo meu nome quando está feliz, na verdade ela nunca me chama pelo nome. Por um breve momento eu pensei que isso devia me preocupar.

— Só um momento. — Eu disse me espreguiçando.
— NADA DE UM MOMENTO, VAI AGORA LAVAR ESSA CARA POR QUE EU TENHO QUE TE LEVAR PRA ESCOLA. — Ela gritou e saiu batendo a porta.
— Aff esse inferno nunca vai acabar?
— Você tem cinco minutos antes que eu volte ai e bagunce a sua cara Vítor. — Escuto ela gritando da sala.

E assim meu dia começa.

Depois de vinte minutos eu já estava na sala esperando minha mãe, ela reclama de mim mas demora uma eternidade pra se arrumar. Me joguei no sofá e esperei que ela descesse as escadas com a cara fechada dizendo que a culpa de nos atrasar era minha.

— Podemos ir agora.
— Vamos dona Táis. — Falei rindo e abraçando ela.
— Dona é a senhora sua avó garoto, ainda sou muito jovem. — Falou minha mãe com uma cara fechada.
— Mãe, só estou brincando.
— Não sou seu brinquedo menino.
— Tá mãe vamos logo.

Estávamos calados dentro do carro, o que era estranho se tratando da minha mãe, ela sempre me bombardeia com muitas perguntas, algumas delas são muito constrangedoras. Mas era legal na maior parte do tempo, ela se importar comigo.

— E como vai seu trabalho meu príncipe? — Ela perguntou quebrando o silêncio, tirei a atenção do livro que estava lendo e olhei pra ela.

— Vai bem, mesmo o estúpido do Pablo estando lá.
— Ah filho, seu primo é um gato e vocês dois um dia vão casar. — Disse ela rindo.

Ela estava louca de falar isso, preferia milhões de vezes virar um tiozão a ter que ficar com Pablo.

— Depois a senhora diz que me ama!
— E amo, mas você precisa arrumar um namorado, e logo.

Minha mãe sempre soube da minha orientação sexual, nunca escondi nada dela, afinal cedo ou tarde ela ia ficar sabendo. Confio na minha mãe mais que tudo.
Meu pai nem sonhava porque se não, eu não estaria aqui, ou pelo menos é o que acredito.

— Não sei porque a senhora tocou nisso e falou de Pablo, prefiro morrer a ficar com ele mãe, que horror! — Fechei a cara. 
— Mas filho, você não pode negar que ele é lindo. — Ela estava rindo. Parece que minha mãe tirou o dia para me irritar.

Nunca parei pra olhar para Pablo ele era um grosso, sempre caçando briga comigo por tudo, meu tio cansou de separar nossas brigas.
Pablo é muito arrogante e depois que descobriu que sou gay, as coisas ficaram piores. Ele se nega a ficar perto de mim, e desde então tem feito de tudo para meu tio me demitir. Por má sorte do destino eu tive que acabar trabalhando na loja de produtos esportivos do meu tio, no mesmo tempo que Pablo havia voltado de longas ferias. Foram anos sem ver a fuça daquele abutre e ele me caiu do céu já me atacando.

— Não fico perdendo meu tempo com ele, e no final, não estou sozinho. — Eu voltei a atenção para o livro que estava nas minhas mãos.
— Como é? Você escondeu isso de mim? Eu achei que não existisse segredos entre nós, você é um péssimo filho. — Ela começou seu pequeno show dramático.
— Mãe menos. — Eu fiquei feliz por temos chegado na escola. —  Obrigado por me trazer.
— Vamos conversar mais tarde. — Ela não ia desistir até descobrir tudo. — Eu te amo bb. — Ela beijou minha buchecha.

Laços Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora